12 - Beatrice

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Desisti de tentar perceber o que se passava porque Lorenzo parecia decidido a não me contar nada. Não entendia porquê, não entendia porque é que Alexa o fizera prometer que não me contava nada. Eu estava preocupada com ela, não tinha notícias há dias, não era normal alguém desaparecer assim.
Enquanto conduzia pela estrada de terra batida, em direção à estrada norte, pensava insistentemente no assunto. Eu nem sabia que Alexa se dava com os Bartori, não era normal que ela estivesse em casa da família de Lorenzo. Ou estava alguma coisa a escapar-me?
De repente, passou-me pela cabeça uma ideia um pouco aterrorizante. Rodrigo também tinha vindo a faltar às aulas nos últimos dias. Pensando bem, Rodrigo e Alexa desapareceram exatamente ao mesmo tempo.
Como as peças de um puzzle, começou tudo a ligar-se na minha cabeça. E inconscientemente cheguei a uma conclusão, mas abanei levemente a cabeça para afastar aquela ideia. Por norma eu costumava confiar no meu instinto, mas naquele momento desejei estar errada.
Lorenzo foi-me dando indicações e cerca de 15 minutos depois entrámos novamente para uma estrada de terra que continuava para o interior da floresta. Conduzi com cuidado e minutos depois ele indicou-me uma mansão enorme, talvez tão grande como a casa onde eu vivia. Encostei o jipe na berma da estrada e Lorenzo saiu. Desliguei o carro e fiz o mesmo, fechando a porta enquanto observava a casa.
À porta apareceu um senhor que eu conhecia apenas das fotos antigas que a minha avó guardara juntamente com os seus diários. Vinte e oito anos depois, estava igual, a mesma pele extremamente pálida, os mesmos olhos azuis-escuros com alguns apontamentos negros, o mesmo cabelo preto. Era impressionante.
Percebi então que tinha ficado especada a observar cada pormenor de John e tossi, envergonhada, caminhando depois até junto dele, acompanhada por Lorenzo.

- Esta é a Bea – apresentou-me e John olhou-me atentamente.

- És igualzinha à tua avó... - ele parecia embrenhado em memórias passadas – É impressionante...

Sorri envergonhada. Não era uma novidade para mim, também os meus pais me tinham dito várias vezes, e a minha avó, quando ainda era viva, também me costumava dizer que quando era nova era igualzinha a mim. Para além disso, eu já tinha visto fotografias antigas dela e tinha a perfeita noção que parecíamos quase gémeas. 

a herdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora