69 - Broncas, Volta às Aulas e Renúncias

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Se meu domingo foi atribulado? Você nem vai imaginar. Nós tínhamos conseguido chegar em casa depois das onze da noite.

Eu achei que minha mãe fosse estar surtando porque todo mundo tinha decidido fugir de casa de repente. Mas, na verdade, quando chegamos, ela surtou apenas com o meu irmão — porque ele tinha tentado meio que matar alguém — e com o meu pai por saber que meu irmão estava planejando atirar em alguém e saído sem lhe contar nada. Mas, para minha surpresa, ela não havia brigado comigo nem nada. Nem mesmo quando meu pai contou sobre o meu relacionamento com o príncipe de Nova Germânia.

Para ser sincera, quem terminou ficando aborrecido com essa parte da história — sobre o Christopher e eu, quero dizer — foi o meu pai. Tipo, quando ele percebeu que minha mãe não ficou exatamente surpresa. Porque significava que ela sabia e não havia contado nada para ele.

Admito que eu apenas deixei-os conversando e fui para o meu quarto. Apesar de toda a euforia e tudo mais, eu estava absolutamente exausta. Eu só esperava que as coisas estivessem bem entre o Christopher e o pai dele.

O lance é que eu fiquei o domingo todo arrumando as minhas coisas porque voltaria às aulas no dia seguinte — não que eu não tenha tido tempo de contar as coisas à Sayuri, eu tinha tido tempo para isso.

Não foi realmente surpresa nenhuma quando soube que meus pais não tinham conseguido guardar segredo por mais de dois dias sobre meu status de relacionamento. O que me rendeu vários olhares curiosos durante as aulas de terça-feira. E pelo menos dois ou três olhares aborrecidos da Alice e das amigas dela — aparentemente ela tinha feito um upgrade nos motivos para me detestar. Eu não sei se eu estava mesmo pronta para toda essa exposição repentina, mas felizmente haviam coisas mais importantes que a minha vida amorosa acontecendo.

Tipo, agora que não havia mais nenhuma ameaça de guerra nem disputas de território, todo mundo já podia parar com as estratégias de ataque e tudo mais. E enquanto isso Nova Germânia tinha assuntos mais urgentes para lidar que a vida amorosa do príncipe.

Eu tinha podido ver na televisão pela primeira vez — talvez a maioria das pessoas nem tenha notado, mas agora era permitido noticiar sobre nossos vizinhos tanto na tevê quanto na internet ou qualquer outro meio de comunicação — as novidades sobre Nova Germânia. Não que eu precisasse da tevê, na verdade. Porque o Christopher tinha me falado por telefone quando conversamos.

O lance era que a pressão pública para que o rei não voltasse a assumir o governo se tornava cada vez maior, mesmo com todo o apoio de alguns poucos ministros. A grande maioria da população e dos representantes políticos queria a permanência do Christopher. Sério, alguns malucos tinham mesmo mandado ameaças de morte ao rei. Não que não chegasse nenhuma antes, mas agora elas estavam se multiplicando em muitas vezes.

E digamos que não é como se o clima no palácio real de Nova Germânia estivesse um mar de rosas antes, quero dizer. Mas ultimamente as coisas tinham ficado ainda mais tensas desde que o rei decidira encarar tudo como uma competição.

Eu tinha tido um vislumbre do Christopher em seus momentos mais estressados, mesmo que não o tivesse visto mesmo pessoalmente, dava para notar através das chamadas de vídeo. Ele estava mesmo com uma palidez preocupante e uma exaustão que se estampava até em seus olhos. Pelo visto, era mais cansativo lidar com o pai dele por algumas semanas que governar o país inteiro.

No entanto, eu não esperava que uma reviravolta tão repentina acontecesse. Então, três semanas depois que voltei às aulas, quando meu celular começou a tocar no meio da tarde, eu me surpreendi. Era duas horas da tarde e eu tinha acabado de sair da minha última aula — uma hora de extremo prazer em Prendas Domésticas.

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