- Então você quer tirar o meu emprego? - Eu respondi que não..Ela falou aquilo brincando, mas eu aprendi que são nas brincadeiras, que a verdade flui... - Ela era uma senhora muito distinta, paulistana da gema. - Você sentia que era uma pessoa com muita classe . A coluna dela era impressa em muitos jornais. - Eu disse: Sabe o que é.. Eu sinto que a senhora anda super atarefada, de forma que se estiver precisando de uma pessoa pra ajudar, eu me coloco à sua disposição. - Eu frequentava a noite do Rio, sei me portar, poderia passar os briefing para a senhora.. Dei ciao, virei as costas e vazei. A isca estava lançada...- Eu trabalhava na administração do jornal. - Fingia que trabalhava, e fingia que recebia...- Não deu outra, a madame me chamou... - Ela falou: Eu de fato ando super atarefada, meio estressada, acho que você vai poder me ajudar... (Eu achei bom, por que eu iria ganhar mais um dinheirinho por fora). - O dinheiro do jornal, mal dava pra eu e o Cabelo, meu amigo, que trabalhava comigo, pegar um rango legal. - No dia do pagamento, a gente corria pro Almanara, pro Famiglia Mancini, e lá se ia todo o nosso salário. A gente gostava de comer bem, ia comer feijoada no Bolinha, na Faria Lima. Eu conheci bons restaurantes em Sampa, com o meu amigo. Depois que você se acostuma como bon vivant, é phodda a tal da comida por quilo . Eu comecei a ir aos coquetéis, as vernissages, as badalações. Descobri também, que as bebidas não eram as melhores. Fiquei de porre muitas vezes, culpa da qualidade das bebidas. Coloquei o Cabelo como meu assessor, pra me levar pra casa, quando eu estivesse caindo pelas tabelas. Eu descolei uma carteira de jornalista com ela. Aí era só alegria, nós comíamos de graça em vários restaurantes, e depois eu plantava notinhas na coluna dela . - Consegui também, descolar um salário por fora, ela que me pagava. - Foi assim que eu virei "colunista social".