Farmácia.

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Voltando ao lugar barulhento e cheio de luzes de diferentes cores, além dos desconhecidos dançando pelo lounge, todos os outros membros estavam bebendo e rindo como jovens normais, não se importando nem um pouco com o resto do mundo que os rodeava, aquilo me provava que por mais que minha vontade de explodir seja grande, ninguém realmente ligava.

Amy: - Estou indo em uma farmácia.

Os avisei sem nem mesmo precisar parar e dar uma explicação, continuei a rua reto, a cidade era pouco iluminada e logo acabei tropeçando em uma pedra avulsa no chão, por alguns instantes me esqueci que não era a raiva que me cegava e sim meus olhos, sapateie com raiva como se pudesse quebrar aquela rua inteira apenas por causa de uma pedrinha que entrou na minha frente, me senti uma doida por estar tão irritada com uma pedra. Parei de chutar o ar e suspirei tentando não agir de forma idiota mesmo borbulhando de estresse, dei mais um passo à frente e me atrapalhei na hora de levar meu pé ao chão e antes de cair com tudo, uma mão firme me segurou.

Rony: - Você está sem dinheiro, certo? Ou planejava roubar a farmácia?

A mão suave do pequeno havia me agarrado e me colocado nos eixos novamente com muita facilidade, ele não perguntou o motivo de descantar minha raiva no chão e nem mesmo esperou uma resposta, estranhamente Rony parecia saber exatamente como lidar com o meu temperamento, agradeci por ter me ajudado e aceitei sua companhia até a farmácia.

Angie: - Ei!! Onde está o lobinho?

Angie disse gritando da porta do lounge quando nos viu descendo a rua, parecia um pouco afobada com seus cabelos bagunçados e um suor que não condiz com o frio vento que fazia, como se estivesse dançando horrores ou bebendo além da conta.

Amy: - Não sei!

Segui meu caminho sem dar atenção a Angie, precisava com concentrar em colocar a cabeça no ligar, enquanto pensava em arco-íris e unicórnios, percebi que Rony estava me olhando com muita atenção, seus olhos não tinham descanso nem para piscar, ele olhava desde o meu braço machucado até meus olhos e meu jeito de andar, obviamente muito preocupado com minha infeliz condição, o pequeno até mesmo olhava meus passos para ver se não teria que me segurar de novo. Soltei uma risada sem querer quando percebi que o pirralho estava ali como minha babá e não como minha carteira.

Rony: - Por quê está rindo?

Amy: - Fofo.

Por um segundo Rony parou no meio da rua ao ouvir a palavra que tanto odiava, o garoto de cabelo castanho cheio de cachinhos, olhou exatamente como um pré-adolescente quando é chamado de criança.

Rony: - Eu?!

Amy: - Você me lembra meu irmão.

Não tive a intenção de citar Minho naquele momento, mas foi tão natural que nem mesmo percebi, depois de brigar com Jack por algum motivo Minho ficou em minha cabeça como se fosse minha ancora de emoções, sempre que fazia ou falava algo que iria me arrepender, a imagem de Minho vinha em minha cabeça me obrigando a agir de forma melhor, fazia um bom tempo desde que mencionei ele em voz alta em uma conversa casual, não demorou muito para meu coração apertar, de tal forma que quase não dava para respirar.

Percebendo minha mudança de humor repentina Rony parou na minha frente e me encarou inocentemente e com muita sinceridade.

Rony: - Ele morreu?

Amy: - Sim, ele morreu.

Acho que era a primeira vez que eu falava isso com todas as letras, fui interrogada diversas vezes pela polícia e escutei a palavra com M mas vezes do que me era saudável, mas nunca admiti isso para mim mesma, me doía muito pensar além da conta sobre sua ausência e não havia um momento que pudesse me esquecer dele, perder Minho era o grande buraco vazio da minha vida.

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