20 - Beatrice

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- Conseguiste abrir a passagem?! – o meu irmão estava estupefacto e eu estava eufórica.

- Sim, tens de lá ir acima ver aquilo! Era onde o avô guardava as armas dele, aquilo é incrível, um pouco assustador mas incrível.

Notei que ele ficou um pouco hesitante mas acabou por sorrir e deu-me a mão, subindo as escadas à minha frente.
Entrámos no sótão e ele viu de imediato a parede aberta.

- É um mecanismo. Quando se carrega no botão a parede desliza – expliquei.

Ele caminhou lentamente na direção da passagem e olhou para o lado de lá.
É basicamente a continuação do sótão. Limitaram-se a construir uma parede a dividir o espaço. O lado de lá era iluminado por uma pequena janela na parede.
A parede a norte estava forrada com uma estante enorme que a ocupava na totalidade. Estava cheia de livros, cadernos, frascos de todos os tamanhos e feitios. A parede em frente estava ocupado com um armário tipo closet e cheio de armas de todos os tamanhos e feitios, espingardas e pistolas, arcos e flechas, estacas e punhais de prata, dardos, gavetas cheias de munições de prata e outras. Aquilo era fascinante e ao mesmo tempo aterrador. Assustava-me o facto de ter um arsenal cá em casa.
O meu irmão também parecia partilhar da minha opinião e não se aproximou muito.

- Já conseguiste encontrar alguma coisa sobre o anel nas coisas da avó? – perguntou ele alguns minutos depois, olhando para o armário dos frascos.

- Não, ainda não procurei.

- E acho melhor deixares isso para amanhã – disse ele – Já é tarde e amanhã tens aulas.

Concordei. Por hoje já tinham sido emoções a mais. Saímos dali e fui até ao quadro elétrico fechar a parede.

- Como é que descobriste como entrar? – quis saber o meu irmão, curioso, enquanto descíamos as escadas.

- Descobri um caderno da avó em cima de uma das estantes da biblioteca – esclareci.

Ele assentiu e depois despediu-se de mim, indo para o quarto. Fui até à biblioteca, tirei o anel do dedo e guardei-o no cofre. Depois apressei-me a organizar tudo o que tinha espalhado em cima da mesa e guardei dentro do cofre e depois fechei-o, indo para o meu quarto.
Sentei-me na cama e olhei para a floresta, que parecia muito silenciosa. De repente tive um pressentimento. Um mau pressentimento vindo das árvores.
Abanei a cabeça e tentei pensar noutras coisas. Esconderijos na casa. Segundo a minha avó, havia mais esconderijos naquela casa. Tinha de ler com mais atenção o caderno e descobri-los. Mas ficaria para outro dia. Naquele momento não era essa a prioridade.
Voltei a observar a floresta, iluminada pela fraca luz da lua. O meu telemóvel deu sinal de mensagem e eu assustei-me.

Descobrimos que anda por aí outro vampiro, só não sabemos se está sozinho. Houve um homicídio hoje, dois caçadores foram mortos. Por favor tem muito cuidado a partir de agora. Tenta não ir para a floresta.

O meu coração disparou. Outro vampiro? Que matou pessoas? Bolas. Como se não bastasse a caçadora misteriosa andar por aí, agora também um vampiro descontrolado andava a fazer porcaria.
Uma nova mensagem despertou-me dos pensamentos.

Posso ir ter contigo.

Sorri.

Sim, claro que podes.

a herdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora