13 - Lorenzo

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Assim que estacionou o carro em frente à garagem de casa, Bea suspirou e encostou a cabeça no banco.

- Estás bem? - perguntei, pousando a minha mão na dela.

Ela assentiu com um aceno de cabeça no momento em que o seu telemóvel recebia uma mensagem. Ela pegou nele e segundos depois voltou a guardá-lo no bolso do casaco.

- O meu irmão vai ficar a trabalhar até de manhã...

Olhei lá para fora, observando o ambiente da floresta. O sol, fraco, iluminava as árvores e a casa.
Bea abriu a porta do carro e saiu, e eu fiz o mesmo. Quando ela trancou o carro, encostou-se a ele com um ar abatido e pensativo.
Voltei a observar as árvores cerradas em volta, preocupado. Depois aproximei-me dela.

- Queres companhia? - perguntei quando ela lançou um rápido olhar à casa.

- Sim... - respondeu ela com os olhos brilhantes.

Instintivamente puxei-a para mim e abracei-a. Ela estava triste e apesar de eu saber o que ela tinha vindo a passar durante os últimos tempos, não sabia bem o que a estava a deixar triste naquele exato momento, ou se era tudo que se tinha acumulado e a deixara à beira de desabar.
Quando começou a chuviscar, desfizemos o abraço e fomos para dentro de casa. Bea continuava calada, com um ar triste, e eu não sabia o que fazer para a animar.
Fomos para o quarto dela e ela sentou-se na cama, entre as almofadas, encostada à parede. Fui sentar-me ao pé dela.

- Queres falar? - sugeri. Talvez ela precisasse de desabafar.

Ela conteve um suspiro e deixou cair uma lágrima pequenina - Tenho medo que a conversa com o meu irmão não corra bem.

Deixei-me ficar em silêncio, pois não sabia bem o que lhe dizer. Até eu tinha medo disso.

- E... sinto-me super distante da Alexa... parece que vivemos em mundos completamente diferentes. E sinto o mesmo em relação a ti... e com isto do meu irmão, é como se eu estivesse sozinha...

Engoli em seco, sentindo-me desconfortável.

- Tu não estás sozinha - murmurei.

Um silêncio pesado instalou-se entre nós. Pareceu-me que Bea não tinha levado as minhas palavras a sério. Era como se não acreditasse.

- Tu não estás sozinha - insisti - Eu estou aqui, para te ajudar. Sei que tudo isto é uma confusão e que mudou completamente a tua vida mas tu não estás sozinha...

Ela limpou uma lágrima teimosa e pousou a cabeça no meu ombro. Dei-lhe um leve beijo no cabelo e passei o meu braço à volta da sua cintura.
Suspirei e decidi ser sincero.

- Eu ouvi a tua conversa com a Alexa...

Bea endireitou-se e retirou o meu braço da cintura dela. Encolhi-me, ansioso, e reparei que ela ficara desconfortável com o assunto.

- Ouviste o quê? - disse ela, com o olhar pregado nas suas mãos.

- Ouvi tudo... e acho que precisamos de falar...

Ela manteve-se em silêncio, talvez à espera que eu continuasse. Respirei fundo, talvez para arranjar coragem.

a herdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora