XXVII

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Ariana Grande

- Senta aqui. - peço sem encarar Justin. Fazia um bom tempo que ele estava parado na porta do meu quarto me encarando sem dizer uma palavra.

Eu sei o que ele está pensando. Ele quer saber o que eu sei; o que eu consegui ler e o que eu descobri. Bom, descobri que ele perdeu a noiva e a filha e que por isso ele se isolou do mundo dessa forma. Tenho tantas perguntas pra fazer, tantos questionamentos dominando os meus pensamentos, que a cabeça chega dói - talvez seja por conta da pancada que levei também. Porém, não farei nenhuma pergunta agora, não me interessa saber de nada nesse momento.

Só quero que ele fique aqui comigo. Não acho que seja uma boa ideia eu ficar sozinha, acho que acabei ganhando um pequeno trauma. Quero dizer, não será nem um pouco fácil esquecer a brutalidade daquelas mãos que me jogaram no espelho, eu ainda consigo sentí-las me agarrando e isso me deixa agoniada. Tendo Justin aqui, pelo menos eu sei quando é que minha mente está me pregando peças ou não. Sei que traumas assim costumam gerar algumas alucinações de vez em quando e eu não estou afim de passar por isso. Não hoje.

- Ari, eu... - ele começa, mas eu balanço lentamente a cabeça para que ele pare de falar.

- Não diz nada. Não quero saber. Uma hora você vai me contar não é? Então pra que apressar tudo. Eu só... não quero ficar sozinha. - ele assente mais aliviado. Já do meu lado, pego sua mão e a aperto. Justin retribui o gesto. - Eu ouvi o que você disse.

- Quando?

- Antes do doutor entrar. Sobre não querer me perder. - ele abaixa a cabeça visivelmente envergonhado. - Você não vai me perder tão cedo, Justin.

Ele não responde nada, apenas sorri de forma tímida. Justin agora acaricia a palma da minha mão com o dedão e escora sua cabeça na minha com cuidado para não deitar em cima dos meus cortes.

Eu queria tanto saber quem foi o responsável por me jogar lá dessa maneira. Será que... foi ele? Embora eu desacredite muito, não é algo que eu julgaria impossível. Justin já ficou estressado comigo uma vez por ter entrado lá, desta vez... ele pode ter tido uma crise maior. Mas ele se preocupou tanto, não saiu do meu lado um segundo, e está aqui deitado comigo acariciando minha mão.

Pra tirar o peso da consciência, minha mente joga a informação.

Não. Eu acredito nele. Justin não fez nada comigo, além do mais, não lembro de ter visto tatuagens nos braços que me atacaram. Se não foi ele, então... quem foi?

[...]

Quando acordei já estava escuro. Nem havia notado que dormi, ainda mais por tanto tempo. Devo ter perdido metade da tarde inteira. Culpa dos analgésicos.
Tirei a coberta de cima do meu corpo, e em passos lentos para não sentir o corpo doer eu caminhei em direção à porta. A abri lentamente para fazer o menor barulho possível.

Olhei pra o final do corredor, e a porta estava aberta. Um arrepio subiu pelo meu corpo e meu coração acelerou. Tanto por me recordar da voz, como por lembrar de ter sido agredida.
Não sei se conseguia descer as escadas por minha conta, então fui até o quarto de Morgan ver se o mesmo está acordado.
Acertei em cheio quando abri a porta e o vi mexendo no notebook.

- Hey Ari. O que faz aqui? Está melhor? - ele fecha o computador e vem até mim.

- Eu... estou sim. Vim pedir a sua ajuda, não consigo descer as escadas sozinha. - sorrio envergonhada. Meu estômago ronca e aparentemente ele escuta.
Depois de dar um sorrisinho, Morgan segura cuidadosamente nas minhas costas e me guia até as escadas.

- Vamos alimentar você, ferinha. - Apoio-me em Morgan e devagarinho vamos descendo os degraus. Meu corpo estava meio mole, e por isso joguei todo o meu peso no meu guarda-costas. Sorte dele que ele tem músculos.

Já no hall, agradeço a Morgan e o mesmo sorri alegando que não tem porque agradecer. Porém eu sei que tem, ele deveria estar bastante ocupado. Olho no relógio e os ponteiros marcavam 23:55 da noite. Eu realmente dormi bastante, e sabia que todos os outros também estavam dormindo.

- Consegue pegar as coisas na geladeira? - assinto. - Vou ali no banheiro ok? Já volto. Não suba as escadas sozinha.

Ele desaparece e eu sigo em direção à cozinha.
Abri a geladeira e encontrei uma forma de lasanha dando mole na minha frente. Meu estômago roncou novamente. Com as duas mãos tirei a forma de dentro da geladeira e a coloquei em cima do balcão. Peguei um prato um garfo e uma faca e com o auxílio dos mesmos tirei um pedaço da lasanha e coloquei no meu prato, devolvendo a forma em seguida para a geladeira. Fui até o microondas de deixei a mesma esquentar por um minuto e meio.

Não demorou muito para que eu devorasse todo aquele pedaço de lasanha gigante. Coloquei o prato na pia e voltei para a escada, chamando por Morgan.

- Pronto? - concordei. - Vamos lá então.

Novamente, com seu auxílio subimos as escadas que dessa vez pareciam ter duplicado de tamanho. Quando subimos, assegurei à ele de que voltaria para o meu quarto e que ele poderia voltar ao seu. O agradeci novamente que beijou minha testa e foi para o seu quarto. Mas antes de ir para o meu, tive que ir até a porta do quarto de Justin ver se ele estava dormindo.

Abri a porta lentamente e o mesmo dormia como um anjo. Não se moveu com o ranger da porta e eu deduzi que o mesmo estava muito cansado. Fui até sua cama e lentamente me deitei ao seu lado, e me virei de costas para ele fechando os olhos.

Pensei que o mesmo não havia acordado, porém estava errada quando senti seu braço em volta da minha cintura me puxando mais pra si.

- Estava sonhando com você. - ele sussurra com voz sonolenta.

- Que bom que eu acertei. - sussurro de volta e ele solta um risinho. Justin beija meu pescoço e deita de volta me fazendo arrepiar toda.

- Gosto de como seu corpo reage ao meu toque. - Congelo e coro. Ele ri novamente e entrelaça sua mão na minha. Tudo fica quieto então presumo que ele tenha dormido novamente. Aproveito e faço o mesmo.

[...]

FIX MEOnde histórias criam vida. Descubra agora