Tive baixa no Exército nesse ano, saí na terceira baixa. O pessoal que tinha saído na primeira, tinha combinado de ir para o México a pé, pra assistir a Copa de 70. O mais interessante é que os loucos foram de verdade, e chegaram lá...Umas quarenta pessoas... Programa pra índio nenhum botar defeito. Eu e uns amigos do quartel resolvemos acampar em Itaipuaçu (Rj). Fomos em quatro ex soldados. Eu só lembro do nome de um, o Wanclo. Aquela época, chegar a Itaipuaçu era uma dificuldade, você tinha que descer do ônibus na estrada e subir e descer um morrão. Saímos do Rio de noite já, fomos até Niterói e de lá picamos a mula. Eu já estava bem "zureta", na realidade, naquela época, eu só andava "zureta". Descemos na estrada, no local de subida e resolvemos fazer um "balanço" do que estávamos levando. (Quem cuidava desses detalhes era um outro brô), o nosso "aprovisionador “. - Bem, disse ele, vamos as coisas mais necessárias, bebidas, o que temos? - Uma garrafa de cachaça, uma de Martini, uma de vinho, uma de uisque nacional. - Drogas, o que temos? "Marijuana”, dois litros de chá de cogumelo (alucinógeno).Temos também cem comprimidos de "Artane" (hipnótico" e é só. – Comida? Temos arroz, feijão em lata, óleo, sal, essas coisas desnecessárias...Não tinha mulher (ainda)... Tinha também, um "despacho de macumba", bem ali perto...com três garrafas de vinho "Moscatel".- Eu pensei: "eu não pego nesse negócio nem phuddenddo...(O Wanclo era mais corajoso que eu e surrupiou as garrafas. Naquele dilema todo, pára um ônibus e descem três meninas. Papo vai, papo vem...elas também iam pra Itaipuaçu... Mulheres...- Pensamentos hiper libidinosos na cabeça..- Meu, tinha uma guria ajeitadinha ali. Eu gostei dela no ato, (acho que ela também gostou de mim). Começamos a subida e ela se encostava, se roçava em mim...(Velho, dezenove anos, a gente só pensa em sacanagem)... Chegamos no alto do morro e paramos pra descansar um pouco. O Wanclo sugeriu que a gente bebesse alguma coisinha, fumasse outra coisinha e tomasse um golinho de chá.- (Esqueci de dizer que a noite estava muito bonita, com um céu totalmente estrelado). E o barulho das ondas lá embaixo, batendo...- Meu, fizemos a pausa e tomamos um pouco de cada porcaria daquelas...Eu alucinei... Tinha ondas de alucinações & ondas de lucidez... A mina, que eu achei tão linda, estava se deformando toda...e a cara dela se transformando, escorregando... (Devo acrescentar que ela não tomou nada)... -E aquele "monstro da lagoa negra" me agarrando, me abraçando. Eu querendo me safar, me desvencilhar dela. Me deu até vontade de cagar, de tanta "paura"...Nós começamos a descer o morro e eu comecei a ver coisas...Monstros, homens com olhos de fogo, (a lucidez voltava e ia embora)...Enfim chegamos na praia, linda, com poucas casas e pés de casuarina, lugar bonito aquele. Nossa barraca era um paraquedas militar, de nylon camuflado, depois de armado cabiam ali umas 20 pessoas. Armamos aquele "trem" e ficamos por ali, curtindo a noite. (Quando eu ficava lúcido, eu dava uns "catos" na gatinha), quando eu pirava eu me afastava dela...MEU! Aí que aconteceu a merda toda... Comecei a ouvir um "tléc, tléc, tléc, tléc... E veio aquele clarão no alto da barraca...E aquela merda foi descendo, descendo, e um mundo de cores, muitas cores. - E o tléc, tléc,, tléc bem alto pairou acima da barraca... Foi o que precisou preu vazar daquele lugar feito um louco. E correr, correr e correr, alucinadamente...Caí num lugar e dormi. Acordei já era dia claro, morrendo de frio e voltei pra barraca. (O phodda é que todo mundo viu alguma coisa, só que ninguém sabia explicar). É o que eu me lembro dessa história de Itaipuaçu. Resumo da ópera. Ficamos por lá uns dez dias e foi muito bom. (E papei a guria). Em tempo: Pessoas avistaram ovnis naquele lugar, naquela época. (Vai saber)...