21 - Lorenzo

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Abri a porta e deparei-me com John, que se preparava para sair de casa.

- Onde vais a esta hora? – perguntei, estupefacto.

- Houve um problema, dos graves – disse ele com uma expressão muito séria e preocupada – Encontraram dois homens mortos numa bomba de gasolina na estrada que sai da cidade, perto da floresta. Foram mortos por um dos nossos.

- Por um vampiro?! – exclamei.

Ele assentiu – Há pouco um médico que é nosso aliado ligou-me a avisar. Tenho de ir para lá imediatamente. Até eu voltar não quero que voltes a sair de casa. Anda por aí um vampiro descontrolado que não sabemos quem é, e que não sabemos se está sozinho nem o que está cá a fazer.

Concordei com um aceno de cabeça e deixei-o ir embora. Tranquei a porta e subi as escadas, parando à porta do quarto de Federico.

- As coisas estão a piorar, han – comentou ele, com um ar abatido.

- Estão mesmo – murmurei, sentando-me num dos pufs que ele tem do lado esquerdo da porta.

Passaram-se alguns minutos de silêncio até que ele veio sentar-se ao meu lado.

- O que é que se passa? – perguntou.

Abanei levemente a cabeça, tentando organizar os pensamentos – Nada de bom. Acho que eu e a Bea acabámos.

No segundo a seguir Alexa apareceu à porta e sentou-se no chão, à minha frente.

- Acabaram porquê? – perguntou ela, olhando-me nos olhos com um olhar tão profundo que me fez impressão.

- Discutimos. Ela encontrou as coisas do avô e meteu na cabeça que quer treinar e aprender a usar as armas – contei-lhes.

- Tendo em conta que acabámos de descobrir que andam por aí um ou mais vampiros perigosos que não hesitam em matar, acho bem que ela queira ser capaz de se defender – comentou o Federico.

- Sim, isso é bom mas não me agrada a ideia de ela andar armada – refilei – Não a quero metida nestas confusões. Lá porque o avô foi um caçador e a avô uma bruxa e o irmão é um lobisomem, não quer dizer que ela tenha de fazer parte deste mundo.

Alexa assentiu, percebendo a minha preocupação e o meu medo.

- Não quero que ela ande com armas de prata... não me sinto seguro – admiti, engolindo em seco, sentindo os meus olhos inundarem-se de lágrimas.

- Eu pensava que confiavas nela.

- Eu também pensava que sim. Mas não consigo confiar em alguém que ande com armas de prata – a minha voz tremeu um pouco.

- Achas que ela se vai tornar um perigo para nós?

- Não sei. Neste momento já não sei nada.

- Não acredito que ela fosse capaz de te magoar – disse a Alexa, parecendo demasiado convicta do que dizia.

Olhei-a com um ar preocupado. E se fosse? E se ela se envolvesse demasiado no mundo do avô e se virasse contra nós?

a herdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora