Acidente

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Fomos todo o caminho em silêncio. A única coisa que fizemos, foi nos manter abraçados e seguros.

Nós três não paramos de chorar até chegarmos ao hospital.

Estou em estado de choque pela situação que fui imposta a participar e também muito preocupada com meu filho. Tudo o que aconteceu vai traumatizá-lo e tenho medo que seu caso regrida. Foram tantos meses de terapia que podem ter sido jogados fora por uma mulher doente de ódio.

O Pedro foi colocado no soro e agora dorme tranquilamente. Pelo menos, pode ter esse momento de paz.

– Anne.

Me assusto um pouco com duas mãos me tocando.

É o Arthur. Ele teve que sair para falar com o delegado lá fora.

– Sim? - O respondo sem me mover do lado da cama do meu pequeno.

– O médico vai te examinar agora.

– Eu não preciso. Não me machuquei.

– Mesmo assim. Vamos, por favor. - Pede. - O Pedro está seguro aqui.

Hesito em deixá-lo, mas acabo sedendo ao Arthur.

Caminhamos pelos corredores brancos e entramos no consultório.

O doutor pede alguns exames de raio-X e nos manda para outra sala.

Não tenho nenhum ferimento aparente, mas me sinto um pouco dolorida. Com certeza, por causa da peitada que ganhei daquele homem.

– A Senhorita pode se trocar ali, por favor. - Uma enfermeira me entrega uma camisola verde e aponta para um pequeno banheiro.

– Obrigada.

Não demoro muito e volto. 

Ela me ajuda a posicionar em frente aos aparelhos e em poucos minutos, encontro com o Arthur do lado de fora.

– Só temos que aguardar os resultados. - Digo. - Quero voltar para o quarto do Pedro. - Saio andando em sua frente.

– Anne, espera. - Segura meu braço. - Me conta como está se sentindo. Tudo o que a Helena te fez passar, foi... um jogo terrível. Te fazer pensar que mataria o Edgar, mexeu muito com seu psicológico, sei disso.

Respiro fundo e relembro o momento de angústia.

– Eu já não estava bem por causa do sequestro do meu filho e quando me mandou fazer aquilo, perdi qualquer autocontrole que tentei manter.

– Eu gostaria muito de ter evitado todo esse sofrimento para vocês dois. - Abaixa a cabeça.

– Já pedi que não fique se culpando. Infelizmente tivemos que passar por isso e agora temos que lidar com as consequências... Quero ficar com nosso filho. Vamos?

– Claro. - Concorda.

Voltamos para o quarto e o encontramos com seu ursinho em mãos. O Arthur pegou antes de sair do apartamento. Isso é bom, porque o Bob é uma espécie de porto seguro para ele.

– Até que enfim meu garotão acordou. - Seu pai se aproxima e passa a mão em seus cabelos.

– Como está? - Pergunto.

– Quero ir embora.

– Assim que terminar seu soro, poderemos ir. - Digo.

Observo seu rosto e noto que o brilho de seus olhos não estão mais acesos. 

Meu Professor 2Onde histórias criam vida. Descubra agora