" Chantal & Papillon "

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 Dizem que água & azeite não se misturam. É verdade. Mas dizem também que os opostos se atraem, o que continua sendo verdade. Elas se conheceram no salão de beleza, onde todos os segredos são revelados. Onde os profissionais da beleza são os psicólogos, os ouvintes, os terapeutas. Chantal era uma mulher elegante, bonita, segura dos seus atributos. Era diretora comercial de uma empresa francesa, de produtos químicos. Casada, (não tão bem casada). O esposo era um jogador. Gostava de perder dinheiro nos cavalos & na roleta. (Imagino que Chantal bancava as despesas da casa, e de jogo, do esposo). Eles não tinham filhos. Já Papillon, possuia um beleza mais rude, se vestia de forma mais chamativa. De forma mais vulgar. Mas era muito linda, a Papillon. Papillon tinha uma história de vida mais triste. Havia saído de casa aos quinze anos, depois de dar umas pauladas na cabeça do pai . O velho tinha o péssimo hábito de bater/agredir a mãe dela. Ela, Papillon, sabia que seria questão de tempo, até ter que matar o velho, por que ela não suportava ver a mãe ser espancada. Ali, onde eles moravam, no interior do Espírito Santo, ela sabia que não teria futuro. Veio para o Rio de Janeiro com a cara e a coragem. Pouco dinheiro, roupas simples, e sem endereço certo. Alugou um quarto na Lapa, (ali perto do beco das Carmelitas), e como não sabia fazer nada, resolveu vender o corpo, a beleza). Papillon fazia o "trotoir" ali no Passeio Público, perto daquela grande loja de departamentos. Ela me contou, que perdeu a virgindade com um cliente, (coisa triste & chocante). Mas a vida tem essas coisas cruéis. Uma noite, Papillon conheceu um novo cliente, um moço bonito e falante, chamado Alvaro. Fizeram amor, conversaram, e Alvaro contou a real para ela. Ele era cafetão e tinha um puteiro perto dali. Explicou que era muito perigoso, o trabalho dela nas ruas, e que poderia "oferecer um trabalho, com maior segurança". Alvaro cobraria dela apenas uma taxa de 50% sobre os ganhos, e ela atenderia os clientes no local. Eles fecharam o acordo, e Papillon começou a trabalhar ali. Mas entre eles havia mais que negócios, Papillon caiu de amores por ele. Alvaro por sua vez, também sentia algo por ela...Moral da história, amor, dinheiro & negócios. Alvaro ficou surpreso pela forma que ela ajudava a administrar o "negócio". Papillon dava sugestões, palpites, e virou gerente dele. Aquele puteiro prosperava a olhos vistos. Alvaro estava tão feliz, que propôs sociedade a ela. A vida estava boa, Papillon agora tinha dinheiro, trouxe a mãe para o Rio, enfim, progresso. Ela agora já se dava ao luxo de ir ao salão de beleza, uma vez por semana. Foi nesse salão que ela conheceu Chantal. Ficaram amigas, confidentes, (essas coisas de mulher). Contou toda a vida dela para Chantal, que por sua vez, também lhe confidenciou alguns segredos. Chantal contou que algumas vezes "pulava a cerca", saía com rapazes, para se satisfazer sexualmente. (O marido só queria saber de jogar, se esquecia dela), e ela era jovem e tinha desejos. Elas, após os tratamentos de beleza, iam tomar o chá da tarde na Confeitaria Colombo, no centro da cidade. Isso virou um ritual. Uma bela tarde, elas estão na Colombo, e entra o Alvaro, acompanhado de uma linda mulher. Ele não as viu, mas elas sim. Papillon explicou para Chantal, que aquele homem, era o companheiro dela, e começou a chorar. Não adiantou Chantal tentar consolá-la. Ela se sentia uma esposa traída. Queria fazer um escândalo & coisas tais... Mas Chantal não deixou, acalmou a amiga... Aquela noite, Papillon assassinou Alvaro, com trinta facadas...Eu fiquei sabendo que Chantal visitou Papillon todas as semanas, na cadeia... Até o dia em que ela saiu... Depois disso, as duas se amigaram, e vivem felizes até hoje. Duas senhoras distintas. Foi isso que aconteceu. - Chantal & Papillon, duas amigas...

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