" Ivie - Meu primeiro par de chifres "

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Eu conheci essa Ivie lá no Flamengo. Ela pertencia à uma família de fazendeiros de cacau lá de Ilhéus, na Bahia. Na realidade, ela era filha de "criação", deles. Eram pessoas de muito poder financeiro. Tinha um escritor muito famoso, que frequentava a casa dela. - A irmã dela era uma pianista muito famosa também, conhecida no mundo todo.- Eles moravam num triplex, na Praia do Flamengo. A mãe biológica dela, era uma pessoa humilde, da classe social, digamos, pobre. A mãe alugava uns quartos lá na Bento Lisboa, e foi lá que eu a conheci.- Eu aluguei um quarto lá. - Na verdade, eu só ia lá, "pra descansar o cadáver", por que naqueles anos loucos, eu pouco dormia. - Descansava um pouco, tomava um banho e vazava pra night de novo. Sempre que eu aparecia lá, ela estava por perto...(Acho que já havia me escalado como "vítima"). Bem, vamos resumir, começamos a sair. Eu gostava de fazer os meus "programas de duro", gostava de pegar a barca pra Niterói, ficar no convés sentindo o vento... Vendo as ondas... Sentindo aquela maravilha dos pingos d'água no rosto - (Eu era um romântico inveterado) - Mas, voltando a Ivie. Ela frequentava o high society do Rio. Começou a me levar nessas paradas. Eu acho que era um tipo pitoresco, pra eles. Eu tocava violão, eu cantava e declamava os meus poemas. Num final de ano, resolvemos passar o réveillon juntos. Foi muito bom, pena que aquela menina me travava. Eu só conseguia ficar nos beijinhos com ela. Com as outras meninas, eu me soltava, mas com ela eu "travava". - Uma noite, íamos sair, e ela disse: - Eu vou levar um amigo com a gente. (??????). - Nesse tempo eu já estava apaixonado por ela. - (Eu tenho uma merda, de mania de me apaixonar, "facim, facim, facim"). - Nos sentamos a beirar mar, nós três, e fumamos uma baganinha. Ela estava sentada no meio de nós... (Quando me toquei, ela estava de mãos dadas com o cara e comigo). Eu pirei, mas fingi que não vi nada. - Resolvi ir pra Sampa, no outro dia, e não voltar a vê-la nunca mais. - Foi o que eu fiz.- Passou quase um mês, eu nunca mais dei notícias. - Um dia toca o telefone no bar do seo Fernando, nós não tínhamos telefone. Era ela. Ela me disse que estava vindo pra Sampa com a irmã, que iria fazer um concerto aqui, e queria assistir uma peça de teatro comigo...Elas estariam hospedadas no Hotel Danúbio, na Brigadeiro Luiz Antonio. - Contei pra minha mãe, do encontro e ela resolveu me dar um "banho de loja".- Me levou na loja "Garbo", comprou-me um blazer de gabardine verde musgo, uma calça de gabardine creme, um par de sapatos tipo inglês, (cara!! eu estava bonito pra caralho). - Não feliz ainda, minha mãe, colocou uma grana no meu bolso. - Imagina!! O filho dela passar vergonha...- Cheguei no hotel, e ela me disse: Vamos assistir "Jesus Cristo Super Star". O teatro era no Bexiga. (mas com muito jeitinho ela disse - eu trouxe um amigo do Rio comigo). - Meu, eu desbundei e senti que a merda seria grande...Antes de entrar no teatro, eu tomei três "Fogo Paulista" e uma cerveja. Eu já estava decidido a fazer uma merda razoável. - Não deu outra, lá pelas tantas, eu vi a putinha de mãos dadas com o cara rs. - Meu, eu parei a peça, fiz um escândalo do caralho, vomitei neles... Peguei um táxi e "sartei de banda".- Moral da história... Ivie nunca mais... - Um mês depois a irmã dela me liga e diz: Cara, a Ivie tentou se matar (???) Tomou 50 comprimidos de "Optalidon", teve que ir pro hospital...Eu pensei comigo... "Eita putinha difícil de morrer"... A pianista acrescentou: Meu pai mandou dizer que se você se casar com ela, ele vai dar pra vocês uma fazenda em Ilhéus e um apartamento no Rio. - Eu pensei com os meus culhões... O "apê" até que seria legal, mas eu não entendo nada de cacau... - Disse as célebres palavras... "VÃO TOMAR NO CU, SEUS FILHOS DA PUTA!!!!! - E deixei de ser um grande corno fazendeiro de cacau. - Foi isso.

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