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- doa a quem doer, mas a verdade eu já falei, acredita? Parabéns, você é esperto o suficiente pra saber que eu tava falando a verdade, não acredita? Que se foda, da minha vida cuido eu. - falei saindo de lá, ou melhor, tentando, Digory me puxou outra vez e agora nós estávamos tão perto um do outro que eu sentia a respiração dele no meu rosto.

- você tá escondendo alguma coisa, e eu vou descobrir. - falou e eu ri.

- você não sabe se eu tô mentindo ou não. - falei e ele negou.

- as palavras podem mentir, mas as atitudes não. - falou me olhando.

- você não precisa saber da minha vida. - falei e ele negou.

- se tem uma coisa que eu preciso, é saber o que aconteceu, você me deixou cuidando do João e não sei se você se lembra também, mas nosso casamento ia ser no mês que vem, então você também me largou quase no altar.

- quer saber a verdade? Toda a história? Beleza, Juarez não me obrigou só a fazer serviço sujo pra ele, também me obrigou a transar com ele quase toda noite. Satisfeito ou quer que eu conte como era a porra daquelas noites? - perguntei me soltando dele. Ele ia falar alguma coisa mas eu corto ele - cala a boca Digory, não vem com essa de pedir desculpa ou qualquer caralho, sabe por quê? Porque você quis isso, você queria que eu fosse. - falei e ele negou.

- se tem uma coisa que eu não queria era isso. - falou - você acha que eu entrei em depressão por quê? Por ficar só? Por ter que criar o João com a Gio? Ou por ter que viver esses seis anos sem te ver? - perguntou e eu engoli em seco - porra, o que custava pelo menos mandar uma mensagem só UM dia falando que tava bem?

- porque eu não tava bem e os celulares de lá são grampeados, se eu ligasse, já era. - falei e ele se sentou - eu contei o que aconteceu comigo, mas você não contou o que aconteceu aqui. - falei e ele assentiu batendo do lado dele. Me sentei e ele suspirou começando a contar.

- quando deu um mês que você foi, todo mundo ficou na expectativa de você chegar a qualquer hora, indo correndo até nós. Mas como você sabe, isso não aconteceu. - falou e eu fiz um coque desajeitado no meu cabelo - ficamos esperando por mais umas semanas, depois todo mundo percebeu que você não ia voltar, todo mundo com exceção a mim, que foi procurar nos aeroportos se você tinha comprado alguma passagem com aquela indentidade falsa. Sem sucesso. Fui nas rodoviárias também, mas deu na mesma coisa, nada. - falou tirando as fitas de mão - te procurei por seis meses, todos os dias, te procurei em todos os hotéis, pensões e condomínios do Rio, e alguns por perto daqui. - falou fazendo eu fechar os olhos suspirando - depois disso, Soph, Gusta e Luigi me fizeram parar, quando viram que não ia dar em nada...e também que eu não tava muito bem. Já que a Soph é paranóica, ele me fez ir em um médico aí apareceu a porra dessa depressão que não me deixou fazer nada por meses. Fiquei indo em uma psicóloga por um tempo e fiquei tomando alguns remédios pra recuperar peso. Lá eu conheci a Talitha, que também tinha depressão, por ter perdidos os pais e a irmã em um acidente. A psicóloga dela era a mesma que a minha, e ela sempre falava pra os pacientes falarem um com os outros, e foi isso que a gente fez, começamos a nos falar e tal, um ajudava o outro, saíamos pra desabafar enfim, nós dois nos ajudamos, passamos um ano só na amizade, depois ficamos juntos e agora tamo aqui. Sobre o JP, ele sempre foi uma criança esperta, pra falar a verdade, ele nunca foi como as crianças da idade dele. Ele sempre perguntava sobre você, e a gente sempre respondia que tu tava resolvendo uma coisa importante, quando ele tinha quatro anos, ele continuou a perguntar onde você tava e porquê ele era o único menino que não tinha mãe, outra vez eu respondi, "ela tá resolvendo uma coisa importante" mas  dessa vez, ele respondeu uma coisa, que me fez mudar o jeito que tava pensando de você, JP se virou pra mim e perguntou "o que é mais importante que eu?" Então a partir daí, eu comecei a fazer de tudo pra esconder as suas coisas dele, "o que seria mais importante que ele nesse tempo?" Uma vez me perguntei e sabe eu tentei proteger o João de uma coisa inevitável. A história dele. Eu sabia que uma hora ou outra, você iria voltar cheia de marra querendo ele, e isso me deixou com medo. Se te perder já foi dolorido, imagina perder o João também. - falou, olhei pra ele e Digory tava com uma cara estranha, abracei ele de lado e ele sorriu me abraçando de lado também.

- não vou sair, e nem levar o João. - falei olhando pra Digory. Ficamos nos olhando por um tempo, nós dois fomos aproximando nossos rosto e logo senti seus lábios nos meus. Um misto de sentimentos passou por mim e eu coloquei a mão no rosto de dele.

Digory me puxou para seu colo e eu me sentei sem nos separar. Senti uma lágrima rolar pela minha bochecha, Digory se separa e depois me olha.

- ei, o que foi? - perguntou e eu limpei o rosto negando.

- nada. - falei e ele me abraçou. Abracei ele também.

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