Finalmente, consegui sair do palácio e fui andando sem muita pressa - apesar de já estar um tantinho atrasada. Cheguei com uns cinco minutos de atraso, adentrando os portões do parque, que era tão bonito à noite quanto de dia. O vento fresco tocava a minha pele, mas não era o bastante para me deixar com frio.
Não foi difícil encontrar o Leonardo. Ele estava acomodado em um dos bancos mais próximos da entrada e me viu chegar, acenando.
Apesar de todas as dúvidas que eu tinha tido nos últimos dias, eu ainda esperava de verdade que fosse transbordar de felicidade ao vê-lo outra vez. Achei que fosse sentir meu coração bater mais forte e que ia querer correr direto para os braços dele. Mas não foi o que aconteceu. Para ser sincera, eu não senti nenhuma emoção especial. E, aparentemente, o Léo também não, já que ele também não correu para me abraçar ou algo assim - o que devia ser considerado estranho para um casal apaixonado que não se via pessoalmente há um tempão. Daí, de repente, eu saquei o que precisava ser feito.
Fui até o Léo e sentei ao seu lado no banco, séria. Ele abriu um sorriso brilhante para mim e me abraçou. Retribuí o abraço, mas talvez não da forma mais efusiva que eu poderia.
- E aí, como vão as coisas? - Ele perguntou, me soltando. - Você parece diferente.
- É que eu estou sem maquiagem - expliquei.
Não é como se ele nunca tivesse me visto sem make, mas normalmente ele me encontrava em festas, quando eu estava super produzida.
- Ah - foi tudo o que ele disse. - Você ainda está nessa de se passar por serviçal?
- Você sabe que sim.
- Sabe o que eu acho, não me parece adequado para você.
- É, eu sei o que você acha.
- Espero que você tenha razão, que isso convença seus pais a aceitarem o nosso relacionamento.
Ele aproximou o rosto do meu em uma tentativa de me beijar, mas me afastei com sutileza. Ele me encarou, confuso.
- O que houve? - Ele perguntou.
- Eu preciso falar com você.
- Sobre...?
- Eu... - hesitei, ansiosa e apreensiva - acho que o nosso namoro não está no caminho certo, o caminho que a gente planejou.
Ok, talvez eu não estivesse conseguindo ser muito clara - me julgue, mas eu nunca tinha feito algo assim antes -, mas acho que ele entendeu, uma vez que falou subitamente, parecendo chocado:
- Você está terminando comigo?
- Bem... - Eu não podia simplesmente gritar "sim!".
- Você está terminando comigo. - Dessa vez não foi uma pergunta. Ele estava realmente muito surpreso. - Foi por que eu não te liguei todo dia? Se for, eu posso mudar isso... - Eu meneei a cabeça e ele sibilou: - Você conheceu outro cara?
Eu sabia que a maior parte das incertezas que eu tive sobre o meu namoro começaram quando eu beijei o Christopher. Mas eu tinha começado a perceber que eu só tinha beijado o Christopher, pra início de conversa, porque eu não estava tão apaixonada pelo Leonardo quanto eu achei que estivesse. E, na real, eu nem sei se algum dia já estive em algum momento. Apaixonada pelo Léo, eu quero dizer.
O lance era que, quando ele começou a flertar comigo e nós começamos a ficar, eu não me lembro de ter me sentido encantada por ele ou algo assim. Acho que eu só me senti bem por alguém parecer realmente interessado em mim e eu me esforcei para gostar dele também.
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Real
Teen FictionSarah achava que já tinha problemas demais para lidar entre a escola, as cobranças da família, o seu namorado secreto e o fato de ser uma princesa em um país prestes a entrar em guerra com seu vizinho. Mas percebe que as coisas podem ficar ainda mai...