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Ela tava ali, deitada do meu lado, quem vê assim, nem pensa que dá patada de um em um minuto.

Fiquei olhando para ela, até ver uma lágrima cair.

- Você tá bem? - perguntei e ela abriu os olhos.

- tô - falou e me olhou. - Para de me olhar, porra. - falou se levantando e saiu.

- Eu não te entendo, puta merda, uma hora você tá de boa, outra tá pouco se fodendo. - falei e ela riu.

- Pois é, Digory, mas você não sabe nada sobre mim, então não fala NADA.

- Então me fala para eu saber.

Morena

- Se nem eu me entendo, como é que você vai me entender? - perguntei e ele negou.

- Você ainda não me contou, então não sabe se eu vou entender ou não. Então, conta. - falou e eu pensei por um tempo, depois assenti.

- Beleza, mas se senta que a história é grande. - falei me sentando na cadeira da escrivania. - Não vou começar pelo "era uma vez" ou até mesmo o "foi no ano tal, no dia tal e no horário tal."  até porquê isso é clichê, e eu odeio clichê. Eu tinha 6 anos quando Isadora nasceu. Mas quando isso aconteceu, não nasceu só a filha preferida de um casal idiota, também nasceu o maior ódio que os dois poderia ter pela filha mais velha, ou seja, eu. Quando ela nasceu, a atenção da família toda, foi pra a pequena vadia. E não pensa que eu tô me menosprezando, porque eu ainda não contei nada. Quando eu chegava perto, os dois filhos da puta, que eu chamava de pai e mãe, mandavam eu sair. E eu obedecia, porque eles sempre chegavam me davam um sorvete e pediam desculpa, no primeiro tapa, eles me deram sorvete e e pediram desculpas, no terceiro foi a mesma coisa, isso foi só piorando. Anos depois, eles não batiam só em mim, também queriam ir pra Isadora, e a idiota aqui, sempre entrava na frente, ajudar a irmã de só 3 anos era melhor do que ver ela apanhar, então levava a surra por ela e por mim. Mas a maquiagem da minha "mãe" sempre cobria, então ninguém desconfiava. Essas pancadas não foram só nesse tempo, conheci Bia com meus 9 anos, se tinha uma coisa que a gente sempre fazia, era contar os nossos segredos uma pra outra, mas outra vez, eu não pedi ajuda. A gente foi crescendo, e nossa amizade ia junto. Com meus 12 anos, eles pararam de fazer as coisas pra mim, comida eu tinha que fazer pra mim, roupa eu tinha que lavar, tudo que eu queria, eu tinha que fazer, então comecei a trabalhar e os dois sempre falavam pra os outros que "eu só queria ganhar meu próprio dinheiro" mas a realidade é que eu trabalhava pra viver, dormia pra esquecer a fome que eles me faziam passar e cuidava da Isadora no tempo livre. No mesmo ano, comecei a revidar os socos e tapas que os dois me davam, mas quer saber, eles não ligavam, estavam pouco se fudendo, me batiam do mesmo jeito, um certo dia, quando os dois estavam me batendo, peguei um jarro de flor e joguei na cabeça do meu "pai", pensei que ele iria cair ou algo do tipo, mas só fez ele e aquela desgraçada ficar com mais raiva. Talvez se a amizade do desgraçado que me batia, LG e Quartz não existisse, eu teria morrido aquele dia. Quando eu tava quase desmaiando, de tanto soco, tapa, pontapé e uma ou duas garrafas na minha cabeça, acho que o desgraçado se lembrou que chamou LG e Quartz iam lá pra casa, quando levou um soco de Quartz. LG e Quartz me tiraram de lá e me levaram pra o postinho lá do morro. Quartz tinha família, uma mulher e um filho, o Gustavo, não podia cuidar de mim, então LG fez esse papel, já que ele não tinha ninguém. Depois de um tempo, ele e Quartz mandaram os dois filhos da puta não chegarem mais perto de mim, eles até que obedeceram isso, por um tempo, mas depois quando me viam na rua, ficavam falando coisa. Isadora cresceu e acho que ela se tornou o que a desgraça da Eliana sempre quis, já Fabrício, acho que ele não gostou muito, porque largou as duas e foi viver com outra desgraçada. Fim de história, agora tchau que eu tô com sono. - falei e saí do seu quarto e fui para o meu.

Me joguei na minha cama e depois de um tempo dormi.

>>>

Me acordei e olhei pra a janela, vi que já tinha amanhecido e me levantei. Fui para o banheiro, tomei banho e escovei os dentes. Me olhei no espelho e neguei me enxugando, saí do banheiro e peguei uma lingerie cinza, um short e blusa preta, me calcei e desci.

Entrei na cozinha e Digory estava comendo.

Coloquei café na xícara, fui para a sala, liguei a televisão e fiquei assistindo, enquanto tomava café.

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