" Os últimos dias de Pompéia "

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Tomatino & Josef resolveram organizar uma festa com esse título. Isso foi lá pelos idos dos anos 80's. Fui convidado pelo Josef para aparecer por lá. Nessa época eu morava na zona leste de Sampa. Resolvi convidar o meu cunhado, o Emanuel,mais conhecido por Mané. Ficamos de nos encontrar com o Josef, na casa dele, e de lá irmos pra festa. A festa seria num salão na Pompéia. Chegamos na casa do brô, tomamos uns uisques, e ele nos levou para o salão. Nessa época, eu bebia moderadamente, socialmente. Eu conseguia matar uma garrafa de uisque, desses de segunda linha (Grants, Black & White, Balantines, etc.), em exatamente 17 minutos. (Hoje eu não bebo mais nada, eventualmente, uma taça de vinho). Mas o grande campeão, "o cara"), era o Mané.  Mané bebia de tudo, e não fazia cara feia. Essa festa tinha tudo pra "arrebentar a boca do balão". O conjunto era muito bom. o nome dele era "Sossega Leão". Os caras tocavam uma salsa maneira, estavam no começo da carreira, (depois vieram a fazer muito sucesso).  Bem, voltando a vaca fria.  Josef nos levou para o salão, era cedo ainda, só tinha uns gatos pingados lá. Meu, bebida tinha a rodo. - Josef teve um estalo e disse: - Você e o Mané vão cuidar do bar pra gente. Vocês são da minha confiança e eu preciso fazer caixa, por que eu investi uma grana "preta" nessa merda.  Eu fiquei meio assim...Pela grana não, por que a gente não ia prejudicar um amigo, mas pelo perigo. O perigo de colocar as raposas dentro do galinheiro . Só de vodka tinha umas vinte caixas, (apesar de que essa vodka Smirnoff não era a minha predileta). Eu gostava de Wiborova e Stolichynaia. Olhei pro Mané...Ele estava todo animado, feliz com aquela fartura de "mé". Meu, eu senti um pressentimento ruim.  Alguma campainha tocava na minha cabeça, "isso vai dar merda". Josef arrumou tudo, explicou e perguntou pro Mané, -'Ta tudo bem?  E o Mané respondeu, "tá tudo pela ordem, tá tudo pela ordem unida do exército nacional". Meu, um parêntesis: Os caras divulgaram mal a festa. Na hora do pico, devia ter umas sessenta pessoas só, no salão. O bar funcionando normalmente, ou seja: Uma vodka pro cliente, duas pro Mané, duas pro cliente, três pro Mané. As vezes, uma ida ao banheiro, pra fazer a cabeça. Lá pelas tantas, o Josef voltou, viu o movimento e ficou meio cabreiro, (sentiu que ia perder uma grana razoável). Deu umas carburadas com a gente, no banheiro, e disse, "eu vou matar o Tomatino, aquele filho da puta". Bem, resumindo, a festa acabou, eu e o Mané estávamos de cabeça feita. (Mané tomou bem umas 3/4 garrafas daquela vodka.). Pegamos o que sobrou de bebidas, colocamos no carro do Josef, e fomos prá casa dele. Josef bufava de ódio. Tinha perdido din din. Já eram umas quatro da matina, fomos dar uns "tiros" e beber a saideira.  Meu, aí começou a merda. Josef pegou uma garrafa de vodka e arremesou na direção do Mané, passou pertinho da cabeça dele..Aquela merda quebrou e espalhou cacos pra todo lado, a roupa, os cabelos, Mané era puro susto e cacos de vidro. Mané pegou o gargalo da garrafa e disse suavemente, "eu vou ter que matar esse cara"...Sururu feito, eu no meio apaziguando... Gente, deixa pra lá, acabou... Josef envergonhado pediu desculpas...Mané aceitou e vazamos dali. - Era uma noite úmida, gostosa. Nós saímos dali e fomos caminhando pela noite. Se ouvia os nossos passos... Tóc, tóc, tóc...Paramos de repente e caímos numa gargalhada incontrolável . Andamos pra cacete, aquela noite. Desde o Alto de Pinheiros até o centro, pra pegar o busão. Os operários andando apressados...Cheguei em casa de fininho, tirei a roupa e me enfiei na cama, de "conchinha" com meu amor.- "A vida era bela". Piú bella.

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