Já eram quase 10 horas quando saí de casa para apanhar ar. Já estava a sufocar em casa, sem nada para fazer. Continuava preocupada com Alexa, que ainda não me tinha dado notícias.
Caminhei pelo caminho de terra, embrenhando-me cada vez mais na floresta.- O que é que fazes aqui?
Voltei-me, assustada, e encontrei Lorenzo, a poucos passos de mim, olhando-me com um ar preocupado.
- Isso pergunto eu! O que é que estás aqui a fazer?! – exclamei, ainda com o coração aos saltos.
- Eu vim dar uma volta, e tu?
- O mesmo...
Ele deu uns passos na minha direção, cauteloso.
- Estás bem? – perguntou, talvez percebendo que eu não estava nada bem.
- Mais ou menos – acabei por suspirar – Estou a tentar ligar à Alexa desde ontem e o telemóvel está sempre desligado, ainda não me deu notícias...
Ele mudou a sua postura, como quem sabia de algo que não me estava a querer dizer.
- Vais ver que ela vai acabar por dizer alguma coisa – disse apenas.
Olhei-o, pedindo explicações, mas ele ignorou-me. Começou a andar em direção ao interior da floresta. Segui-o.
- Passa-se alguma coisa? – perguntei, agarrando-o no braço.
Ele hesitou, e depois olhou-me nos olhos.
- Não, não se passa nada.
- Não parece – contrariei – Eu vi como é que ficaste quando eu falei na Alexa.
- Foi impressão tua – insistiu – Eu nem conheço a rapariga.
Suspirei, sem saber mais o que dizer para o fazer falar.
- Tenho de ir – disse, rude, e andou em sentido contrário.
Voltei-me, tentando impedi-lo, mas quando olhei para trás de mim ele já não estava lá. Desapareceu.
Olhei em redor, procurando algum sinal dele, mas nada. Simplesmente desaparecera.
Abanei a cabeça, tentando perceber o que acabara de acontecer. Teria sido imaginação minha?
Quase me tinha convencido de que acabara de imaginar o encontro com ele, se não tivesse reparado nas pegadas à minha volta. Algumas eram minhas, outras eram um pouco maiores. Não tinha sido imaginação minha, ele tinha estado ali comigo. Só não conseguia perceber como é que ele desapareceu de um momento para o outro.
Assustada, comecei a correr caminho acima, em direção a minha casa. Já só parei quando entrei no meu quarto, deixando-me cair em cima da cama, exausta.
Tinha de haver uma explicação para o que acabara de acontecer. Qual, eu não sabia. Mas tinha de haver uma explicação.

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a herdeira
Vampire(história em pausa) Uma casa no meio da floresta, fechada há 28 anos. Uma biblioteca que esconde um cofre. Um sótão fechado à chave. Uma floresta onde acontecem coisas estranhas. Dois desaparecimentos e uma morte suspeita. Uma história com 50 anos...