A Elfa e a Fera.

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Poucas coisas podem ser mais incríveis do que a luta de William com Pelenbor. Claro que eu já vi coisas tão ou mais inacreditáveis, e vocês que conhecem sobre a lenda dos Dragões Negros e da grande guerra, sabem do que estou falando. Mas naquele dia nublado, quando todos emudecidos testemunhavam a criança lutar contra o demônio, naquele tempo eu nunca tinha visto nada parecido.

Bradir me explicou qual a magia de Will.

– O item dele é um espelho. Sem moldura nem nada, um circulo de vidro, ele flutua no ar, e são três, tá vendo ali na esquerda de William? Repare bem.

Fiquei olhando, o menino avaliava o monstro que estava há vários passos dele, Elen e os outros ainda estarrecidos mantinham distância e até Anduin parou de lutar para observar a luta alheia.

– Tô vendo. – Disse animada quando reparei num leve reflexo no ar, quase imperceptível.

– Agora em cima de Pelenbor. – Disse Ivna entrando na conversa e Bradir sorriu admirado.

– Você já tinha percebido?

– Não faz muito tempo, mas percebi sim.

Ivna estava certa, em cima de Pelenbor havia outro espelho, William jogou uma faca no espelho a sua esquerda e ela saiu no que estava acima de Pelenbor, o monstro segurou as laminas como se fossem de papel.

– E há ainda um terceiro. – Disse Bradir.

– Que é de onde ele tira coisas né? – Perguntei.

– Sim, esse espelho acompanha William.

– É um item magnifico. – Disse Ivna. – E Will parece ter se dado muito bem com ele.

Realmente, o garoto parecia ter nascido com o item, conhecendo cada manha. Também foi o único a não deixar se abalar com a criatura. Quando Elen se recuperou, ordenou que Sará com Parrudo se preparassem para acompanha-la num ataque contra a criatura.

– Não. – Exclamou Will. – Esse assunto é meu e do mestre Pelenbor.

– Nanico, não viaja. – Disse Parrudo. – Ele vai fazer geleia de você.

William riu da comparação de Parrudo.

– Não vai não, só vamos lutar.

William ignorou os conselhos de Elen e partiu pro ataque. Pelenbor, calmo, observou o menino sumir no ar, William parecia ter vantagem, sempre com a iniciativa e sorrindo, algumas pessoas deixaram se contagiar, torcendo pro garoto, mas quando ele apareceu no espelho acima de Pelenbor eu já sabia que ele tinha se enrascado. A criatura estava calma, os chifre curvados pra cima, a espada frouxa na mão, ele olhava todos na arena e nem mesmo sequer deu um olhar para Will que desceu do céu, puxou uma lança do terceiro espelho e tentou crava-la em Pelenbor, o movimento do monstro foi único, simples e preciso, agarrou o garoto com sua mão esquerda e as pessoas gritaram de pavor. A criatura segurava o menino pelo pescoço, os pezinhos debatendo no ar, Bradir ficou tenso ao meu lado. Eu mesma senti pavor de ver uma criança nas mãos de um monstro feito aquele, finalmente todos perceberam o perigo que era aquela criatura.

– Garoto. – Disse o monstro com uma voz que parecia vir das profundezas do universo. – É pra isso que você me chama?

No começo todos achavam que ele falava com William, mas aos poucos percebi que não era bem assim, a criatura chamava de garoto Pelenbor, um elfo de mais de quinhentos anos.

William sufocado foi parando de bater as perninhas.

– Ele vai mata-lo. – Gritou Liandra. E percebi que ela tinha razão.

Escama NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora