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ArianaDa próxima vez que eu vir a Policial Louise, eu juro que vou dizer a ela o que vem acontecendo

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Ariana
Da próxima vez que eu vir a Policial Louise, eu juro que vou dizer a ela o que vem acontecendo. Pode parecer drama, mas não é. Não existem motivos plausíveis para que ele mantenha presa aqui. Eu pensei que ele ficaria feliz em não me ver perambulando na casa dele por grande parte do dia, mas pelo visto estou errada. Sinto que eles estão escondendo algo de mim, ou pode ser apenas paranóia já que diferente dos meus pais que me contavam o que lhes incomodavam, eles não falam nada para mim, não que eles devessem. Justin apenas me odeia e faz de tudo para me ver perder a paciência. Isso tudo não passa de diversão pra ele. Ele faz de propósito.

Estou sentada no banquinho de madeira que há no jardim perto da fonte após ter desistido de ir para a biblioteca. Encaro minhas botas enquanto ouço o barulho da água. Eu preciso descobrir lugares novos nessa casa. Tenho certeza de que há um salão de jogos escondido, ou uma sala cheia de celulares já que eles têm cara daqueles empresários que usam no mínimo dois celulares para se comunicarem com as pessoas. Minha esperança que é minha intuição esteja certa e que um dia eu ache um celular sobrando. Sei o número da minha amiga de cor, e eu só falo com ela mesmo então não tem muito problema.

- Ei, Bela - levanto a cabeça encontrando Ryan parado na minha frente. Ele é um rapaz bonito. Todos são, na verdade nunca vi tanto homem bonito numa casa só. Até mordomo, que já está entrando na terceira idade é bonito.

- Oi. - sorrio de leve, voltando a encarar meus sapatos.

- Não fique chateada. - rio incrédula mas não digo nada. - Estamos tendo alguns problemas e isso sobrecarrega o Justin. Quando resolvermos, colocamos você na escola novamente.

- Mas precisa ser tão mal educado? - reclamo. -Ele poderia no mínimo dizer "estou tendo problemas, resolvemos isso depois" mas não! Ele não precisa me dizer o que é, e nem é obrigado. Eu não fiz nada pra ele ser sem educação dessa maneira.

Ryan respira fundo e se senta ao meu lado. Nós não falamos mais nada depois desse meu pequeno discurso. Ficamos alguns minutos em silêncio quando ele atira uma pedrinha na fonte.

- Você tem muitos amigos? - fui pega de surpresa pela pergunta repentina, mas o respondo.

- Não. Na verdade, tenho apenas uma. Que neste momento, deve estar pensando que eu morri. - rio nasalado.

- Sei que nunca conversamos isso com você mas... como se sente... - Vejo que ele fica meio desconfortável, então eu o encaro, encorajando-o a continuar. -Com tudo isso que aconteceu com seus pais, como se sente?

- Oh... - fico feliz por alguém se importar embora não seja obrigação dele. - Eu me sinto vazia. Eu gostava bastante deles, embora eles quase nunca paravam em casa. Eram ocupados, mas quando tiravam um tempo pra mim...

- Continua.

- Eles trabalhavam muito. Mas eles se afastaram mesmo quando começaram a discutir. Minha mãe não ficava muito tempo em casa, quando via que meu pai também estava lá. Eu estranhei e até tentei perguntar o que aconteceu, mas eles nunca me diziam. Até que um dia...

- Um dia...? - ele me incentiva. - Desculpe, se não quiser falar... não quero ser enxerido.

- Um dia eu tentei escutar a conversa deles atrás da porta, mas meu pai me ouviu. Eles mudaram o seu comportamento completamente. Era como se eles tivessem se acertado. Até o dia do acidente.

- Você acha que foi um acidente? -assinto.

- Você não?

- Eu também. - ele faz uma pausa. - Sinto muito por tudo o que aconteceu, e se precisar desabafar... - ele diz se levantando - Você não está só, embora aparente.

Sorrio agradecida, e ele sai deixando-me sozinha novamente. É bom colocar tudo pra fora, embora eu ache que ele ficou meio incomodado com esse assunto, ou havia perguntado apenas por educação mesmo, vai ver ele nem queria saber. Ignoro estes pensamentos e decido ir para a parte esquerda da casa, já que eu nunca a havia explorado. Encontro uma área imensa com piscina e uma churrasqueira. Bom, eu não tenho roupa de banho mas acho que deve ter algo perdido por aqui que eu possa usar. Eu só preciso encontrar.

Cansada de ficar andando por aí sem rumo, com passos lentos eu volto para dentro de casa. Não encontro ninguém a não ser pelos funcionários. Decido ir até a imensa biblioteca e ler alguma coisa, mas depois de passar uns dez minutos trocando olhares com o piano, eu decidi deixar a leitura para depois.

Enquanto passo meus dedos pelas teclas do piano, começo a pensar em tudo o que aconteceu comigo nessa última semana. Não é qualquer pessoa que consegue passar por um trauma desses e fingir que nada aconteceu e que está tudo bem. Eu não finjo que nada aconteceu mas finjo que está tudo bem, finjo que isso não me afeta, finjo que já superei. Eu não deveria fazer isto, ou deveria? Quero mostrar que sou forte, mas ninguém é forte quando o assunto é perder os pais, certo?

Mas isso não significa necessariamente que eu tenha que ficar chorando pelos cantos por pessoas que não vão voltar. Eu sinto falta daqueles pais irresponsáveis que me deixavam sozinha em casa quando trabalhavam até tarde. É inevitável. São - ou eram meus pais.

Percebo que tem alguém no cômodo junto comigo, mas não consigo ver quem é por estar de costas. Porém este alguém consegue ouvir meus soluços. Mas que se dane, estou cansada de fingir que estou bem.

Quando termino de tocar a música que minha mãe sempre tocava pra mim antes de ir dormir, me viro e o espanto é nítido ao ver Justin parado me encarando. Seco minhas lágrimas e levanto-me indo até a saída, tento passar por ele sem dizer uma palavra mas, vejo-o abrir a boca para dizer algo. Nada sai. Então, continuo meu caminho até meu quarto.

[...]

Nos vemos em breve ❤️

FIX MEOnde histórias criam vida. Descubra agora