Ainda gosto dela

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Acordei e o Arthur ainda dormia ao meu lado. Que estranho, pois geralmente sou eu quem quase precisa ser arrastada da cama. Levanto devagar para não incomodá-lo e vou até o banheiro, lavar o rosto e escovar os dentes. Não sei o que me deu hoje. Será que sua mania com o relógio está passando para mim? Que não seja isso, amém.

Volto para o quarto e como ainda dorme tranquilamente, decido fazer uma surpresa.
Desço para a cozinha e antes de começar, tomo minha pílula.

— Oi, Anne. — Maria entra e se encosta na bancada. — Bom dia. Até assustei com você aí.

— Bom dia. Até eu estou preocupada com o motivo de ter madrugado. — Rio. — Vai sair para fazer seus exercícios? — Pergunto, já que sua roupa e tênis esportivo indicam isso.

— Daqui a pouco. Preciso preparar o café. — Explica.

— Então, eu queria fazer uma surpresa para o Arthur. Tudo bem para você?

— Claro. — Concorda. — Quer ajuda? — Oferece.

— Não precisa. — Recuso. — Deixa comigo.

Ela afirma com a cabeça e me deixa sozinha.

Olho para os lados, tentando buscar ideias. Por onde começo? Se está pensando que não será boa ideia pelo meu histórico, tire essa maldade do pensamento e me deseje boa sorte.

Abro a geladeira e vejo frutas, frios, leite... enfim.

Como o Senhor Monteiro é fitness, suco natural é uma ótima opção. Coloco tudo em cima do balcão e lembro de uma coisa... As panquecas da Kate. São deliciosas e fáceis de fazer.

Depois de uns vinte minutos, tenho tudo pronto. Por fim, montei uma bandeja com café, suco, torradas, frios, o "prato principal" e deixo a mesa posta para os outros.

Subo para o quarto e me aproximo da cama, dando um beijo em cada lado do seu rosto, o fazendo remexer e abrir um sorriso.

— Acordou primeiro que eu?! Devo ficar preocupado?! — Ironiza.

— Não exatamente. — Rio. — Trouxe uma surpresa. — Estico os braços e pego a bandeja, colocando entre nós.

— Hum... — Se senta, arrumando o travesseiro em suas costas. — O cheiro está ótimo.

— Só um detalhe, eu que fiz e antes que comece com qualquer provocação, experimente. — Peço.

Concordando, pega um pedaço da panqueca.

— Então? — Ergo uma sobrancelha. — O que achou?

— Meu amor, está delicioso. — Pega minha mão e deixa um beijo.

(...)

Tomamos nosso café e fomos nos arrumar, mas como as roupas que trouxe não servem para ir à faculdade, passamos na minha casa.

— Não demoro. Fica à vontade. — Vou até o armário, pego algumas peças e começo a tirar minha blusa.

— Quer ajuda? — Pergunta, em tom malicioso, enquanto se aproxima com um olhar de predador e logo, logo estou sem ela.

Suas mãos vão para o cós da calça e desabotoa, a descendo até meus tornozelos. De joelhos, toca minha barriga com a boca, distribuindo alguns beijos. Nem parece que estamos com o tempo contado. Quando ia abaixar minha calcinha, o interrompo:

— Acabei de vesti-la. Não é necessário.

— Desculpe. Esqueci desse detalhe. — Finge inocência e se levanta, parando perto do meu ouvido.— E o que faço agora que me excitou? —Sussurra, causando um arrepio em mim.

Deslizo os olhos sobre seu corpo e dou um leve sorriso.

— Acho que é melhor vocês dois se acalmarem, então. Lembre-se que ainda dará aula. — Me afasto e termino de pôr minhas roupas. Não posso nem de passar nada no rosto. Culpa do safado à minha frente. Esse homem ainda me deixará maluca. — Podemos ir? — Pergunto, pegando minha bolsa em cima da cama.

— Infelizmente, sim. — Concorda, contrariado.

— Por que, meu amor?! Tinha outros planos? — Ironizo, enquanto passo por ele, logo sentindo um tapa na bunda.

Solto uma risada e saio rebolando.

No caminho, fomos conversando até que um assunto entra no meio.

— Você acabou não contando o que seu amigo tinha. — Diz.

— É uma história complicada. — Suspiro. — Ele estava saindo com uma menina, que tinha um ex, mas só estavam brigados. Houve uma discussão em uma festa e a garota voltou com o cara. Conclusão, o Lucas saiu machucado e não só emocionalmente.

— Isso é muito ruim. Espero que a paixão que sente por você não volte a nos incomodar.

Resolvo não esticar mais esse assunto e dou fim a conversa.

Fizemos o mesmo esquema da outra vez que viemos juntos. Desço do carro duas ruas antes e ando bem rápido para chegar.

Já em sala, ele não demora muito a entrar.

— Bom dia. — Vai até a mesa e deixa suas coisas. — A aula de hoje será participativa. Discutiremos as nossas sensações. — Explica e começa uma espécie de jogo com os alunos. Andando pela sala, escolhe pessoas aleatórias e faz questionamentos.

Alguns geram muitas risadas por toda a sala.

— Bem bolada, Henrique. — Diz a um garoto. — Quem será o próximo. — Seus olhos vagam por todos e param em mim. — Senhorita Anne... O que mais lhe dá prazer ultimamente?

Oi? Por que vejo muita malícia em sua expressão? Os alunos se viram para mim, aguardando minha resposta.

— Bem... — Se eu disser que é ele, pegará mal diante toda a turma? — O senhor fala de uma forma geral?

— Sim. Qual a primeira coisa que vem à sua cabeça? Essa é sua resposta verdadeira.

Não acredito que está jogando comigo bem aqui.

— É.... — Nem sei o que dizer. — Acho que estudar o que gosto me dá mais prazer ultimamente. — Segunda coisa que veio à minha mente, foi isso.

— Fico feliz que seja uma aluna tão aplicada. — Mais malícia. — Parabéns.

Aceno com a cabeça e dou um sorriso.

O "jogo" continua e a aula fica bem divertida.


(....)

Meu Professor 2Onde histórias criam vida. Descubra agora