62 - Conversas Sinceras, Paixões e Respostas

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Eu não sabia exatamente há quanto tempo estava na sala de música, mas não fazia menos de uma hora. Milagrosamente, ninguém me interrompeu. Eu tive todo esse tempo para deixar que as lágrimas rolassem livremente enquanto tocava Perfect do Ed Sheeran no piano quase em looping — era a música que eu vinha ensaiando há vários dias, o bastante para conseguir tocá-la sem partitura ou qualquer outra coisa.

Mas eu não tinha nenhuma dúvida de que meu sossego duraria muito pouco. Não fiquei nem um pouco surpresa quando a porta se abriu e minha mãe apareceu. Felizmente ela estava sozinha.

— Tudo bem, mãe — fui me adiantando, voltando os olhos para o piano outra vez —, eu não estou interessada em saber para qual internato na Europa vocês vão me enviar.

Fui realmente pega de surpresa quando ela sentou ao meu lado no banco do piano. Deslizei para o lado para abrir espaço.

— Você não vai a lugar algum — ela falou.

Minhas sobrancelhas se ergueram. Parei de tocar subitamente, me voltando para ela.

— Como assim? O que vocês pretendem, então? — Caramba, eles iam me colocar para fora de casa!

— Sarah — ela disse, tranquilamente, com um olhar suave —, talvez eu não tenha me expressado da melhor maneira, mas eu e seu pai ficamos realmente muito preocupados com a sua fuga. E eu me sentia ainda pior em saber o porquê de você ter fugido. E você já havia nos dito a sua vontade. — Não a interrompi, apenas continuei fitando-a, atônita. — Veja, eu sei que muitas vezes eu te cobro demais, mas, acredite, eu só quero o sem bem. — Ela me olhou com ternura.

— Mãe...

— Olha só, eu tive mesmo muita sorte em, apesar de ser apresentada ao seu pai como pretendente por causa do meu título de nobreza, tê-lo conhecido e me apaixonado por ele. Mas você parece verdadeiramente muito segura de que não quer um casamento nesse momento. E eu não quero que você seja infeliz para sempre por a termos obrigado a casar com alguém que não ama e sem que estivesse pronta.

— Mas... — balbuciei, confusa com tudo aquilo — e os pais do Sebastian?

— Bem, eu conversei com o seu pai enquanto o rei Luís se acamava e falei a minha decisão. Seu pai pode ter ficado um pouco contrariado... mas ele entende. Conversamos com eles e seu pai está terminando de resolver as coisas agora. — Ela sorriu um pouco, na tentativa de me acalmar.

Sem me conter, a abracei, sentindo uma tonelada de peso ser tirada dos meus ombros.

— Ah, mãe... obrigada, obrigada, obrigada!

Ela riu e me abraçou de volta.

— Tenho certeza de que vai encontrar alguém de quem goste. — Senti meu cérebro entrar em curto e desviei os olhos, corando no exato momento que ela se afastava. Tarde demais para eu disfarçar. Ela perguntou, com estranheza: — Que cara é essa?

Incapaz de responder ou de conseguir encará-la, apenas abri a boca e tornei a fechá-la sem dizer nada, como um peixe fora d'água. Mesmo que eu não estivesse olhando para ela, pude perceber que seu tom de voz era algo entre cansado e cético:

— Oh, céus... você já conheceu alguém.

Não fora uma pergunta, mas após alguns segundos de hesitação, finalmente, assenti com a cabeça sutilmente. Tipo, o que eu estava fazendo?

— O conheceu enquanto estava em Nova Germânia? — A raiva que eu esperava não apareceu. Em vez disso, ela parecia tranquila, talvez apenas um pouco alerta.

— Sim — consegui falar.

— Talvez não seja uma boa hora para tentar convencer seu pai a aprovar um plebeu.

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