Ariana
- O que faz aqui? - Assusto-me com a voz que surgiu do nada. Sem esperar que minha amiga responda, digo que preciso desligar e bloqueio o telefone. Viro-me para trás encontrando Justin parado á poucos metros de mim.
Ele está bonito. Na verdade, ele é bonito. Porém, está mais do que o normal. Ele usa um terno preto com alguns detalhes dourados, seu cabelo está perfeitamente penteado para trás e seus olhos brilham mais do que o de costume.
- Eu não tinha nada para fazer então...- começo a me explicar, mas ele me interrompe.
- Não te falaram que era para ficar dentro do quarto?
- Não... apenas me disseram que você não me queria na festa. - dou de ombros.
- Pois então volte pra lá - manda.
- E o que eu vou ficar fazendo lá? - Cruzo os braços. - Não estou incomodando ninguém aqui.
- Ariana, eu não vou repetir. Pro seu quarto, agora. - Diz pausadamente. Ergo os braços em sinal de rendição e passo por ele ignorando o seu olhar ameaçador sobre mim. Fecho os olhos para sentir seu perfume. Caramba. -Ah, a propósito - ele diz, e eu me viro. - Me dê o celular.
Nego com a cabeça
- Já não basta ficar presa dentro daquele cubículo eu ainda tenho que te entregar meu telefone? - Altero o tom de voz. Eu deveria me calar e obedecer, certo? Não, ele não é nada meu, e já disse que não faz questão de cuidar de mim. Então, não devo fazer o que ele manda. Se bem, que a casa é dele.
- Anda logo - ele pede sem paciência.
- Não vou te entregar nada. - Cruzo os braços novamente, desafiando-o. O que particularmente foi uma ideia estúpida. Justin é bem mais alto que eu.
O poste ambulante incrivelmente bem vestido se aproxima de mim com passos confiantes, e eu preciso erguer a cabeça para enxergar seu rosto. Ele se curva chegando até o meu ouvido, e me arrepio ao sentir sua respiração tão perto de mim. Ele solta uma risada sem humor e sem que eu percebesse, toma o celular da minha mão, afastando-se em seguida.
- Minha casa, minhas regras. Não me desafie, Ariana. Você não gostaria de me ver zangado - ele ameaça - Pro seu quarto, e só saía de lá quando Rose aparecer.
Eu não acredito que esse idiota fez isso. É o cúmulo! Além de me fazer de prisioneira eu não posso mais mexer no meu celular? Bufo e volto para o meu quarto batendo a porta com toda a força que Deus me deu naquele momento. Panaca.
[...]
O dia mal amanheceu e eu já ouvia vozes vindas da cozinha. Eu demorei bastante para pegar no sono, já que pelo visto algo neste quarto faz com que minha alergia atacasse. Passei a madrugada espirrando. Tenho que dizer a Rose que preciso comprar remédios, caso contrário eu não conseguirei dormir.
Procuro meu celular no criado-mudo, e bufo assim que lembro que tomaram ele de mim. O relógio na parede indica que ainda são sete e meia da manhã. Devo estar parecendo uma zumbi, já que tive uma péssima noite de sono. Faço minhas higienes, e como o dia está nublado, calço minhas botas pretas e uma blusa de moletom amarela e um short. Como o moletom é grande, o short não fica visível. Passo o delineador e prendo meu cabelo num rabo-de-cavalo.
Por não saber se as pessoas ainda estão na cozinha ou se já saíram, espero Rose bater na porta me chamando para o café da manhã. Enquanto espero, procuro algo que eu possa ler para não ficar mais entediada do que já estou. Sem sucesso, resolvo abrir a porta e sair desse cubículo. De qualquer forma, os outros moradores daqui já sabem que estou "morando" aqui também então enquanto caminho em passos lentos até a cozinha, tento não pensar muito nisso.
Encontro Rose na porta da cozinha, que sorri assim que me vê.
- Menina Ariana! Estava indo chamá-la - sorrio de volta. - O que gostaria de comer? Os meninos nem comeram muito hoje...
Dou de ombros, seguindo-a até a mesa.
- Eu costumava comer panquecas. Bem tradicional mesmo - explico á ela.
- Ouviram, não é? A menina quer panquecas - Rose manda ao encontrar as mesmas empregadas de ontem. Ao contrário do que elas fizeram quando me viram da primeira vez, hoje nem olharam para mim.
Sento-me na bancada e observo-as cozinharem. Hora ou outra elas me encaram mas logo viram a cara. Eu costumava observar minha governanta fazer minhas panquecas enquanto cantávamos músicas natalinas, mesmo, quando não estávamos no natal. Era divertido. Principalmente quando ela queimava as panquecas.
Eu sempre gostei de cantar. Quando era pequena, participei de alguns musicais e teatros, mas quando minha madrinha acabou sofrendo um acidente enquanto dirigia para me ver eu decidi que nunca mais pisaria num teatro de isso significasse mantê-la a salvo. Minha madrinha sempre foi uma
mulher teimosa e de personalidade forte. Se ela colocasse algo na cabeça, nada nem ninguém a faria mudar de ideia. Eu gostava bastante dela. Até, ela falecer devido à idade.Perdida nos meus pensamentos, nem percebo quando uma das cozinheiras coloca o prato de panquecas do meu lado. Pego o garfo e a faca e corto um pedaço, levando até a boca. São gostosas, mas não são como as da minha governanta. Não tem aquele toque de carinho. Tiro-a dos meus pensamentos e termino as panquecas em alguns minutos. Eu não como nada desde que sai da delegacia.
- Ora, ora - assusto-me com a voz. As pessoas nessa casa adoram chegar do nada. - Se não é nossa pequena Bela.
Franzo o cenho.
- Eu sou o Chris, e este é o Ryan - ele se apresenta.
Sorrio fraco sem responder nada apertando a mão de ambos.
- Awn, ela é tímida - Chris coloca as duas mãos na bochecha.
- Pare de assustar a garota - Ryan revira os olhos. - E não faz sentido nenhum chamar a menina de Bela.
- Claro que faz! Ela é a Bela, que foi trancafiada num castelo - Chris olha para Ryan como se fosse óbvio - E o Justin é a fera que a aprisiona aqui - ele dramatiza. - Eu sou a vela, e você é o relógio - aponta para Ryan fazendo uma careta.
Ouço barulho de saltos altos e olho para a entrada vendo uma mulher loira com os braços cruzados.
- Então você resolveu sair da toca?
[...]
Nos vemos em breve ❤️
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FIX ME
FanfictionPerder meus pais tão cedo nunca esteve nos meus planos. Ir morar com um desconhecido também não estava. Eu sempre achei que meus pais não haviam segredos; mas com o passar do tempo eu percebi que estava enganada. Tudo o que eu vivi foi construído a...