" 1968 "

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 Esse ano foi phodda. Na França o pau estava quebrando, nos Estados Unidos, guerra do Vietan. Inclunido o massacre de Mi Lai, onde tropas norte americanas invadiram o povoado, e dizimaram velhos & crianças.  Aqui o famigerado AI-5. Ou seja, merda de todo lado.  Mas pra nós, simples mortais, havia Ipanema, Rita Lee, Caetano Veloso, Gilberto Gil & Gal Costa. - Havia também, mulheres saindo pelo ladrão. Todas querendo viver o dia a dia, como se não houvesse o amanhã. Era época do amor livre, da pílula, das drogas & do Rock roll.  Nós, os hippies, andávamos pra lá e pra cá, sempre com a mochila nas costas & os pés nas estradas. - Vamos pra tal lugar? - Vamusimbora... Não se precisava de dinheiro, por incrível que possa parecer.  Sempre tinha um lugar pra se dormir, uma boa marijuana para se fumar. Comida e música boa... No meio daquela repressão toda, nós, os jovens, tentávamos viver uma vida legal.  Havia também, uma certa ingenuidade nas pessoas, não existia essa violência do caralho, que hoje nos transforma em prisioneiros em nossa própria casa.  Tinha o LSD, o famigerado (Louvado Seja Deus), que nos levava a mares nunca d'antes navegados.  Onde viajávamos, abrindo as portas da nossa percepção. Nós fazíamos o nosso easy rider tupiniquim.  Eu me lembro bem, daquela manhã em Copacabana, sentado na areia, vendo aquela menina bonita se banhando, pele morena & corpo perfeito. Entro n'água, me aproximo, conversamos um pouco e nos beijamos, aquilo aconteceu tão natural. Depois nos apresentamos, ela havia saído de casa, não tinha onde dormir.. - Fomos passar a noite lá no MAM, (Museu de Arte Moderna). Lá nos fizemos a famosa fogueirinha de papel, da versão de No Woman no Cry.  Fizemos amor, falamos de sonhos, sonhos da juventude...Nos agasalhamos, um no outro, corpo no corpo...  Havia muito romantismo naqueles tempos época do amor,livre. Ficamos juntos uma semana, depois nos separamos, fomos buscar as nossas ilusões, nossas utopias, cada um para o seu lado.  Todos nós, sabíamos o que acontecia no Brasil... Alguns dirão que éramos alienados, mas não, éramos apenas jovens, meninos & meninas, que queriam mudar o mundo.  Hoje, olhando pra trás, sinto que conseguimos mudar, sinto que plantamos uma nova esperança. (Como diria aquela música, do Ivan Lins, "um novo tempo, apesar dos perigos").  Me lembro também, daquela passagem por Rio das Ostras...Nós em quatro pessoas, chegamos lá, estávamos durinhos, sem nenhum. Peguei meu velho violão e comecei a tocar & cantar, na praia. Chegaram quatro meninas classe média, papo vai, papo vem, fomos comer na casa delas. A mãe simpatizou conosco, e passamos a semana toda lá, com elas.  Peguei carona em todas as estradas desse sudeste de Deus.  Conheci pessoas simples, que dividiam o pão com a gente, brasileirinhos maravilhosos.  Amei mulheres ricas & mulheres pobres. Mulheres jovens & trintonas.  Apesar de todas as merdas, 68, teve suas vantagens, - Eu amadureci um pouquinho. Ciao. 

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