Situação esclarecida

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Dormi no sofá e consequentemente, acordei com um baita mau jeito.

Subo para o quarto e como falta apenas cinco minutos para o despertador tocar, não vale apena tirar mais um cochilo. Pego o celular para ver se recebi alguma mensagem e nenhum sinal do Arthur. Tudo o que aconteceu ainda está me perturbando. Preciso conversar com ele, logo. Deixo minha angústia de lado e começo a me arrumar.


(...)

Chego à faculdade e vou direto para a sala, mas tenho uma enorme vontade de voltar quando vejo as Samanthetes paradas na porta. Sério isso?

— Licença. — Peço para a cobra mãe, que ocupa toda a entrada.

— Claro, querida. — Ironiza e sua corja começa a dar risada.

Respiro fundo e tenho que segurar para não revirar os olhos, até não conseguir voltá-los mais, porém ignoro e sigo até meu lugar.

Alguns minutos depois, Lisa e Erick chegam de mãos dadas.

— Oi. Bom dia. — Ela me cumprimenta com um beijo no rosto.

— Tudo bem? — Erick, pergunta.

— Tudo. — Sorrio. — Alguma novidade do Lucas?

— Provavelmente, voltará no meio da semana. — Joga a mochila em cima da mesa. — Vou tomar água. Vamos? — Nos chama.

— Estou sem sede ainda. — Recuso.

Ele nos deixa a sós e Lisa se senta à minha frente.

— O que está acontecendo? — Cerra os olhos. — Sei que não está totalmente bem.

Em mais de cinco anos de amizade, podemos afirmar que sabemos ler uma a outra.

—Ontem.... Vi algo que me deixou intrigada. — Na verdade, foi um misto de emoções. — Quando fui embora da casa do Lucas, resolvi ir a pé e.... Encontrei o Arthur em um bar, acompanhado de uma mulher.

— Você falou com ele? Quem era? — Pergunta, curiosa.

— Não sei. Pensei em me aproximar, mas mudei de ideia. Sabe, isso está me incomodando muito. Os dois pareciam tão íntimos.

— Calma, Anne. Pode ser uma amiga. — Tenta me tranquilizar. — Está pensando em traição? — Logo, manda essa para aumentar meu nervosismo.

— Eu confio no Arthur, mas ver aquilo mexeu comigo.


— Imagino. De qualquer forma, dá para ver o amor que existe entre vocês. É óbvio que não faria isso. Conversem para esclarecer a situação. — Sugere. — Pode contar comigo sempre. — Me dá um sorriso.


— Obrigada. — Correspondo da mesma forma.


Os alunos começam a entrar e em seguida, ele passa pela porta. Nossos olhos se encontram e um frio toma conta da minha barriga. O amo tanto. Sei que não está me traindo.

— Bom dia. — Nos cumprimenta. — Formem duplas, por favor. — A Lisa se senta comigo e o Erick fica com um de seus amigos. — Esse exercício que passarei é bem fácil.

— Como todos os outros? — Um aluno brinca, sorrindo.

— Não. Hoje decidi aliviar para vocês. — Responde no mesmo tom.

Parece que alguém está de bom humor.

Depois de receber minha folha, pude comprovar que realmente falou a verdade. Além de ter textos pequenos, os exercícios são de fácil interpretação. Tanto que, iniciou uma nova matéria, antes mesmo do intervalo.

Quando pudemos sair, fomos para o nosso cantinho isolado. Sinto meu celular vibrar no bolso e vejo uma notificação de mensagem.



Meu amor, tudo bem? Notei que está estranha.

Te amo.



Será que sou tão transparente assim?

Respondo:



Não se preocupe. Nos falamos mais tarde.

Também te amo.



(...)


A aula está quase acabando e essa segunda parte rendeu, principalmente para a Samantha. Enquanto o Arthur explicava e andava pela sala, seus olhos o acompanhavam a todo instante e secava seu corpo sem pudor algum. Pensei que estivesse desistido da fixação por ele. As coisas andam complicadas, ultimamente.

— Por hoje é só. Por favor, aguardem o horário e podem sair. — Começa a guardar seus pertences.

Faço o mesmo e volto meu olhar ao seu, comprovando que já tenho sua atenção. Recebo um sorriso quase imperceptível e devolvo da mesma forma.


Depois do término de mais um dia, fui para o seu apartamento e jantamos com a Jenny, a Maria e o Vitor.

Subimos para o quarto e deixo minha bolsa em cima da cadeira.

— Vai dizer por que está assim? — Pergunta.

Me viro em sua direção e o observo por um tempo.

— É... — Penso nas palavras. — Quando saí da casa do Lucas ontem a noite, te vi.

— Por que não falou comigo? — Questiona.

— Não quis atrapalhar seu papo com aquela mulher. — Deixo os rodeios de lado e já toco no assunto. — Quem era?

— Então, esse é o motivo?! Está com ciúmes? — Ergue uma sobrancelha provocativa.

— Pare de brincadeira, por favor. — Cruzo os braços, impaciente.

— Acho que para o bem da minha pele, é melhor esclarecer logo, não é?! Ela se chama Clarice. A conheço há mais de seis anos.

— Nunca comentou e parece ser bem próximos. — Rebato.

— Porque ela mora com o marido em outro país e só nos encontramos ontem, depois de três anos. Como tinha ido visitar o Lucas, não te convidei para ir. — Explica. — Convencida?

— Só fiquei um pouco chateada pelo que vi e por não saber de quem se tratava. — Digo.

— Apresentarei vocês assim que der. A Clarice me ajudou muito no passado e nos tornamos bons amigos. Desculpe por não ter comentado ontem, mas já era tarde e não quis te incomodar.

— Tudo bem, meu amor. Eu confio em você. — Sorrio, aliviada.

— Anne... — Se aproxima e pega minha mão. — Jamais te trairia. Essa é a última coisa que deve pensar de mim. Eu te amo e esse anel... — Dá um beijo sobre nossa aliança. — E só um símbolo da minha intenção com você. Quero te tornar minha esposa e te fazer feliz para sempre.

Simplesmente, arrepio com suas palavras carinhosas.

— Então, somos dois, porque também quero fazê-lo feliz por toda a vida. — Declaro.

— Do que depender de mim. — Mais um passo que dá, nos deixa colados um ao outro. Suas mãos vão para minha cintura e seus lábios se aprofundam dos meus em um beijo apaixonado.

— Eu te amo. — Digo, ao nos separarmos.

— Eu também te amo. — Beija minha testa.


Meu Professor 2Onde histórias criam vida. Descubra agora