– Precisamos vencer. – Eu disse olhando meus companheiros iluminados pela fogueira. – Eu tinha aceitado a derrota, mas... Todos acham que vamos perder. Bradir, Rodhir, Alana. Todos.
Eles me encaravam sérios. Eu estava pedindo demais, Lídia parecia desacreditada do mundo, até Alana que era sua queridinha a tinha abandonado. Fid parecia ainda com vontade mas não tomaria iniciativa. E chamusca estava muito ferido.
– Eu sei. – Continuei. – Acho que chegamos no nosso limite, eu vou continuar com vocês não importa a decisão.
– Rá! – Disse Chamusca se levantando. – Quem se importa com o que aqueles otários disseram? Bradir, Rodhir? São tudo bosta. Vamos mostrar nossa força.
– Mas... – Começou Lídia. Fid também levantou.
– Vâmo vencê, causo de todos que disse que nós não consegue. – Ele parecia diferente, como se algo despertasse dentro de si, era pequeno mas tremia todo de determinação. – Por todos que cuspiram em nós, disse que a gente é fraco, pequeno, goblins não serve pra nada só pra servir, que me bateram e expursaram minha famía, e nos caçaram quinem rato. Vou ser o primeiro goblin mágico. E vai ser masravilhoso.
Ele estava sem folego e todos o encaravam. Lídia parecia uma estátua tingida de laranja por conta do fogo, até mesmo eu não sabia o que dizer. Pela primeira vez consegui perceber como Fid se sentia e como deveria ter sido sua vida, as perseguições, o preconceito, e o tamanho da ambição dele, ser o primeiro goblin mágico. Ele percebeu como o encarávamos e começou a ficar sem graça. Ninguém sabia o que falar. Ninguém exceto Chamusca.
– Porra baixinho. Falou e disse.
Fid sorriu e Lídia se levantou. Pequena e magrela, mas alegre como sempre.
– Vamos conseguir.
*
Caminhar pela noite foi agoniante. Cada som ou farfalhar de folhas nos deixava em máximo alerta, eu logo imaginava elfos saltando com seus arcos, sei que é errado, mas até hoje quando vejo um elfo lembro de Carlen, tenho poucos amigos da espécie e um tanto de preconceito, na época eu não sabia mas os elfos que nos atacaram são conhecidos como cinzentos e são considerados os mais mau caráter da espécie.
Eu carregava uma tocha, igual a que Alana fizera, ia iluminando o caminho e todos andávamos bem juntos. Chamusca seguia sem reclamar, passos firmes e decididos mas de vez em quando era amparado por Lídia, principalmente para saltar um tronco ou subir um barranco, que nesse caso eu também ajudava, Chamusca era um cara grande e forte de forma que uma garota sozinha não conseguia ajuda-lo. Fid estava mais corajoso do que nunca, carregava o medalhão de sua família no pescoço, ele era de linhagem nobre no mundo dos goblins, porém perderam uma guerra e foram expulsos de suas terras, mas naquele dia ele levava o brasão de sua família no pescoço expondo a chama do seu orgulho que não conseguiram apagar. Ele ia na frente, pequeno e ágil cortava caminho pelo mato alto, observava em silencio se vinha algum inimigo e depois voltava dizendo que o caminho estava livre.
Andamos a noite toda, a lua diminuía e o sol espreguiçava no horizonte. Chegamos num vale, e em cima de um morro olhamos as planícies, a floresta parecia ter ficado pra trás, olhamos o mapa do lugar e era mesmo verdade, ficamos livres da floresta, agora precisávamos andar pelos campos e passar por um enorme rio onde havia uma ponte.
– O rio deve ser por lá. – Disse Chamusca apontando pro horizonte aleatoriamente.
– Certo. – Eu disse começando a caminhar.
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Escama Negra
FantasiPlim é uma órfã de dezesseis anos que odeia seu nome e detesta crianças. Depois de perder um de seus olhos num ataque com bandidos ela decide participar de uma competição especial, conseguir um dos cobiçados itens mágicos e se tornar uma cavaleira a...