23 - Alonso

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Entrei no sótão e vi que a parede estava aberta.
Bea estava sentada no chão, rodeada por vários cadernos da avó e estava a usar o anel. Aproximei-me e sentei-me ao pé dela.

- Novidades?

Ela abanou negativamente com a cabeça, com um ar concentrado, sem desviar os olhos do que estava a ler.

- Queres ajuda com alguma coisa? – perguntei.

- Tu também treinaste? – perguntou de repente, mal me deixando acabar a pergunta.

Olhei-a com um ar interrogativo.

- Se treinaste... com as coisas do avô? Todos os membros da família são treinados mesmo que não assumam o papel de caçador...

Assenti, começando a sentir-me nervoso – Sim, mas eu não. Só tive dois treinos antes de desistir...

Levantei-me e, sob o olhar curioso dela, saí do sótão. Desci as escadas lentamente e fechei-me no quarto. Fui assaltado por más recordações, coisas que sentia que a Bea devia saber. Mas eu não tinha coragem para lhe contar. Não ainda.
Verifiquei o meu telemóvel, vendo que tinha uma chamada não atendida do Lorenzo. Já tinham passado horas desde que ele me ligara a avisar que encontraram um vampiro desconhecido.
Suspirando, liguei-lhe de volta, mas ele não atendeu. Estranhei.
Guardei o telemóvel no bolso e saí do quarto, descendo até à cozinha para ir comer qualquer coisa. E foi então que tive um mau pressentimento quando olhei pelas vidraças.
Faltavam poucos dias para a próxima lua cheia. Mas não era por causa disso. Era outra coisa. Alguma coisa estava para acontecer. A chegada deste vampiro não era algo bom, e saber que se tentou aproximar da Bea só me faz pensar no pior. Não podia ser uma coincidência. E só podia querer dizer uma coisa.
Lá fora, no meio das árvores, pareceu-me ver um reflexo, algo que brilhou por instantes e que desapareceu logo.
Respirei fundo. Talvez fosse só impressão minha. 

a herdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora