Ele se dirigiu ao filho e disse: - Estou indo embora, estou abandonando todas as minhas obrigações, estou lhe passando a empresa, os imóveis, tudo que tenho. Só preciso que você deposite todos os meses, um pouco de dinheiro na minha conta. - Preciso também, comprar um carro novo, o meu está muito velho e não vai aguentar a viagem. - Tem que ser um 4x4, um off road. - Velho: - Onde você quer ir? E eu? - O velho responde: - Eu vou atrás do arco iris, do "meu" arco iris. (Tudo começou assim). Ele pegou o gato dele, comprou provisões, água, uma barraca, lanternas, essas coisas todas. - Rodou por esse Brasil inteiro, (ele e o gato). Sempre procurando o arco iris...(Ele precisava pegar o pote, - o pote que fica embaixo do arco iris). - Sempre que chovia, lá estava ele, perseguindo, acompanhando aquela quimera). Ele já havia notado, que sempre que ele se aproximava, o arco iris se afastava dele. Depois de meses nessa correria, ele já desconsolado, triste, cansado, resolveu acampar, descansar. - Foi pra aquela mata fechada, na divisa de São Paulo com o Paraná. - Ali era morada de onças e cascavéis, mas ele não teve medo...Subiu aquela montanha, arfando de cansaço & sofrimento, (ele e o gato). O lugar era muito bonito, passava um rio lá embaixo, o céu era um mar de estrelas. - Na quinta noite, estava ele olhando o céu, e teve uma visão... - Apareceram três mulheres. Elas usavam roupas pretas, de veludo, brocadas em diamantes. Quando a lua cheia refletia nelas, os brilhantes faiscavam. - Todas tinham cabelos louros, compridos. - Eles se comunicavam sem palavras, sem abrir a boca. - A primeira se identificou como Lilith, a segunda, como Lisbeth & a terceira, como Sônia. - Lilith disse: - Eu sei do seu propósito, de passar no arco iris. - Mas o seu coração espiritual, ainda não está perfeito, para que isso aconteça. - Lisbeth, que estava calada, até aquele momento disse: - Nós passamos, nós três. - Sônia continuava calada...- Sônia resolveu falar (mentalmente), e disse: - Talvez você consiga, por que você não pediu posses, pediu apenas para viajar no tempo, para resolver coisas do seu passado...Coisas mal resolvidas. - (Ele ficou ali por mais uns dias, as vezes descia até o rio, para se banhar e pescar). - Numa tarde quente, ele desceu ao rio, para se banhar, e começou aquela chuva. - Chovia torrencialmente, e ele ali parado, pensativo, triste...O sol reaparece, a tarde fica linda, com aquele cheiro de mato & terra molhada... (Ele nota que o arco iris está bem acima dele, e ele visualiza o "pote"). - Um pote cheio de ouro, transbordante de brilho. - Ele caminha até ali, coloca a mão, e sente que aquilo se dilui em sua mão...Cai e desmaia. Acorda noite alta, um céu estrelado visita seus olhos. - Vê um menino de costas, cabelos louros, longos...- O menino diz, (sem se virar): - Venha até aqui. - Ele se aproxima, trêmulo, amedrontado...- Ele pergunta ao menino: - Quem é você? - O menino responde, vocês me chamam de "O Senhor do tempo", mas esse não é o meu nome, por que o tempo não existe, é uma invenção humana. - Diz ainda: É tudo uma questão de expansão & contração. - Na casa do meu Pai não existe isso. - O homem, atrevido, pergunta o nome dele. - Ele diz: - Meu nome é Eu Sou, (Porquê Sou). - Eu Sou diz a ele: - Nós demos tudo a vocês, inclusive a Vida Eterna, mas vocês colocaram quase tudo a perder, quando inventaram esse tal de "tempo". - Mas meu Pai, na sua Misericórdia, ainda dá chance a vocês...- Quando nós enviamos o nosso irmão até essa "ESFERA", ele foi torturado, ofendido e assassinado por vocês...(Quando Eu Sou ficava bravo, os cabelos dele branqueavam). - Ele tinha um olhar cansado, de quem já viu muitas coisas, naquele corpo de menino...- Me diga de uma vez por todas: Qual a necessidade real, que você tem, de viajar no "tempo"? - Ele respondeu a Eu Sou: - Eu deixei muitas coisas erradas, no passado, coisas que eu gostaria de acertar...- Eu Sou explicou: - Não existe memória no passado, isso é invenção de vocês...- Meu Pai, recebeu ensinamentos do Pai, do Pai, do Pai Dele, de que vocês são seres tristes, vaidosos, invejosos, menores...- Mas Ele na sua imensa misericórdia, não abriu mão de vocês... - Tudo em vocês é pequeno...- A ciência de vocês é primária. Querem conhecer novas esferas, mas não conseguem resolver a fome, a desigualdade, a vida... - Vocês ainda usam hidrazina, como combustível de suas naves... Não tem a tecnologia do viajar no éter. - Meu Pai tem tudo isso, para entregar, mas ainda não chegou a hora. - (Os cabelos Dele estavam totalmente brancos). - O homem diz: - Me dê a chance de voltar, por favor...- Eu Sou faz um gesto com as mãos, e aparecem três alamedas... Ele diz: - Escolha duas, uma delas é o seu passado... - O homem entra na primeira alameda, lá dentro só existem pessoas velhas doentes. Existe um ranger de dentes, naquele lugar, só sofrimento, tristeza, dor. - O homem volta correndo, Eu Sou está com os cabelos totalmente brancos...- O homem entra na segunda alameda. - Lá dentro está ELA, do jeito que ele a conheceu há quarenta anos atrás...- Ele se aproxima, ela muito simpática, se apresenta a ele, eles conversam.- Ele nota que ela não se lembra dele, que ela está feliz, - O mesmo sorriso de sempre...- (Ele tinha tantas coisas para conversar com ela)...Mas desiste e volta. - Eu Sou já se tornou um ancião, naquele corpo de menino, mas brilha muito. O homem já não consegue olhar diretamente pra Ele. - Eu Sou diz: - Tudo o que você viu aqui, será esquecido. - Ele, (o homem), pede que Eu Sou deixe as memórias daquele momento. - Mas Eu Sou é irredutível, diz que não... - O homem acorda no outro dia, tranquilo, pega o gato, as coisas dele, e volta para casa, pra vida dele.