Eu morava no bairro do Belenzinho, em Sampa, com mamãe, meu padrasto & uma porrada de filhos dele. Eu não me sentia nada bem, ali. Eu me sentia estranho, meio que perdido. Nas horas de lazer, (fora a escola), eu gostava de ler, e de tocar meu violão, escondido lá nos fundos da casa. Eu precisava urgentemente arrumar um emprego. Não conhecia ninguém ali, naquele bairro. Morria de vergonha daquele povo. Eu nem comia com eles, tinha vergonha. Era um "bicho do mato", assustado & perdido. Mamãe fazia o meu prato, e guardava na "estufa", para eu comer depois. Aquele dia, eu saí a pé, fui andando até a avenida Rangel Pestana. Entrei naquela agencia de empregos. O rapaz que me atendeu me passou uma ficha para eu preencher, com todos os meus dados, eu preenchi, e devolvi a ele. - Fiquei tomando aquele chá de cadeira, por um tempão, até que aquela coroa bonita me atendeu. - Véio, eu era tímido pra cacete. Minhas mãos suavam, me deu até vontade de cagar, pode acreditar. - A dona me olhou, me tirou de cima abaixo. Perguntou minha idade, aquelas merdas todas. Ela me olhava de um modo estranho, como se quisesse entrar na minha mente, na minha alma. Eu disse que estudava, que fazia um curso técnico de comércio, que entendia de contabilidade, essas porcarias todas. A dona mandou que eu voltasse no outro dia, lá pelas cinco horas da tarde. (Eu estranhei o horário, mas disse que voltaria). No dia seguinte, eu compareci no horário combinado, e não tinha ninguém na agencia, só ela...( Velho & querido Charles Bukowski), resumindo essa ópera, a dona me levou pra sala dela, e me agarrou. Começou a se esfregar em mim, e me "usou & abusou". (Se eu disser que não gostei, estarei mentindo, por que foi bom pra caralho). Após a surpresa e o susto, eu entrei no jogo. Deixei que ela me "usasse". Eu não balbuciei uma palavra, apenas correspondi. Deixei que aquela louca me conduzisse, pelos meandros da sexualidade. Saí de lá, com uma recomendação para trabalhar naquele cotonifício famoso, na rua Catumbi, no Belém. Meu trabalho na empresa, era de bater faturas & duplicatas. Eu gostei. Mas o que mais eu curti, era que a minha seção ficava lá no terceiro andar, e eu trabalhava só. Eu adorava aquele lugar, pois me dava a liberdade, de ficar longe de casa, e ainda ganhar umas horas extras. - Aos sábados, eu não precisava trabalhar, mas eu fugia pra lá, e ficava batendo faturas até a tarde. - Passado uns meses, eu já era conhecido das meninas, as operárias, e sempre tinha umas "bocas pra beijar & uns corpos pra sarrar". Namorei muitas meninas de lá. Com elas era tudo muito rápido. Nós nos atracávamos nos muros da Celso Garcia, a noite, e era a coisa mais linda. Amei aquele trabalho. - Fui