Começo de estágio

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Alguns anos depois...

Estou entrando no último ano da faculdade e também já encontrei meu primeiro estágio. Começo amanhã.

Ainda tenho um tempinho de descanso. Meu pai marcou um almoço de família, por que meu tio veio de Moscou com a namorada. Nós já nos encontramos, Natal passado.

- Pronta? - Arthur entra no closet, enquanto estou me maquiando.

- Só mais cinco minutos. - Peço.

- Só?! Acha pouco?! - Zomba.

- Tenho certeza que sim, Senhor Monteiro. - Termino de passar o batom. - Não tenho os mesmos poderes que você quando se trata de horários.

Ele dá risada e se aproxima de mim. Nossos olhos se encontram através do espelho.

- Se quiser, podemos praticar essa e outras coisas que tenho habilidade. - Sussura em meu ouvido.

Sua proximidade me causa um pequeno arrepio.

- Hum... tentadora sua proposta, mas não podemos. Lembre-se que temos um almoço de família e esses pensamentos não condizem com a ocasião. - Sorrio.

- É... talvez seja um pouco impróprio. Podemos adiar.

- Ótimo. - Me afasto para não cair em seu jogo. - Só vou calçar minha sandália e podemos ir.

- Só acredito quando estivermos dentro do carro. - Diz.

Lhe dou um olhar mortal, que o faz erguer as mãos em rendição.

Procuro por uma sandália confortável e...

- Prontinho. - Pego minha bolsa e caminho até a porta. - Só serão cinco minutos que você terá que dirigir mais rápido, mas creio que não será um problema, já que é cheio de habilidades. - Saio do quarto e o deixo para trás.

Encontro com a Maria sentada no sofá.

- Vamos? - A chamo.

- Claro. E o Arthur? - Pergunta, mas já o vê descendo as escadas.

- Está atrasado, Senhor Monteiro. - O Provoco.

- Desculpe. Isso não vai se repetir. - Diz.

Trocamos sorrisos e saímos do apartamento.

(...)

Chegamos pouco tempo depois e fomos direto para o jardim, onde a empregada disse que eles estavam.

- Que bom que chegaram. - Meu pai se aproxima com os braços abertos.

- Oi, tudo bem? - Respondo ao seu gesto.

- Tudo, minha filha. - Sorri. - Arthur. - Os dois se cumprimentam. - Maria. - Aperta sua mão. - Fico feliz que tenha vindo. 

- Obrigada, Vicente. - Agradece gentilmente. 

- Só falta a Kate e o Miguel. - Ele diz. - Vamos dar oi ao pessoal.

Fomos à mesa que fica próxima a piscina.

- Anne. - Meu tio Heitor se levanta e me dá um abraço.  - Que bom ver você.

- É bom te ver também.

Depois dos devido cumprimentos, nos reunimos na mesa aguardando o almoço e claro, a Kate e o Miguel.

- Como estão as coisas em Moscou, Heitor? - Arthur pergunta.

- Muito bem. Estamos para fechar um dos nossos maiores contratos. - Responde.

- Isso é bom. - Digo.

- Com certeza. - Meu pai comenta.

- Mas vocês não irão falar de trabalho, né?! - Cíntia sorri.

- O Heitor não consegue ficar mais de
uma hora sem falar sobre isso. - Luciana, sua namorada, coloca as mãos em seu ombro.

- Já paramos. - Ele diz.

Logo após nossa conversa, Kate e Miguel chegaram e fomos para outra mesa, onde foi servido o almoço.

Tudo estava delicioso e o papo também. É bom estar em família.

Na hora da sobremesa, Heitor se levanta e bate a colher na taça para chamar atenção.

- Eu gostaria de dizer uma coisa... - O observamos atentamente. - Meu amor. - Estende a mão para a Luciana. - Na verdade, nós dois temos uma novidade.

- Qual? - Meu pai pergunta.

- A Lu está grávida... Vou ser pai.

Todos na mesa sorriem para os dois e nos levantamos para dar os parabéns.

Eu terei uma primo, ou prima. Que legal.

- Obrigada, gente. Estou tão feliz. - Ela coloca a mão sobre a barriga.

Já dá para saber que essa novidade reinou o restante do almoço. 

Voltamos para a sala e nos acomodamos nos sofás.

- E você, Anne?! Não pensam em ter filhos? - Cíntia pergunta.

Eu nunca parei para pensar nisso e nós nunca falamos sobre esse assunto mais à fundo. Olho para o Arthur e estamos com a mesma expressão no rosto.

Abro e fecho a boca algumas vezes, até conseguir responder.

- É... Acho que não é a hora ainda.. Tem os meus estudos e uma criança... requer muita atenção.

Já nem sei o que estou falando. Isso me pegou totalmente desprevenida.

- Tem razão. - Ela me dá um sorriso.

Por sorte, outra conversa foi iniciada, quebrando meu "desconforto".

(...)

Na manhã seguinte...

Estou me arrumando quando o Arthur entra no quarto.

- Preparada para o seu primeiro dia? - Pergunta.

- Um pouco ansiosa, mas sim. - Lhe dou um sorriso.

- Você vai se sair muito bem.

Pego minha bolsa e me aproximo dele.

- Obrigada, meu amor. Vamos? 

- Claro, estou orgulhoso que está preocupada em não chegar atrasada. - Zomba.

Dou um cotovelada em sua costela.

- Eu nunca chego, meu querido.

Ele só concorda com a cabeça.

Saímos do apartamento. Hoje terei o motorista mais lindo para me levar.

- Tem certeza que quer estagiar nesse lugar? - Pergunta, quando estamos no trânsito.

- Eu quero ajudar essas crianças, assim como eu quis receber no passado.

- Você só tem que saber lidar com suas próprias emoções.

- Sei disso, mas estou preparada.

Espero que eu esteja mesmo.

- Vai se sair muito bem. Tenho certeza. - Pega minha mão e dá um beijo.

- Irei me esforçar para isso. - Falo determinada.

Depois de quase meia hora, ele para o carro em frente ao orfanato.

Consegui essa vaga e bem... apesar de ser um ambiente que não me trás lembranças tão boas, quero me sentir útil e amparar essas crianças que passam pelo que vivi um dia.

Olho para o prédio sem cor e vida. Uma pintura cairia muito bem.

- Boa sorte, meu amor. - Arthur me tira dos meus pensamentos.

- Obrigada. Até a noite. - Me inclino e deixo um beijo em seus labios.

- Até. Se precisar de qualquer coisa, é só ligar.

- Está bem. - Tiro o cinto e desço do carro.

Respire fundo e vamos lá, Anne.

Meu Professor 2Onde histórias criam vida. Descubra agora