07 - Beatrice

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Já eram quase 10 horas quando saí de casa para apanhar ar. Já estava a sufocar em casa, sem nada para fazer. Continuava preocupada com Alexa, que ainda não me tinha dado notícias.
Caminhei pelo caminho de terra, embrenhando-me cada vez mais na floresta.

- O que é que fazes aqui?

Voltei-me, assustada, e encontrei Lorenzo, a poucos passos de mim, olhando-me com um ar preocupado.

- Isso pergunto eu! O que é que estás aqui a fazer?! – exclamei, ainda com o coração aos saltos.

- Eu vim dar uma volta, e tu?

- O mesmo...

Ele deu uns passos na minha direção, cauteloso.

- Estás bem? – perguntou, talvez percebendo que eu não estava nada bem.

- Mais ou menos – acabei por suspirar – Estou a tentar ligar à Alexa desde ontem e o telemóvel está sempre desligado, ainda não me deu notícias...

Ele mudou a sua postura, como quem sabia de algo que não me estava a querer dizer.

- Vais ver que ela vai acabar por dizer alguma coisa – disse apenas.

Olhei-o, pedindo explicações, mas ele ignorou-me. Começou a andar em direção ao interior da floresta. Segui-o.

- Passa-se alguma coisa? – perguntei, agarrando-o no braço.

Ele hesitou, e depois olhou-me nos olhos.

- Não, não se passa nada.

- Não parece – contrariei – Eu vi como é que ficaste quando eu falei na Alexa.

- Foi impressão tua – insistiu – Eu nem conheço a rapariga.

Suspirei, sem saber mais o que dizer para o fazer falar.

- Tenho de ir – disse, rude, e andou em sentido contrário.

Voltei-me, tentando impedi-lo, mas quando olhei para trás de mim ele já não estava lá. Desapareceu.
Olhei em redor, procurando algum sinal dele, mas nada. Simplesmente desaparecera.
Abanei a cabeça, tentando perceber o que acabara de acontecer. Teria sido imaginação minha?
Quase me tinha convencido de que acabara de imaginar o encontro com ele, se não tivesse reparado nas pegadas à minha volta. Algumas eram minhas, outras eram um pouco maiores. Não tinha sido imaginação minha, ele tinha estado ali comigo. Só não conseguia perceber como é que ele desapareceu de um momento para o outro.
Assustada, comecei a correr caminho acima, em direção a minha casa. Já só parei quando entrei no meu quarto, deixando-me cair em cima da cama, exausta.
Tinha de haver uma explicação para o que acabara de acontecer. Qual, eu não sabia. Mas tinha de haver uma explicação.

a herdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora