Falso resgate

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Acabou de anoitecer e para minha infelicidade...

— Boa noite, minha linda. — Jorge entra no quarto. — Como está? — Não o respondo, então caminha até a cama e se senta. — Entendo que esteja com raiva de mim, mas me perdoe. Não quis te machucar, Anne. Não te trouxe para isso, muito pelo contrário.

— É mesmo?! — Ironizo. — Aquele tapa não vai muito com o que diz.

Seus olhos caminham pelo meu rosto, como se buscasse algo.

— Sei que errei e deixei minha raiva falar mais alto. Prometo que nunca mais se repetirá. — A maioria dos agressores falam isso, certo?! Milhares de mulheres morrem por acreditar que seus companheiros mudarão o comportamento violento. É por isso que devemos denunciar qualquer tipo de agressão. — Para ver que quero me redimir, falaremos com o Arthur daqui a pouco.

Arregalo os olhos, incrédula.

— Como assim?! — Não consigo conter minha empolgação.

— Sabia que ficaria feliz com a notícia. Acho que deve estar mais linda ainda, não acha? — Sorri.

Espera... Essa história está muito estranha.

— Por que vai me deixar falar com ele? — Pergunto.

— Saberá mais tarde, Anne. Vamos escolher uma roupa especial. — Se levanta e vai até o guarda-roupa. Preciso dar um jeito de dizer ao Arthur onde estamos. — Essa aqui. — Se vira, mostrando a camisola mais transparente que há no armário. Ela é preta, curta, de alcinha e vai mostrar toda a lingerie que estiver por baixo.

— Não vou vestir isso. — Recuso.

— Anne, ficará muito... — Faz uma cara maliciosa. — Linda.

— Não usarei. — Insisto.

Soltando um longo suspiro de frustração, vem em minha direção e se inclina, deixando seu rosto bem próximo ao meu. Fico intimidada com seu olhar.

— Então, não quer ver o Monteiro? — Questiona.

— É claro que sim, mas por que preciso pôr essa camisola? — Olho para a mão que a segura.

— Porque essa é uma condição e você decide. Veste, ou pode esquecer qualquer contato com aquele idiota.

Não posso perder essa chance.

— Está bem. — Aceito a "proposta".

Seus lábios se abrem em um sorriso vitorioso.

Levanto da cama e vou ao banheiro, trancando a porta, obviamente. Espero que isso valha a pena, mesmo que eu sinta que há algo errado nessa história.

Por sorte, se é que se pode chamar assim, depois do banho vesti uma lingerie da mesma cor desse pedaço de pano. O que o Jorge planeja?

— Está demorando, minha linda. — Respiro fundo e saio. O vejo mexendo em um notebook que está em cima da escrivaninha. — Que bom que voltou. Falta poucos minutos para nossa melhor conversa da noite. — Seus olhos saem da tela e caem em meu corpo.

— É... Pode me dizer o motivo de falarmos com o Arthur? Não faz muito sentido. — Pergunto para quebrar o clima estranho.

— É muito curiosa, Anne. Sente-se aqui. — Aponta para a cadeira à sua frente. — Me aproximo e faço o que pediu. — Está quase tudo pronto. — Levanta e vai até a cômoda, que fica perto da porta. — Só preciso prepará-la.

Franzo as sobrancelhas, sem entender. Olho em sua direção e vejo uma corda e um pano em suas mãos.

— Para quê isso? O que vai fazer? — Pergunto, preocupada.

Meu Professor 2Onde histórias criam vida. Descubra agora