Epílogo

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Justin Bieber

- Feliz um ano no inferno. - o guarda surge batendo as chaves da cela na mesma provocando um barulho infernal me tirando do meu momento de relaxamento. Eu tiro uma hora do meu dia para fazer esses "momentos" para conseguir manter minha cabeça no lugar, porque depois de todo o tsunami ano passado, isso é a única coisa que não me impede de cavar um buraco com uma colher de metal.

- Está me atrapalhando, Josh. - digo sem abrir os olhos. Sempre que meu companheiro de cela vai para a solitária, eu uso a cama dele para relaxar, porque como ele chegou primeiro, pegou a cama mais confortável. Que ainda é desconfortável, mas é menos.

- Vamos almoçar, Bieber. Anda logo. - ele abre a cela e contra a minha vontade, abro meus olhos.

- Vamos almoçar, Josh. - repito o que ele disse calçando minha chinela e saindo da cela em seguida.

O corredor estava barulhento como de costume. Haviam mais guardas que o habitual por conta do horário do almoço; quando todos nós saímos da nossa cela e nos dirigimos - ou os guardas nos empurram, como preferirem- para o refeitório. O dia está nublado e eu aproveito esses quinze minutos que tenho fora da minha cela para observar o céu. Algo que eu fazia sempre à um ano atrás mas nunca dei importância. Agora aqui, ver as nuvens é algo raro.

Eu sempre fui uma pessoa organizada, e a minha cama com o lençol devidamente dobrado e as poucas fotos que eu tirei com meus amigos pregadas na parede evidenciam isso. Alguns guardas, quando são mandados ficarem de olho em mim, se surpreendem com a minha calma. Os presos aqui gostam bastante de confrontar os tiras, e eu sou um dos poucos detentos que não faz isso, então, eu me destaco. É uma promessa que fiz à Ari na primeira vez que ela veio me visitar, quando me viu com um corte na sobrancelha e o nariz sangrando; não arrumar briga.

Nas minhas primeiras semanas aqui eu era como eles; xingava todo mundo, brigava com todo mundo, e estava pouco me fodendo com o resto. Foi assim que eu entrei na minha primeira briga com o Kenan. Os outros o consideram como o fodão, e uma coisa que eu não suporto é receber ordens de gente imbecil, que também está na merda mas acha que é melhor por alguma razão desconhecida. Kenan era um dele, aliás, ainda é. Mas agora nós nos suportamos e conversamos um com o outro, já que depois da nossa briga eles nos colocaram juntos na mesma cela.

Eu passava o dia inteiro dormindo, e só acordava quando os guardas vinham abrir a cela para o almoço, mas quando Kenan veio dividir a cela comigo, dormir era algo bastante complicado, principalmente por não saber se eu acordaria vivo. Então, na maior parte do tempo, ou eu medito, ou soco o saco de pancadas que Kenan convenceu os tiras a colocarem aqui. Dividir cela com ele tem suas vantagens.

A realidade é que Kenan achava que eu estava aqui por crimes leves, mas quando eu contei a caralhada de gente que eu havia matado, inclusive os pais da minha "namorada", ele soltou um sorrisinho, deu dois tapas no meu ombro e disse bem vindo ao inferno. Não que eu me orgulhe do que fiz, mas com o tempo você consegue dizer o que fez sem querer enfiar uma faca em si mesmo á cada palavra proferida. Nos primeiros meses eu me arrependia, todos os dias, de ter feito o que fiz, mas se tem uma coisa que você aprende na cadeia, é que se lamentar pela merda que você fez não fará sua pena diminuir. É seguir a vida se conformando com o que você tem.

É isso que estou fazendo.

Nos últimos dois meses, Ariana não veio me visitar, mas pediu que Nicki viesse no meu lugar atualizar as novidades do mundo lá fora para mim. Estou orgulhoso da mulher que Ari está se tornando e eu rezo todas as noites para que ela consiga realizar os planos dela.

Minha pena é de dez anos. Isso porque Natan conseguiu convencer o Juiz á diminuir a pena de vinte. Ouvi alguns policiais fofocarem no dia em que fui preso, que eu dei sorte e que se fosse o juiz Romélio, ele passaria em cima da decisão do júri e me mandaria para a cadeia elétrica sem sombra de dúvidas.

Meu objetivo é sair daqui em cinco anos por bom comportamento. Os dias aqui dentro passam devagar, mas o mês passa bem rápido. É algo que eu não consigo explicar, mas tenho essa sensação.

Termino de colocar a gororoba no meu prato e me sento na mesa onde Kenan e os discípulos dele ficam. Ninguém dá muita importância para minha presença depois de me cumprimentarem com um aceno, mas não posso deixar de escutar a conversa deles. Ao que parece, chega um novo detento hoje, e é bem capaz que ele divida a cela comigo e com Kenan. Eu só digo uma coisa: ele vai dormir no chão. Batalhei muito pra conseguir me acostumar com a minha "cama" e não vou dividí-la com ninguém.

O sinal toca e todos nós somos levados de volta á cela. Ao contar pelos pauzinhos desenhados na minha parede, Kenan sai hoje da solitária depois de uma semana preso lá dentro.

Já no meu cubículo de cimento, fecho meus punhos e começo a socar o saco de pancadas que estava pendurado na parede. Eu estou bem mais musculoso do que estava antes, e meu corpo é a única coisa que me orgulha no meio dessa merda toda.

- Bieber, novo companheiro. - Josh diz abrindo minha cela, mas não dou atenção á ele.

- Cara, você dorme no chão. - eu digo sem encará-lo ainda. Ele permanece calado e eu desvio meu foco para ele, para ter a certeza de que ele tem uma boca.

A surpresa ao vê-lo ali é nítida. Seu rosto está roxo o que indica que ele andou brigando por aí. Ele me encara sem esboçar reação alguma, quando eu finalmente digo algo.

- Pai?

[...]

Teremos capítulo bônus hehehe

FIX MEOnde histórias criam vida. Descubra agora