" A poetisa solitária"

416 0 0
                                    

 Ela estava declamando poemas nas areias de Copacabana. Eu estava sentado ali, num daqueles bancos, vendo aquela mulher declamando textos. Ela elevava a voz, depois abaixava, sussurrando... (Eu achei bonito, aquela moça falando sozinha ali). Ela elevava os braços, como que tentando alcançar as alturas, querendo que o que dizia alcançasse os céus). Era bonito de se ver...(Qualquer pessoa normal, diria que ela era louca, mas eu não era, e não sou normal, daí, fiquei ali curtindo). A praia estava vazia, tempo nublado, mas não chovia. Eu estava louco de vontade de falar com ela. Mas a minha timidez, (essa maldita timidez, estava me prendendo). Num rompante de atrevimento, resolvi ir conversar com ela...Me acheguei, mas não tive coragem de pronunciar nenhuma palavra, tive medo de quebrar o encanto da cena. - Ela parou, abruptamente, e disse: - Você está me achando louca, não é? - Eu aqui, falando sozinha, sussurrando, berrando, abrindo os braços... - Eu fui pego de surpresa, apenas consegui balbuciar: - É a cena mais bonita que eu já vi, em toda minha vida... - Você está linda, parece aquelas Deusas mitológicas...Você deve ser uma poetisa, e das melhores, apesar de eu só ter conseguido ouvir sua entonação de voz, e ver sua expressão corporal...(Quem se surpreendeu agora, foi ela, me olhou, me mediu, e disse: - Eu escrevo, mas gosto depois, de ouvir o som das coisas que escrevo). - Eu caí, literalmente, de quatro, por aquela mulher. - Sem medir as palavras eu disse: - Gostaria de ser mais velho, para pedir você em namoro... Você é a pessoa mais linda que eu conheci...(Mano véio, vamos combinar, que aquela mulher era demais). Ela riu, e disse: - "Para o amor, não existe idade". (Eu estava ali, até meio arrependido do meu atrevimento, mas senti que ela gostou). Aquela moça me deixava a vontade, nunca havia sentido essa liberdade, no falar. - Ela perguntou: - Você está com fome ? Quer fazer um lanche comigo ? Aceitei sem pestanejar. Fomos lanchar no apartamento dela. Lanchamos, conversamos. Ela me disse que morava com uma pessoa, uma mulher... A certa altura da conversa, ela disse: - Você falou que se fosse mais velho, me pediria em namoro, o que lhe impede de pedir ??? - Senti aquela quentura no rosto, aquela vergonha... Abaixei minha cabeça, timidamente... Ela acariciou o meu rosto, os meus cabelos e disse: - Então vamos namorar um pouquinho. Me abraçou suavemente, beijou minha face, e procurou minha boca. Nós nos beijamos de uma forma muito especial, com suavidade, ( eu até me atreveria a dizer, com amor). Me levou ao quarto dela, e me amou. Me amou de uma forma que eu não conhecia. Depois, ficamos nos olhando, olhos nos olhos, namorando, foi muito especial. - Essa foi a história de um amor eventual, muito bonito. - (Minha poetisa solitária, hoje, é uma pessoa muito conhecida, muito famosa). - Guardo essa linda recordação dela. Baccios, fui!

Cotidiano & SacanagensOnde histórias criam vida. Descubra agora