Ilhas No Céu.

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O urso negro, Dom Azer, atacou mestre Baltos com ferocidade, o homem tentou se defender com a lança e com apenas uma patada o urso desviou a arma e avançou; mordendo e estraçalhando com as garras, fiquei horrorizada com a violência e me perguntei se o exame não possuía limites, mas Baltos conseguiu fazer a mão esquerda crescer e com um empurrão afastou a besta fera, riscou um circulo no chão e quando o animal reinvestiu ele conseguiu desviar das maiorias dos golpes.

Andy e Bela ofegavam no chão assistindo a tudo sem coragem de entrar na luta. Enquanto isso do outro lado da arena Célia estava novamente de olhos fechados e ferindo cada vez mais as três garotas que ousaram desafia-la.

– Vamos com calma. – Disse Gyla vendo Jade enrolada novamente na mestra, isso por que para tentar proteger Andy e Bela a garota havia estourado a bolha e preparado outra, provavelmente existia o limite de uma bolha por vez. Agora o problema é que teriam que enfrentar mestre Célia, o círculo que se movia, mais a cobra de pele indestrutível e bote certeiro.

– Eu vou atacar com tudo. – Disse Pina olhando a mestra caminhar lentamente na direção delas.

– Como assim? – Perguntou Cecilia, a garota tinha o rosto sujo de terra e sangue causado por um corte que a Pacificadora entalhara em sua face esquerda.

Pina começou a passar a espada no chão, na terra, pequenas pedras, perfurando o solo em círculos profundos, todos a encaravam e Mateu observava com um leve sorriso provavelmente adivinhando o que a garota tramava. Célia deve ter sentido algo pois avançou com tudo. Gyla e Cecilia saltaram a frente protegendo Pina.

– Vamos confiar em você. – Disse Gyla para Pina. – Mas seja rápida, por favor.

Célia avançou desferindo ataques que mais pareciam borrões no ar, Gyla gritou colocando a mão na coxa que começava a sangrar. Cecilia preparou mais um ataque e Jade deu o bote, a garota colocou a espada na frente e se defendeu, deu pra ouvir o barulho de aço contra aço e realizei o quanto a pele de jade era dura, Cecilia gemeu por algum motivo e recuou, olhou pra espada que havia rachado mais, a garota ficou com os olhos cheios da lagrimas e por um instante baixou a guarda, foi o suficiente para Célia. A mulher correu, Jade com a aproximação deu outro bote, Cecilia bem tentou escapar mas a mandíbula da serpente se fechou no braço esquerdo da menina, ela gritou olhando pro céu, vi o sangue escorrer. Gyla soprou mais uma bolha e mandou na direção de Cecilia, Célia abriu os olhos e para não ser envolvida na bolha recuou, e Jade soltou o braço da garota. Cecilia caiu no chão, sem mais utilidade a bolha se estourou, Gyla correu amparar a companheira, viu o estado do braço da menina e contraiu o rosto, profundos furos causados por Jade, sangue borbulhava dos ferimentos e minhas mãos começaram a tremer, queria invadir a arena, mas Liandra tocou no meu ombro e Bradir olhando nos meus olhos pediu calma.

– Ela vai ficar bem.

Assenti, voltei a olhar para arena e Célia sem demonstrar misericórdia avançava pra cima das duas, Pina surgiu na frente das meninas e fez o sinal com os dedos pra cima, Célia parou a corrida percebendo a armadilha em que caíra. Pina sorriu. O chão aos pés de Célia tremeu, remexeu a terra e começou a subir, Célia saltou pro lado onde o solo também flutuava, pedras, tufos de terra, ilhas marrons enormes que lançavam sombras sobre nós, uma chuva de areia começou a cair, e neblinas de poeira pairavam no ar. Até o urso parou e ficou olhando o solo no céu, Baltos ensanguentado e com as roupas em frangalhos aproveitou para respirar olhando admirado metade da arena flutuar. Célia foi saltando de uma ilha pra outra como se descesse degraus de uma escada voadora, Pina tinha o rosto vermelho, tremia o corpo todo como se estivesse fazendo muito esforço, vi as veias do pescoço dela saltarem, ofegando e, pra mim, era a imagem perfeita de alguém que tentava levantar muito peso. Os olhos embargados engolindo seco e com muito custo, atingindo o limite do corpo humano. Todos os capitães estavam boquiabertos e até Mateu parecia surpreso com o tamanho do poder da menina. Célia alcançou o solo novamente, a arena estava toda esburacada. A mestre olhou para cima vendo grãos de terra cair, o solo com raízes e pedras aparecendo, ela sorriu admitindo o poder de Pina. Jade enrolou-se novamente em Célia e a mulher avançou, Vinha na direção de Pina e das outras, Cecilia se levantou tremendo e arfando, Gyla preparou uma bolha, mas antes de Célia as alcançar eu prendi o folego e senti meu corpo entrar em choque quando uma montanha de terra despencou do céu; atingindo o solo e cobrindo o mundo de poeira, o chão tremeu, todos aflitos tentavam ver o que tinha acontecido. Bela e Andy estavam afastadas e olhavam para onde a briga das meninas acontecia, Baltos com o urso se afastaram. A poeira baixou e vi Célia sair de um monte de terra, Jade virara colar novamente provavelmente servindo de escudo para a mulher. Célia estava imunda de terra e tremia, Pina arfava demais se apoiando nos joelhos. A mestre fechou os olhos e preparou a técnica de Centeio novamente. Correu em direção as meninas e mais um tijolo de terra despencou, dessa vez Célia com movimentos perfeitos desviou. O que estava no ar baixou para perto do solo, provavelmente por causa do cansaço de Pina, ela com os dedos orquestrava arremessos de pedras, terra, e tudo o que tinha feito flutuar, Célia aparava com a espada, desviava das maiores, sempre com os olhos fechados, numa defesa invencível. Pina sem aguentar mais deixou tudo cair no solo com impacto mínimo, caiu de joelhos exausta e Célia não perdoou, saltou e desferiu um ataque que atingiu uma indestrutível bolha de sabão, Pina olhou para Gyla, sorriu e desmaiou. Célia avançou pra cima de Gyla, que usando uma das mãos para fazer o "zero" teve só a direita para se defender dos golpes, não foi o suficiente e mesmo com Cecilia correndo para ajudar recebeu um golpe de espada no braço, gemeu de dor abriu a guarda e Célia com a empunhadura da espada golpeou a nuca da menina que caiu apagada no chão.

Escama NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora