LIII

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Ariana Grande

- Podemos conversar? - pergunto quando vejo que a policial já foi embora. Ela se foi, mas deixou um clima mais desconfortável do que estava antes.

- Sobre? - ele pergunta sentando-se na cadeira novamente, passando as mãos nos olhos. Ele está cansado, tanto por dentro, quanto por fora.

- Qual foi a última vez que você dormiu? -pergunto me aproximando da mesa.

- Eu nem me lembro. - ele ri sem humor nenhum. - Meu coração se aperta.

- Por que?

Ele abre a boca para falar algo, mas não me responde nada, mantendo o silêncio. Respiro fundo antes de segurar sua mão, que até então estava em cima da mesa. Justin que estava com o rosto abaixado, levanta o mesmo me encarando com seus olhos vermelhos. Só agora reparei nas suas olheiras.

- Você precisa dormir. - afirmo o óbvio.

- Eu sei. - respira fundo. - Mas então, o que queria falar comigo?

- Isso pode deixar pra depois. Vem. - Dou a volta na mesa parando na sua frente esperando o mesmo levantar.

- Estamos indo aonde?

- Pro seu quarto. - seguro-o pela mão puxando ele para fora do escritório. Quando nos aproximamos da porta, abro a mesma encontrando o mesmo todo bagunçado. - É...

- Não questione. - vejo-o revirar os olhos.

- Não vou. - mas quero. - Vai tomar um banho, colocar uma roupa confortável e vem deitar. - Ele ri.

- Tá bom, mãe. - revira os olhos, mas faz exatamente o que eu digo.

Minutos se passaram até Justin sair do chuveiro vestindo apenas uma bermuda. É complicado vê-lo assim e não poder fazer nada, mas eu quero que ele esteja cem por cento decidido do que realmente quer. Estou sentada na cama quando ele se aproxima e deita do meu lado encarando o teto.

- Se não conversarmos sobre nada, eu não vou conseguir dormir. - ele diz me encarando depois de alguns minutos em silêncio.

- Tudo bem.

- Estou te ouvindo.

- Já sabe onde seu pai está? - pergunto e ele franze o cenho. - É que depois daquele dia, ninguém mais tocou no assunto, e eu só queria saber.

- Ele me ligou, à um tempo atrás. Está vivo. Com a namorada dele. Esposa, sei lá.

- Ele te faz falta? - Ele respira fundo antes de responder.

- Minha mãe faz falta, isso é certeza. Mas ele também faz. Sabe, quando ela se foi eu não tive o apoio paterno que eu sempre quis e até mesmo precisei. Mas com o tempo, você se acostuma. Ainda sente falta, mas se acostuma a viver sem eles.

Meu coração se aperta. Não só por ele, mas também por mim. Ele aprendeu a viver sem a presença dos pais, e querendo ou não é isso que vai acontecer comigo. Pode demorar, mas vai acontecer. Saber que ele já passou por isso, e saber que eu vou passar é algo que me destrói.

- Sabe, às vezes eu peço a Deus pra proteger e colocar juízo na cabeça do meu pai. - essa confissão me pega de surpresa.

- Então, você é religioso? - Ele dá de ombros.

- Irônico não é? Mas eu não rezo por mim, sabe, eu tenho consciência de que vou pro inferno. Eu rezo é pelos outros. Por você, pelo Chris, o Ryan, Chaz, pela Sofia, pelos meus funcionários, pelo meu pai e pela minha mãe. Eu sozinho não consigo proteger todos vocês, preciso de ajuda.

Me aproximo dele. Justin deita a cabeça na minha perna e eu acaricio seu cabelo. O que Justin disse é algo que eu jamais imaginaria que ele iria dizer. É... lindo?

- Sabe que conseguir proteger todo mundo que você ama é quase impossível, não sabe? - ele concorda com a cabeça.

- Mas eu preciso tentar. Não consegui proteger... você sabe quem, e não quero falhar nessa missão novamente.

- Você se imagina formando uma família? - mudo de assunto ao ficar sem reação com o que ele disse.

- Algumas vezes. Um mini Justin correndo pelo quintal, e pisando na bosta do cachorro. - nós dois rimos.

- Coitado.

- Já aconteceu comigo, quando eu era criança. E você? - ele ergue a cabeça para me encarar.

- Não, nunca pisei em nenhuma bosta. - Ele ri.

- Estava me referindo a família. Mas é bom saber que você não teve esse desprazer.

- Ah. Eu também. Mas eu acho que seria uma péssima mãe. - dou de ombros.

- Eu acho o contrário. - ele boceja e vejo-o fechar os olhos em seguida. - Você vai ser uma mãe incrível.

- Obrigada. - Fico alguns segundos em silêncio, quando percebo que Justin está dormindo. Tiro sua cabeça do meu colo, colocando-a no travesseiro e o cubro com a coberta, saído dali após apagar a luz.

[...]

No dia seguinte, Nicki quase quis me matar por eu não ter voltado para o quarto, mas ela já havia escutado toda a conversa, e não havia muita coisa pra contar.

Estávamos sentadas nas bancadas da cozinha, quando todo o resto da população que mora aqui desceu também para o café da manhã. Fazia um tempo já que eu não conversava com os meninos já que eu quase não os via.

- Olha quem está aqui. - Ryan sorri pra mim assim como Christian e Chaz. Sorrio de volta.

- Quanto tempo, Bela. Hey Nicki. - Chris nos cumprimenta.

- Olá. - Nicki responde mastigando suas panquecas.

- Quanto tempo. - repito o que Christian disse.

Terminamos de comer e fomos todos para a sala jogar algum jogo no videogame que os meninos haviam ido comprar. Sofia se juntou a nós por um tempo, e depois se despediu dizendo que Matt e ela iriam começar a ver as coisas para o casamento.

Por volta do meio dia, Justin desceu as escadas com uma calça de moletom e uma regata. Seu cabelo estava todo bagunçado e ele ainda estava com cara de sono.

- Bom dia bela adormecida. - Chaz provoca, vendo o amigo levantar o dedo do meio pra ele.

- O que estão fazendo? - Justin se senta na poltrona nos observando.

- Compramos um videogame. E estamos jogando. - Christian explica desviando o olho da tela, e é quando eu tiro metade da vida do personagem dele. - Ariana!

- Foco no jogo, Chris. Foco no jogo. - Dou um grito erguendo os braços quando ganho. - Eu sou muito boa!

- Minha vez. - Justin se levanta tomando o controle de Christian. - Se você perder, lava minhas cuecas. - ele me encara.

- Puf, isso daí ela pode fazer todo dia. -Christian revira os olhos fazendo os meninos e Nicki rirem.

- Babaca. - respondo revirando os olhos. - Se você perder, será meu mordomo pessoal por um uma semana.

- Fechado.

[...]

FIX MEOnde histórias criam vida. Descubra agora