" A dama do elevador ".

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 Chanel nº 5, essa era a fragrância maravilhosa, que ela deixava no ar,ao passar. Ela era bonita, alta & elegante. Tinha um sorriso meio zombeteiro, nos cantos dos lábios. Não me lembro o nome dela. Mas sei que era atriz, relativamente famosa, na época. Eu gostava de vê-la, ficava sentado na escadaria do prédio, pacientemente esperando por ela. Aquela figura me cumprimentava, apenas com um movimento imperceptível da cabeça, um leve & desbaratinado movimento. Vezes por outra, eu conseguia subir com ela, naquele elevador lento e antigo. - Comi muitas vezes aquela mulher, em meus pensamentos. Em meus sonhos. O perfume dela era envolvente & adocicado. Uma noite, lá pelas nove horas, eu subi com ela. Eu ficava "bebendo" aqueles segundos, com meu olhar "pidão" & curioso. Essa noite, ela me beijou, eu não sei como aconteceu, mas quando dei por mim, estava saciando o meu desejo naquela boca. - Ela simplesmente parou o elevador, entre dois andares, e me beijou. Na saída, me deu aquele sorriso maroto, zombeteiro, e sumiu. Eu  parei de viver, esperando por ela, querendo repetir. Passava horas & horas, perdido ali, viajando na imaginação, desejando a "dama do elevador". Na segunda vez que aconteceu, nós nos beijamos, e eu, num momento de atrevimento, levei minha mão até o meio das pernas dela. Senti aqueles pelos sedosos, aquele lugar úmido & aconchegante. Ela abriu um pouco mais as pernas, como que me convidando, me dando as boas vindas em sua intimidade. Eu trabalhei ali, com certa insegurança, mas tentando acertar no carinho, no prazer dela. (Aquela "dama do elevador", suspirava em meus ouvidos, coisas que eu não entendia). Meu desejo era muito grande. Depois que terminamos, ela me beijou, e desceu no andar onde morava. Eu voltava a me sentar na portaria, e saboreava, aquelas recordações... A última vez, que eu estive com a dama, nós saímos do elevador, e fomos lá para a casa de máquinas, no último andar do prédio. E ela me fez feliz, me permitiu penetrá-la. Eu nunca ouvi a voz dela. Somente alguns sussurros & suspiros. E o sorriso, que era cheio de deboche & promessas. Foi muito bom, esse amor furtivo, com a "dama do elevador". - Dedico esse conto ao Nelson Rodrigues, um mestre nas relações humanas. Nas coisas do amor.

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