Lá fora, sentados no chão da casa de banho das raparigas, Alexa e Lorenzo tentavam falar com Bea para perceberem o que se passava.
- Por favor fala connosco... o que é que se passa?
Bea deixara cair algumas lágrimas assim que tinha saído da sala, mas não tinha falado grande coisa. Depois de ter passado a cara por água disse que já se sentia mais calma e Alexa ajudou-a a sentar-se no chão. Bea encostou-se à parede, fechou um pouco os olhos e não disse mais nada.
Lorenzo, lá fora, andava em círculos à porta da casa de banho até que se fartou e acabou por entrar na casa de banho, sentando-se ao pé delas e dando a mão a Bea. O seu toque frio fez reagir Bea, que abriu os olhos, mais calma.
Alexa tinha já percebido que Bea estava confusa e não percebia o que acontecera desde que entrara em estado de pânico na sala.- Eu pedi ao professor para vir contigo cá fora, o Lorenzo também veio... tu tiveste um ataque de ansiedade... - explicou ela quando Bea perguntou o que se tinha passado – Só acalmaste quando passaste a cara por água fria, depois sentei-te aqui e tu ficaste completamente apática...
Bea respirou fundo e endireitou-se, com as costas bem apoiadas na parede. Lorenzo aproximou-se dela e passou o braço pelas costas dela. Bea acabou por pousar a cabeça no seu ombro, deixando cair uma lágrima.
- Queres contar o que se passa? – perguntou Alexa.
Bea continuou em silêncio e, quando eles já tinham perdido a esperança de que Bea falasse, ela limpou a lágrima e suspirou.
- Hoje a minha mãe faz anos... e amanhã é o aniversário da minha irmã...
Alexa ficou a olhar para ela, sem perceber o porquê de aquilo ter provocado aquele efeito na amiga. Lorenzo percebeu a sua confusão e lançou-lhe o típico olhar de "depois conto-te", deixando-a mais descansada.
Na sala, Federico ouviu aquela pequena conversa e ficou um pouco mais descansado por saber o que se passava realmente com Bea.
Do outro lado da escola, na sala de aula onde os gémeos Bartori tinham aula de Matemática, ambos se aperceberam de que algo se passava pois sentiram os movimentos do irmão no corredor. Sandra pediu para ir à casa de banho e quando a professora deixou ela dirigiu-se à velocidade da luz seguindo o cheiro do irmão. Encontrou Lorenzo, Alexa e Bea sentados no chão da casa de banho. Bea estava um pouco melhor e acabou por se levantar, e Alexa levou-a para a sala. Um pouco atrás, Lorenzo explicou à irmã o que se passara, descansando-a.*
Lorenzo parou o seu Mercedes em frente da garagem de casa de Bea e recostou-se no banco. Bea, ao seu lado, não se mexera. Ainda estava um pouco abatida com as memórias.
Ao fim de um bocado abriu a porta, pegou na mala e saiu para a rua. Lorenzo fez o mesmo para lhe fazer companhia até à porta de casa.
Bea meteu a chave na porta, abriu-a e assim que entrou desligou o alarme. Lorenzo deixou-se ficar na ombreira da porta. Não tencionava entrar, preferia deixá-la sozinha por umas horas, achava que ela precisava do seu espaço.- Estás entregue... - murmurou ele.
Bea assentiu mas deixou-se ficar no mesmo sítio, sem fazer nada.
- Mais logo passo por aqui, pode ser? – Lorenzo passou a sua mão levemente pela bochecha dela.
- Sim... - respondeu ela.
Lorenzo, lentamente, aproximou-se dela e deu-lhe um pequeno beijo nos lábios. Depois afastou-se, desceu as escadas do alpendre e dirigiu-se ao seu carro.
Bea fechou a porta de casa, trancando-a.
Lá fora, Lorenzo olhou em volta antes de entrar para o carro. Tinha a sensação de que não estava sozinho, de que estava a ser observado. Mas não viu ninguém, nem sentiu a presença de ninguém. Achando que tinha sido impressão sua, entrou no carro e foi-se embora.
Em casa, Bea subiu as escadas todas até ao seu quarto, deixou a mala no chão e deitou-se na cama, com os fones nos ouvidos enquanto pensava na sua família.

VOCÊ ESTÁ LENDO
a herdeira
Vampire(história em pausa) Uma casa no meio da floresta, fechada há 28 anos. Uma biblioteca que esconde um cofre. Um sótão fechado à chave. Uma floresta onde acontecem coisas estranhas. Dois desaparecimentos e uma morte suspeita. Uma história com 50 anos...