IX

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ArianaQuando chego ao meu quarto bato a porta com força, desejando que ele tenha ouvido mas, ao mesmo tempo desejando que ele me ignore porque tudo o que eu não preciso agora é de um Justin mais furioso ainda em cima de mim

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Ariana
Quando chego ao meu quarto bato a porta com força, desejando que ele tenha ouvido mas, ao mesmo tempo desejando que ele me ignore porque tudo o que eu não preciso agora é de um Justin mais furioso ainda em cima de mim. Me amaldiçoo por ter retrucado o que Sofia disse. Mas é claro que ele ficaria ao lado dela! Ninguém aqui me conhece, e eu sei muita sorte de não terem me colocado pra rua.

Faço um coque no meu cabelo, aproveitando o rabo-de-cavalo que eu havia feito assim que acordei, despi-me enrolei-me na toalha e fui até o banheiro. Deixo a toalha no gancho que há na parede, e ligo o chuveiro. Como toda pessoa que se preze, assim que fecho o boxe começo a cantar em um inglês que só eu conheço. Quando termino meu banho, pego a toalha novamente e me enxugo. Saio do banheiro e vou até o guarda-roupas procurando um pijama. Como não está fazendo muito frio, opto pelo meu conjuntinho de pijama favorito: uma calça de moletom lilás e um cropped branco. Solto meu cabelo do coque e o penteio, deixando-o solto.

Não estou com sono, e minha mente está apagando aos poucos o episódio ocorrido mais cedo. Não há absolutamente nada para se fazer aqui, então resolvo soltar o coque e deixá-lo como um rabo-de-cavalo mesmo e ir até o jardim, já que eu não saí do meu quarto desde que cheguei.

- Bela, o que faz aqui? - sorrio com o apelido reconhecendo a voz de Chris. Não havia notado que ele estava aqui, e espero que ele termine o cigarro para me aproximar.

- Estou sem sono. - dou de ombros.

- Sinto muito por mais cedo. Não é pessoal, ela só teve um dia ruim. - Ele se desculpa, porém não há motivo.

- Não precisava se desculpar. Se não tivesse uma vilã, qual seria a graça dessa minha vidinha de filme da Disney? - Ele ri.

- Vidinha de filme da Disney?

- Sim. Perdi meus pais, moro com desconhecidos, o poderoso chefão tomou a única forma de comunicação que eu tinha com o mundo, descobri que três dos desconhecidos são pessoas legais, e temos uma vilã para a cereja do bolo. - brinco temendo que ele me repreenda por chamar Sofia de vilã, mas não acontece. Ele apenas gargalha.

- Eu sem duvidas assistiria esse filme. - ele joga o cigarro no chão, e o apaga com o pé. - Justin pegou seu celular? - assinto. - E você quer que eu o convença a te devolver?

- Seria interessante, mas eu não vim aqui para isso, que fique claro. - trato de esclarecer as coisas. Não quero que ele pense que sou interesseira.

- Ele não vai ficar com seu celular para sempre. Não se preocupe, ele irá devolver. - franzo o cenho.

- Em que década? - retruco e ele sorri novamente.

- Não se preocupe, não vai demorar. E, ah! Você deveria falar mais vezes, sua voz é linda. - Ele diz antes de beijar minha testa e ir para dentro.

Essa é a coisa mais gentil que ouço em bastante tempo. Meu coração se aquece, e pela primeira vez desde o acidente, sorrio verdadeiramente.

Volto para o quarto, e encaro o céu estrelado pela janela. O sentimento que tanto tentei evitar chega como uma enxurrada, a saudade. Sinto saudade da minha vida imperfeita mas ao mesmo tempo perfeita. Sinto falta de ouvir meus pais brigando todos os dias de madrugada. Se eu soubesse que aquela discursão fosse a última vez que eu iria ouvir a voz deles... Dentro daquele carro, eles pareciam tão tensos. Não me disseram para onde íamos, e nem porque estávamos saindo de casa tão apressadamente como se soubessem que iriam partir. Nunca me passou pela cabeça a idéia de aquele acidente ter sido proposital. Mas é óbvio que nenhum caminhoneiro jogaria o seu caminhão em cima de um carro de propósito. Aquele moço deve ser tão inocente quanto os meus pais. Sei que deveria tentar seguir em frente, mas é um pouco difícil já que não tenho ninguém para desabafar. Por mais gentil que Rose vem sido comigo, ainda não me sinto cem por cento à vontade para desabafar com ela. A única pessoa que confio, é a Nicki que deve estar achando que: ou eu não ligo mais pra ela; que eu e o Justin estamos vivendo um romance e que eu não tenho mais tempo pra ela; ou, que eu morri.

Desisto de segurar as lágrimas e manter a imagem de menina forte. Elas vem sem piedade, e todas as boas memórias que tive com meus pais vem átona, como se destino quisesse me dizer que eu jamais os veria outra vez; que todas essas memórias jamais se repetiriam, porque eles não vão voltar. Minha mãe me ensinou a ser uma pessoa forte, meu pai me dizia sempre para não deixar transparecer nossas fraquezas para os outros, pois eles poderiam usá-las contra nós. É isso o que eu estava tentando fazer desde que me encontraram nos destroços daquele carro. Tudo o que aqueles policiais não precisavam era de uma garotinha fraca e indefesa chorando por conta dos pais, embora isso seja o mais comum a se fazer. Eu estava sendo forte, por eles. Tenho certeza de que se meu pai pudesse me dizer alguma coisa neste momento seria: "Não criei você para ser uma mulher chorona e indefesa, pare de chorar agora!" O que soa um pouco irônico já que ele nem me criou direito. Não o culpo, meus pais foram adultos ocupados com o trabalho, e é graças a este trabalho, que vivi tendo do bom e do melhor, então não posso ser tão ingrata assim.

Ah como eles fazem falta.

Quando o dia amanhece eu já estou de pé, rabiscando trechos quaisquer de músicas que vem da minha cabeça no meu diário. Rose abre a porta do quarto com cuidado provavelmente para não me acordar, e franze o cenho quando vê que eu já estou acordada. Ela me chama para o café, dizendo que os meninos querem que eu tome o café da manhã com eles. Penso duas vezes antes de aceitar, já que provavelmente a Sofia estará lá também. Resolvi aceitar, já que eu estava morrendo de fome, e não conseguiria esperar para comer junto com os funcionários e também porque foram eles que me convidaram. Faço minhas higienes, mas continuo com meu pijama, apenas coloco um sutiã por baixo do cropped. O bom desta roupa, é que ela serve para qualquer situação: dormir, passear, usar para ficar em casa... mil e uma utilidades.

Opto por fazer duas tranças no meu cabelo. Demorou um pouco, devido seu cumprimento, mas como já estou acostumada, terminei mais rápido do que das outras vezes. Abro o guarda-roupas e pego um par de botas brancas para combinar com o visual. É então, que eu me dou conta de que preciso voltar á estudar. Provavelmente eles estão me dando alguns dias de luto, mas semana que vem já é capaz de falarem com a policial Louise sobre minhas faltas. É um assunto que precisa ser discutido, embora não ache que eles me proibiriam de ir á escola.

- Bom dia - os rapazes dizem em coro, assim que entro na cozinha. Percebo que Justin está nos fazendo companhia hoje, mas nenhum sinal de Sofia. Não que eu esteja reclamando.

- Bela, seus pés não doem? - Chris quebra o silêncio. - Anda de salto o dia inteiro.

- Não, eu já me acostumei. Se eu não andar de salto, então ando na ponta dos pés - explico me lembrando do que Chris me disse mais cedo.

- Impressionante.

- Então... - digo sentando-me na mesa. - Eu preciso voltar lá em casa e pegar meus materiais. - eles franzem o cenho.

- Materiais?

- Sim, para que eu possa ir para a escola. Ou podemos apenas comprar outros... - sou interrompida pela risada forçada de Justin.

- O que te faz pensar que você voltará para a escola? - arqueia a sobrancelha.

- Perdão, eu não entendi.

- Você irá estudar, mas em casa. - Não consigo esconder o espanto ao ouvir isso.

- Você está brincando, certo?

- Tenho cara de quem está brincando? - Ele devolve.

- Você não pode fazer isso!

- Mas eu já fiz. - levanto-me e bato as mãos na mesa.

- Não posso me comunicar com os meus amigos por que você tomou meu celular, implicou comigo ontem por não ter feito o chá para a Sofia, e agora está me dizendo que eu não posso ir para a escola? - me altero, mas ele não move um músculo. - Não pode fazer isso! Vai me manter trancada nessa casa pra sempre?

Eu não deveria gritar dessa maneira com o Justin, mas acontece que isso foi o estopim. Eu não posso ficar trancada aqui para sempre!

- Vou. - responde apenas. É como se essas palavras me levassem ao meu limite.

- Ariana... - Ryan tenta segurar minha mão, mas tiro-a de cima da mesa antes que ele consiga toca-la.

- Você não vai me manter presa aqui.

Ele ri sem humor.

- Isso foi uma ameaça?

- Eu não vou mais ficar nessa casa. - E em passos largos, deixo a cozinha, caminhando direto para a imensa biblioteca. Mas não sem antes ouvir Justin dizer "ainda bem"

[...]

Cheguei e me deparei com 313 seguidores, muito obrigada mesmo! Eu amo vocês
Nos vemos em breve ❤️

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