XXIX

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Tonight all the monsters gonna dance.
We're comin' to get ya.

Ariana Grande

A festa de Halloween que Sofia decidiu organizar, aconteceria hoje. A casa estava toda enfeitada com fantasmas, zumbis, algumas mãos que saiam da parede ou até mesmo do ponche na mesa perto da piscina.
A festa aconteceria do lado de fora, por conta do acidente dias atrás. Justin proibiu todos os convidados de entrarem dentro de casa, e isso está destacado no convite que ele fez para todos. Por essa razão, há um tapete vermelho que começa na entrada da casa e a rodeia até o jardim.

Faltavam umas dez horas para a festa começar, Nicki e eu conversávamos por Skype enquanto procurávamos fantasias na internet para podermos copiar. Minha amiga já estava com o seu cabelo loiro pintado com tinta rosa que ela comprou na loja de fantasias alegando que, ficava gata demais com o cabelo rosa para esperar a hora certa de pintá-lo. Eu não sabia ao certo se queria ir de um personagem específico, ou se iria apenas fazer um visual assustador. Por isso, rolava a página inicial do pinterest para cima e para baixo procurando uma inspiração.

Meus machucados já estavam menos visíveis, mas ainda sim era possível enxergá-los, então, Nicki sugeriu que eu me fantasiasse de algum monstro que estivesse machucado, assim a Policial Louise não iria surtar ao me ver com os cortes. Porque bom, ela não sabe do meu acidente, e tememos que, se ela souber, Justin possa perder minha guarda. Ela me mandou uma mensagem dizendo que viria sim para a festa, mas à trabalho, então eu precisava disfarçar.

Eu não devo ter mais nenhum parente existente na face da terra. Nunca conheci ninguém que fosse realmente da minha família, anão ser a minha vó, que está num asilo e nem deve se lembrar do próprio nome. Papai sempre disse que ele cresceu ouvindo minha vó dizer que família só atrasa a gente, que ele deveria focar apenas na esposa e no filho. Óbvio que minha vó se decepcionou um pouco ao saber que a primogênita seria uma mulher. Ela era uma mulher extremamente machista, mas ao mesmo tempo, todos tinham medo dela e ninguém, inclusive e principalmente do sexo masculino, se atreviam a ir contra uma ordem sua. Hoje tadinha, nem comer só ela consegue.
Por esse motivo, meu pai, como filho único, cresceu só. Casou com a minha mãe e ambos concordaram em ter apenas um filho, que no caso fui eu. Não sei o que houve com meus avós maternos, mamãe nunca falou muito deles, talvez eles estejam mortos.

Sempre fora nós quatro: mamãe, papai, vovó e eu. Bom, agora sou só eu.

Por esse motivo, eu não acredito que a Policial Louise chegará aqui dizendo que encontrou algum familiar perdido meu. Porque não há nenhum. Se Justin perder a minha guarda, eu serei levada para Deus sabe-se lá onde e nunca mais poderei vê-los novamente. E eu não quero isso. De forma alguma, eles agora são tudo o que eu tenho, mesmo que temporariamente. Cobrir essas marcas, é algo que eu preciso fazer, não é uma opção.

[...]

A voz de Bebe Rexha invade os meus ouvidos assim que desço as escadas e vou em direção ao jardim. Ao som de In the name of love cumprimento os funcionários que passam apressados para cima e para baixo finalizando a decoração da festa, e as comidas.

No jardim, encontro Ryan, Chaz e Chris com copos na mão e pegando alguns petiscos da mesa. Ryan está fantasiado de Peter Pan Zumbi; sua roupa verde está rasgada e sua pele pálida por conta da maquiagem. Chris está fantasiado de Scooby Doo, e Chaz de pirata. Eles sorriem ao me ver.

- Vocês estão ótimos. - elogio.

- Eu sei. - Chris se gaba, balançando sua orelha de cachorro. - O cachorrão aqui vai fazer a festa hoje.

FIX MEOnde histórias criam vida. Descubra agora