De volta ao passado

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Jack ficou mais firme e tenso depois que o nome de seu irmão foi citado, ele apenas ficou parado como gelo encarando o sorriso de Robin que tentava o provocar de todas as formas.

Robin: - Sei que conhece. Indo até a morte do pequeno Blanck, devo contar exatamente o que ocorreu, de acordo com sua bela raposa.

Doctor acenava para a pequena janela com um sorriso, onde assistíamos apreensivos pela situação.

Robin: - Sendo assim creio que posso contar tudo, sem deixar faltar nenhum detalhe... Era um tranquilo final de tarde no reformatório...

*REFORMATÓRIO VING - 3 anos atrás*

Depois de lamentar a partida de Rob do reformatório, a polícia local desistiu das buscas após o terceiro dia de procura, o deram como desaparecido ou até mesmo a possibilidade de estar morto, Loli estava inconsciente se recuperando de uma cirurgia mal sucedida, ela ainda dormia em seu quarto no hospital sem saber de nada do que acontecia no reformatório. Jack havia sido levado de manhã bem cedo para um local secreto, onde ele nunca nos contava a localização exata, quando o mesmo voltava não tinha lembranças de ter saído.

Em um dia vazio e solitário apenas se escutava um leve barulho de conversa pelo grande e iluminado reformatório, que mais parecia uma casa de adoção, porém o problema era que ninguém queria um delinquente em casa. Sai para andar pelos corredores apenas para preencher algo na minha agenda lotada que consistia em não fazer nada o dia todo. Ao andar por ai dei de cara com Minho e Sid correndo pelos corredores, fugindo da Senhora Morgan, a assustadora múmia responsável pelo lugar.

Sid: - Foi mal.

Minho: - Desculpa, Amy.

Disseram os dois ainda correndo depois de esbarrar em mim enquanto corriam da velha, como sempre o calmo Minho estava sendo arrastado pelo energético Sid, era bom os ver brincar ao invés de se preocupar com coisas desnecessárias. Cansada de correr atrás dos dois pirralhos, a rabugenta senhora parou para tomar fôlego, assim que me viu tomou uma postura rígida com seus olhos de falcão veio até minha direção, seus sapatos com salto batiam no chão ecoando cada barulhinho por todo o corredor, um arrepio me subiu por toda a espinha, seja lá o que a múmia estava para dizer, não era boa coisa.

Sr.Morgan: - Senhorita Fin, receio que terei que transferir a senhorita e seu irmão encrenqueiro! Minho e o desagradável pequeno Blanck estavam roubando do armazém de alimentos novamente, devo dizer que o inocente Fin está sob mal influência daquela peste de cabelo branco... E sobre a senhora, seu quarto está inaceitável, uma completa bagunça, se acha que pode fazer tal coisa somente porque Loli Dragonir está no hospital, está enganada, é meu último aviso.

Assim com toda razão e elegância a velha senhora se pôs a sair pelo corredor a fora, bufando de indignação. Aquilo era incomum, geralmente a Senhora Morgan reclamava de coisas como as de Minho e Sid, era novidade reclamar da bagunça do meu quarto, já que não sou uma pessoa desorganizada ao nível de ser criticada e ameaçada pela Morgan.

Com uma pulga atrás da orelha decidi ir ver a tal bagunça da qual a velha dizia com tanta convicção, estranhamente naquele dia o reformatório estava vazio, ninguém nos corredores, o barulho era quase nulo, mesmo ao anoitecer os dormitórios ainda eram barulhentos, aquela era uma estranha noite com um silêncio fora do normal.

Chegando no quarto 7 encontrei a porta ja aberta, com cautela entrei no estranho quarto, para minha surpresa a Senhora Morgan estava certa, o quarto se encontrava em total caos, as camas estavam completamente viradas do avesso, travesseiros e lençóis no chão, roupas jogadas por toda parte, gavetas fora do criado, até mesmo as plantas que Loli estava cuidando na janela agora estavam com o vazo quebrado no chão. Naquele momento tive certeza que não era sobre a minha bagunça que a velha estava falando, alguém havia invadido o quarto 7.

Entrei em uma especie de pânico assim que vi a bagunça sem motivo algum, preocupada senti uma necessidade de procurar os garotos, coloquei na cabeça para me tranquilizar que poderia ser uma das travessuras de Minho e Sid.

Correndo pelo vazio corredor, encontrei uma misteriosa figura encapuzada que me fez frear imediatamente, assim que aquela coisa virou pude ver um rosto felizmente familiar, com lágrimas no rosto e um semblante profundamente desesperado, ali na minha frente se encontrava Robin, em um moletom preto que poderia caber dois dele, vestindo jeans velho e um discreto all star sujo de barro. Assim que me viu chegar, Rob engoliu o choro vindo na minha direção, não entendi muito bem o que estava acontecendo, porém ao ver o inocente Robin naquela situação comecei a ficar mais preocupada ainda, com vontade de me juntar a ele e chorar por algo que nem mesmo sabia o que era.

Robin: - Amy, fiz algo horrível.

Mesmo segurando o choro, Robin não conseguia parar de tremer, suas lágrimas desciam pouco a pouco, olhando nos meus olhos ele apenas parecia pedir ajuda silenciosamente. Aquele garoto não era do tipo que chorava fácil, apesar de ser brincalhão, desastrado e muito calmo, Rob não chorava daquela forma a algum tempo.

Amy: - Onde você estava Rob? Todos te procuraram por dias, chamamos a polícia para te achar! Estavam falando que você... Você tá bem?!

Meus olhos encheram d'água ao segurar suas mãos por alguns instantes antes do mesmo as puxar de volta, era um alívio depois de algum tempo o ver de novo, nos falavam todos os dias para perdermos as esperanças de o ver novamente. Mas aquele alívio que senti sumiu aos poucos quando percebi que algo estava fora do normal nas ações do Robin, seu rosto, sua atitude e postura estavam completamente diferentes e suspeitas, me subia arrepios apenas de o observar ficar nervoso e inquieto.

Robin: - Me levaram para um lugar estranho, fizeram perguntas sem sentido e tentaram me convencer a contar coisas que eu não sabia, me pediram para contar sobre vocês, Fox... Me obrigaram a dizer tudo, eu não tive escolha.

Robin era um covarde, sempre sendo controlado pelo medo, não era surpresa para ninguém essa sua forma de agir, o estranho sobre isso era seu comportamento instável e a revelação repentina que sem motivo algum estávamos sendo procurados por seja lá quem.

Amy: - O que você disse a eles?

Robin: - Apenas o óbvio... Não importa a situação, se fosse sobre quem Jack ama, ele iria fazer tudo que fosse capaz.

Amy: - O QUE VOCÊ DISSE A ELES, ROB?!

No fundo já sabia onde isso iria dar, sabia sobre exatamente o que Robin falava, o vendo tão desesperado e angustiado me dava certeza que aquilo estava prestes a ficar perigoso.

Robin: - Jack ama apenas duas coisas no mundo, você e seu próprio sangue, me desculpa, Amy.

Tudo se confirmou, sem pensar duas vezes corri para achar os garotos, com lágrimas nos olhos desejei que ainda os encontrasse vivos, deixei Robin ali parado no corredor com seus arrependimentos e lágrimas como um covarde que só sabia tremer, acabando o corredor o escutei gritar com uma voz falha e rouca.

Robin: - NÃO ADIANTA MAIS AMY! ME PEDIRAM PARA TE SEGURAR AQUI, VOCÊ NÃO VAI OS ENCONTRAR!

Ouvindo isso corri com mais motivação ainda, minhas pernas e braços tremiam de forma que eu tinha certeza que o desespero estava me consumindo, naquele noite escura as luzes do corredor estavam desligadas, diferente do normal, enquanto corria no escuro pude escutar um tipo de grito abafado que vinha da direita, quando virei desesperada para ver onde estava o barulho, antes de conseguir entender a situação fui atingida por um soco no estômago que me fez cair no chão agonizando de dor.

Antes que pudesse levantar novamente, dois homens com máscaras brancas e pesadas roupas pretas, me seguraram com força. O treinamento que havíamos tido de luta não iria funcionar neste caso, eu era muito fraca para os enfrentar sozinha, nem mesmo podia acertar um soco em Rob, mais uma vez desejei que Jack estivesse aqui para resolver a situação, ele sim era forte e conseguiria me salvar desses monstros.

Enquanto me debatia na tentativa de me livrar dos grandes homens que mais pareciam robôs me segurando, escutei um barulho de algo sendo arrastado no chão, o barulho se aproximava como se alguém estivesse trazendo um grande saco de arroz pelo corredor.

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