Resgate

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Abro os olhos e já não me sinto bem. Meu braço e minha cabeça doem.

— Bom dia. — Só então noto o Jorge sentado na mesa da escrivaninha. Seu rosto está tranquilo, diferente de toda aquela raiva de ontem. — Que bom que acordou. Creio que esteja com fome, já que a empregada trouxe o jantar e disse que estava dormindo.

Apenas concordo com a cabeça e o vejo se aproximar com uma bandeja em mãos. Para dizer a verdade, estou faminta. Não como nada desde o café passado. Se sentando ao meu lado, me entrega um pratinho de bolo.

— Como machucou? — Pergunta.

— Esbarrei em um galho de árvore. — Pego o copo de suco e tomo um longo gole.

— Sabia que poderia ser pior?! Não conhece essa floresta e foi muita imprudência da sua parte. — Diz em tom de bronca.

Eu poderia dizer que qualquer coisa seria melhor que ficar aqui, mas não quero irritá-lo, então fico calada.

— Deixa que cuido disso. — Tira um antisséptico do bolso da calça e com cuidado, espirra o remédio no ferimento. — Ficará aqui para aplicar quando quiser. — O coloca em cima do criado-mudo.

Em pensar que ontem estava consumido pelo ódio.

— Por que faz isso, Jorge? — Questiono.

— Deixando o remédio para você? — Franze a testa.

— Não. Por que tem tanta raiva do Arthur? Qual o motivo que te faz assim? Uma hora é agressivo e depois age como se nada tivesse acontecido.

— Desculpe se a machuquei. Fiquei muito irritado com sua fuga e por ter mentido para mim. Qual o problema comigo? — Gesticula com as mãos, apontando para si mesmo. — Por que sempre preferem ele? Eu te amo. Sei que não fiz certo ao trazê-la a força, mas era preciso.

Não acredito que disse isso.

— Jorge... — Tento achar uma forma de responder essa declaração. — O que sente não é amor e sim uma obsessão que criou em sua cabeça.

— Não. — Nega, firmemente. — Você é tão linda, especial e me sinto bem ao seu lado. Como era com a... —Desiste de falar.

— Quem? — Pergunto, curiosa.

— Ninguém. — Se fecha.

Obviamente, não é um assunto que queira mexer, mas minha boca grande não entende isso.

— Um amor do passado? — Seus olhos caem no chão e sua mente parece vagar em lembranças. Acho que acertei. — Onde ela está? — Insisto.

— Por causa do Monteiro, não tenho como saber. — Sussurra. — Chega dessa conversa. — Levanta, cortando o assunto. — Tenho coisas a fazer.

Ah, não.

— Essa história tem a ver com a raiva que sente por ele? — Questiono.

— O que viu no Arthur? — Volta ao seu lugar e me olha atentamente.

— Vai se aborrecer com minha resposta? — É melhor conferir, já que esse é o combustível que o faz explodir. — Recebo uma negação com a cabeça, então... — No começo, não sabia definir... Talvez fosse atração, mas ao conhecê-lo melhor, senti que me completava. Nenhum homem foi capaz de tal coisa.

Observo que sua respiração fica pesada, constando que sim, está irritado.

— E o que vê em mim? — Pegunta, após alguns segundos de silêncio.

Meu Professor 2Onde histórias criam vida. Descubra agora