20 - Alonso

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Mantive-me com as costas apoiadas à porta do meu quarto. Conseguia ouvir o coração de Bea, conseguia sentir a tensão entre os dois. Aquilo não era bom. A Bea e o Lorenzo de costas voltadas. Por causa do estupido legado do nosso avô.
Por um lado eu percebia a minha irmã. Iria fazer-lhe bem algum treino, até porque se um dia eu me descontrolasse e a atacasse, gostava que ela estivesse preparada para se defender, nem que para isso tivesse de me enfiar uma bala de prata num braço ou numa perna.
Mas também entendia o Lorenzo. Também não me agradava nada ter o sótão cheio de armas que me podem matar facilmente, e não me agrada que a Bea se meta neste mundo, que ande armada. Isto era a última coisa que eu queria que acontecesse. Foi por isto que demorei tanto a contar-lhe tudo, eu não lhe queria contar porque queria que ela tivesse uma vida normal, longe de tudo isto.
Deixei-me escorregar até ao chão depois de o ouvir sair pelo terraço. Sabia que nada ia impedir a Bea de recuperar os poderes e de aprender a usar as armas do avô. E isso preocupava-me.
De repente o meu telemóvel começou a tocar e eu tirei-o do bolso das calças. O número que apareceu no ecrã era do hospital.

a herdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora