Os barulhos que vinham de lá fora eram inquietantes.
Ao início, pensei serem de um animal selvagem, talvez de um lince ou outro parecido. Mas minutos depois todos ficámos alerta, reconhecendo os rugidos.- O Federico ainda não voltou da caçada? – perguntou John, descendo as escadas apressadamente.
- Não – respondi, sério.
Sandra encontrava-se a meu lado e mostrava-se pronta para sair porta fora e procurar o nosso irmão.
- Onde está o Rodrigo? – perguntei.
- Estou aqui – aparecendo ele atrás de John – Vamos procurá-lo.
- Estás em condições para isso? – perguntou John, preocupado – Pode ser perigoso...
- Eu estou ótimo, não posso deixar que aconteça ao Federico o mesmo que me aconteceu – disse ele, determinado.
Sandra já saía de casa e Rodrigo foi atrás dela à velocidade da luz. Atrás de John, apareceu Milena, que nos olhava com um ar aterrorizado.
- O que é que está a acontecer? – perguntou, notando a falta dos meus irmãos.
- O Federico pode estar em apuros – explicou vagamente o John – Ficas aqui, enquanto nós o vamos procurar – pediu e deu-lhe um beijo de despedida.
Apenas sorri e segui-o, saindo ambos de casa.
Corremos pela floresta, à velocidade de uma onça, tão rápido sem quase tocarmos com os pés do chão. Seguíamos os rugidos por instinto, preocupados com o que podia estar a acontecer.
Fomos encontrar Federico caído por terra, no meio de árvores e arbustos, sangrando de uma perna e de um braço. Contorcia-se no chão, cheio de dores.- Espalhem-se, podemos estar a ser vigiados! – ordenou John – Procurem a pessoa que fez isto!
Vi-o ajoelhar-se ao lado de Federico e agarrá-lo, tentando levantá-lo e levá-lo de volta para casa.
Afastei-me, correndo em volta das árvores, enquanto Sandra e Rodrigo tomavam direções opostas.
Eu não conseguia sentir o cheiro de ninguém, não conseguia ouvir movimentos humanos por ali.- Não encontro nada – refilou Rodrigo, aproximando-se de mim enquanto olhava em volta – Quem quer que tenha sido foi-se embora antes que pudéssemos chegar!
- Concordo – respondi-lhe – No regresso a casa temos de nos certificar de que não somos seguidos.
*
- Como é que ele está? – perguntou Rodrigo assim que entrámos em casa.
- Foi atingido por duas balas de prata, mas eu consegui retirá-las do corpo dele – explicou John – Está a recuperar.
Milena veio logo abraçar-me, preocupada e ao mesmo tempo aliviada por me ver bem. Depois de se certificar de que eu não estava ferido, foi abraçar Sandra e depois Rodrigo.
- Quem é que achas que é? – perguntou Rodrigo.
- Não sei – respondeu sinceramente John – Mas corremos um grave perigo. A partir de agora não quero ninguém sozinho na floresta.
- Fica descansado – garantiu Sandra – E temos de descobrir o que se passa. Alguém nos quer matar.
- Era só o que faltava, andar por aí algum caçador – replicou Milena, sentando-se no sofá com um ar abatido.
- Não te preocupes – pediu John, sentando-se ao seu lado e dando-lhe um beijo na cabeça – Não vou deixar que destruam a minha família.
Subi as escadas até ao último andar, entrando no meu quarto e fechando a porta.
O que estava a acontecer era um assunto grave e irritava-me o facto de não haverem respostas.

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a herdeira
Vampiros(história em pausa) Uma casa no meio da floresta, fechada há 28 anos. Uma biblioteca que esconde um cofre. Um sótão fechado à chave. Uma floresta onde acontecem coisas estranhas. Dois desaparecimentos e uma morte suspeita. Uma história com 50 anos...