No dia seguinte, domingo, como sempre, tínhamos terminado o trabalho mais cedo. Principalmente, porque tínhamos conseguido limpar a antessala do quarto do príncipe sem problemas, simplesmente porque ele não estava lá - fiquei sabendo que ele tinha saído muito cedo para o gabinete na cidade. Basicamente depois do almoço já estávamos com tempo livre.
Embora não tivesse tarefas para executar, tecnicamente, ainda estava no meu horário de trabalho, portanto continuava de uniforme. Sentada na varanda, lendo a revista que tinha comprado na noite anterior, liguei para a Sayuri. Ela atendeu no primeiro toque.
- Impressionante - falei de cara, assim que ela disse "alô" -, quanta rapidez. O que houve, não está conversando com o Isaac hoje?
- Muito engraçado - ela resmungou. Eu não podia ver seu rosto, mas tinha certeza que ela tinha feito uma careta. - Ele foi passar o final do ano com os avós, no interior. E você, não está conversando com o seu bestfriend?
- Deixa de ser boba - respondi seriamente.
Ela riu, satisfeita em ver que sua provocação tinha funcionado.
- Você não devia estar trabalhando ou algo assim, moça?
- Digamos que não tenho atribuições no momento.
Escutei um barulho que indicava que ela estava bebendo alguma coisa.
- E então - ela continuou depois de engolir -, como está o final de semana com o Leonardo?
- Não está. - Abri a revista, passando os olhos pelas imagens distraidamente.
- Por quê? - Ela pareceu confusa. - Ele não foi?
Ergui os olhos quando um barulho de carro chamou minha atenção. O carro preto da comitiva real havia estacionado. Vi à distância quando o Christopher desceu do carro e caminhou para dentro do palácio com a cabeça baixa. Poucas vezes tinha visto alguém capaz de ficar tão bonito em uma roupa social. Eu estava longe o bastante para que ele não me notasse.
- Ah, ele veio, sim - respondi. - Por incrível que pareça, ele veio. Chegou até na hora marcada.
- Então, por quê...?
- Porque eu terminei com ele.
A Sayuri não respondeu por um longo momento. Cheguei a achar que a ligação tinha caído, ou, pior, que ela tivesse se engasgado com sua bebida. Logo depois, ela gritou no meu ouvido, chocada e histérica:
- Como assim!? Você costumava dizer que ele era o amor da sua vida e sei lá mais o quê!
- É, mas... não era exatamente verdade.
- Fala a verdade, foi por causa do beijo do príncipe? O beijo que você jurou de pé junto que não foi nada?
- Não! - Disparei.
A Sayuri se calou de novo, mas eu tinha certeza que, se pudéssemos nos ver, ela me lançaria um olhar malicioso. Eu sabia o que ela queria perguntar, mas não a incentivei. Não adiantou nada. Ela perguntou assim mesmo:
- Seja sincera, Sarah, qual dos dois beija melhor?
Senti meu rosto esquentar. Ok, não é como se eu tivesse ficado comparando-os. Mas é certo que se eu alguma vez já tivesse sentido com o Léo a metade do que eu tinha sentido com o Christopher, eu provavelmente nunca teria sequer cogitado a ideia de beijar outra pessoa.
- Eu não estou fazendo um ranking, Sayuri! - Foi o que respondi, aborrecida.
Era como se eu não tivesse dito nada. Ela exclamou, entre surpresa e descrença:
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Real
Ficção AdolescenteSarah achava que já tinha problemas demais para lidar entre a escola, as cobranças da família, o seu namorado secreto e o fato de ser uma princesa em um país prestes a entrar em guerra com seu vizinho. Mas percebe que as coisas podem ficar ainda mai...