6 - Planos, Ideias Mirabolantes E Pesquisas

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Mal pude esperar a reunião terminar, para puxar a Sayuri. As novidades sobre o término antecipado das aulas, tinham estragado completamente o meu cronograma. A Sayuri estava me ajudando com um plano. Ela é o Léo eram os únicos que sabiam — embora eu achasse que a Felícia estava desconfiada de que eu tramava alguma coisa, já que ela andava mais na minha cola do que nunca.

O lance era que eu sentia que tudo estava desmoronando sobre mim. Todos os meus planos estavam ruindo. E eu não podia concordar com esses novos planos feitos para mim por outras pessoas. Então, eu só conseguia pensar em uma coisa a fazer: fugir.

E, na real, a gente descobriu que a parte mais difícil nem era realmente escapar do palácio, mas sim não deixar que meus pais me encontrassem depois — principalmente porque eu não era exatamente anônima e não passaria despercebida pela maior parte das pessoas — e para onde eu iria, já que não havia a menor possibilidade de eu ir para a casa da Sayuri e não ser descoberta em, tipo, cinco minutos.

E você pode dizer que eu tenho um namorado e tal e que eu poderia ir para a casa dele — e até era uma boa ideia já que ninguém sabia do nosso namoro e não me procurariam por lá, eu acho —, mas o negócio é que o Léo meio que não tinha concordado com a ideia. Para ser sincera, ele estava sendo um medroso de marca maior e estava com medo de que me descobrissem lá e o culpassem por qualquer coisa —na minha opinião é um tanto contraditório para quem quer tanto garantir que eu não me case com outro. Digamos apenas que fiquei um pouco decepcionada.

De qualquer forma, eu estava com o meu problema de estadia. E eu já tinha pensado em ficar em algum hotel, pousada ou qualquer coisa assim, mas eu, com certeza, seria reconhecida em qualquer hotel do país em pouquíssimo tempo — talvez não de imediato, mas certamente em pouco tempo — e, por incrível que pareça, eu não tinha dinheiro. Certo, você deve achar que, sendo uma princesa e tal, eu devo ter dinheiro para dar e vender, mas a verdade é que meus pais não me liberam dinheiro a torto e a direito. Meus pais compravam as coisas para mim. Eu só tinha a minha mesada, que não era grandes coisas porque minha mãe não concordava com as minhas escolhas de roupa, segundo ela, as calças jeans e camisetas que eu comprava eram roupas de "delinquente".

Sério, em nem sonhava em ter um cartão de crédito sem limites, como a maioria das pessoas acreditava — quem me dera, eu já teria uma coleção de All Stars se fosse esse o caso. Então, eu não tinha muito dinheiro guardado comigo, mesmo juntando tudo que eu consegui — e, infelizmente, não era como se eu pudesse vender aquelas almofadas da sala de visitas na OLX.

Durante todo esse processo de arquitetar um plano de fuga perfeito, eu comecei a achar que talvez eu estivesse ficando mais louca do que já era, mas uma ideia, no mínimo, absurda me ocorreu:

— E se eu fosse para Nova Germânia? — Perguntei à Sayuri, talvez mais empolgada do que pretendia.

Nós estávamos no meu dormitório — eu esperava que a Felícia estivesse no térreo, junto com os outros seguranças e não do outro lado da porta ouvindo a conversa —, e já tínhamos vestido outra vez o uniforme.

— O quê!? — A Sayuri praticamente gritou, incrédula. — Você pirou de vez? Você quer ir para Nova Germânia?

— Será que pode falar mais alto? — Repreendi, transbordando ironia. — Talvez não tenha dado para ouvir no meio do oceano Atlântico!

Ela fez uma careta e continuou, em uma voz estridente, porém mais baixa:

— Você ficou maluca? Começou a usar drogas pesadas ou o quê? Você não pode ir para Nova Germânia!

— Por que não? É bem aqui do lado...

Ela evirou os olhos.

Fisicamente é possível, claro. — Ela me encarou, condescendente. — Mas isso é praticamente suicídio! — Ela respirou fundo uma vez, como se estivesse se esforçando para se controlar ao me explicar algo absolutamente óbvio: — Veja bem, você não pode ir para Nova Germânia porque eles estão prestes a declarar guerra contra o seu país. E eu só acho que eles iriam gostar muito da ideia de te encontrar por lá e fazê-la como refém... ou, pior, matá-la.

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