Fugindo de casa

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* Samantha On

- Mas pai...

Ele se vira e me aponta o dedo.

- Já disse que não. - Grita.

- Eu não quero ir e deixar tudo para trás. Meu amigos estão aqui e tem a faculdade. - Falo mais alto.

- Vai para o quarto agora e arruma suas coisas. - Manda.

Saio pisando duro e bato a porta com força.

Que ódio. Por que ele tem que ser assim?

Meus pais se separam a alguns anos e isso acabou com nossa vida. Éramos tão felizes e do nada tudo desmoronou. Todo dia se ouvia brigas por essa maldita casa. Eu nunca soube ao certo o motivo real do divórcio deles, mas o que posso afirmar é que minha existência não contou para nenhum dos dois.

Minha mãe foi seguir carreira bem longe daqui e meu pai ficou comigo. O que não é exatamente verdadeiro, já que fui criada praticamente pelos empregados. Ele sempre me encheu de presentes caros e todos os tipos de regalias, mas carinho nunca esteve nesta lista.

Como fui crescendo, isso nem importava mais. No fim, me transformei em sua versão feminina.

Minha mãe não me abandonou completamente, se é que se pode dizer assim. Ela liga às vezes e manda algumas lembranças. Uma época, me chamou para morarmos juntas, mas não queria deixar minha vida aqui e agora esse cara quer se mudar para outro país e me levar junto.

Como sempre, sequer se preocupa com meus sentimentos. Do dia para noite, quer que eu largue a faculdade, meus amigos e minha vida, com a explicação de que vai ser bom mudar a rotina, continuar meus estudos em uma instituição melhor e talvez mudar meu curso. A verdade, é que nunca apoiou nenhuma das minhas escolhas.

Quer saber de uma coisa?! Não vou para lugar nenhum. Eu tenho o direito de decidir o que quero fazer.

Vou até o guarda-roupa, pego algumas peças de roupas e jogo dentro da mochila. Abro o cofre e junto todo o dinheiro que tem dentro. Sempre guardei uma parte do que ganhava, caso precisasse um dia. Sem contar, o que tenho no banco em uma conta desconhecida pelo meu pai.

Tudo pronto, agora só falta sair sem ser vista. Abro a porta bem devagar e olho ocorredor. Vazio como sempre a essa hora. Ando praticamente na ponta do pés.

Quando passava pela sala, ouvi a voz do meu pai vinda do escritório, falando ao telefone. Ando mais rápido para a cozinha e saio pela porta dos fundos. Por sorte, os seguranças foram dispensados.

(...)

Fui para a outra parte da cidade e me sentei em um banco de um parque bem movimentado. Preciso ir para algum lugar, por que já é tarde e não é a coisa mais segura andar por aí com uma mochila cheia de dinheiro, porém não posso ir para a casa de nenhuma amiga, ou com certeza me acharão.

Que droga de vida. Por que as coisas não são diferentes?

Abaixo minha cabeça entre as mãos e uma imensa vontade de chorar cai sobre mim. Eu não sou disso, mas essas lembranças ruins que tenho da minha família, sempre fala mais alto.

- Está tudo bem, moça?

Uma voz me assusta e olho para a pessoa imediatamente.

Um garoto alto, cabelos negros, olhos azuis e uma mochila nas costas, me dá um leve sorriso.

- Então, está se sentindo bem? - Insiste.

- Não te interessa. - Respondo.

Não vou dar confiança para um desconhecido.

Meu Professor 2Onde histórias criam vida. Descubra agora