Escama Negra

Movendo Montanhas.

Quando Brice passou carregado pelos encapuzados numa maca pude ver suas feridas diminuírem lentamente. Bela se aproximou e pediu que o deixassem na arena.

– Mas senhora, ele está muito ferido.

– Ele vai querer ver o resto da luta acredite em mim, se ele acordar numa enfermaria vai dar problema.

Azer concordou com a cabeça e o Gigante Tomas rosnou, provavelmente confirmando o que os colegas diziam. Os encapuzados se olharam e Pero Ponz mandou que fizessem como Bela dizia, a garota sorriu e deitaram Brice com a maca no chão. Cobriram o corpo mutilado com um lençol e Bela suspirou ao ver seu capitão adormecido.

– Ele é um descuidado, a gente bem que tentou avisar que não dava pra lutar de frente com a dama vermelha.

– Rainha. – Disse Isabel ao meu lado e Eric concordou. Bela nos encarou. – É rainha vermelha.

– Não sei não né Azer? Estamos num império aqui não existem rainhas.

– De fato. – Respondeu o rapaz.

Isabel quis dar um passo na direção de Bela e eu a detive. Thori e Eric encararam Bela e Azer e o Gigante apenas deu um passo ficando entre nós e eles.

– Não brigas. – Disse o grandalhão com voz gravíssima. – Mestre disse, não brigas.

– É Tomás, ele disse. – Comentou Bela se afastando.

Gritaram meu nome e vi Cecilia e os outros se despedirem de Ivna que iria entrar na arena. Antes de sair olhei para Isabel que continuava encarando o Grupo de Brice ao longe, o gigante levava a maca como se nada fosse.

– Ouviu ele né Isabel? – Perguntei e a garota me encarou. – Não brigas.

Ela sorriu pra mim e fui ver Ivna. Ela estava nervosa, recebendo dicas de todos, calada, apenas assentindo com a cabeça. A arena estava iluminada pelas tochas e a mascara na mão de Ivna ganhava um tom alaranjando. Quando me aproximei Ivna sorriu e veio ao meu encontro.

– Tá pronta? – Perguntei e ela assentiu ansiosa deixando um sorriso nervoso escapar.

– Vamos, rápido Dragões. – Gritou Pero Ponz. – Não podemos esperar.

Abracei Ivna e desejei boa sorte, ela se despediu dos outros e começou a caminhar. Fiquei pensando o que seu pai diria ao ver a filha entrar na arena com tanta coragem e decisão, talvez achasse burrice como eu achava. Mas ela tomou sua decisão, queria provar o valor e ganhar as forças necessárias para lutar pelo o que acreditava, o que amava. Ivna se aproximou dos outros que ainda circundavam Astag, Adriel estava na arena e entraria na luta a qualquer momento. Joran falou algo com Ivna e ela o respondeu. Pero Ponz avisou que retomaria o teste.

– Melhor ela ser boa. – Disse Mateu perto de mim, então ele já estava recuperado e parecia destilar um ódio sem igual, vi que outros capitães estavam junto dele e sabia que o garoto tinha usado seu veneno.

– Realmente. – Disse Rodhir. – Nem nos consultou para a substituição.

Elen me encarou concordando com eles, mas não parecia aborrecida, Liandra e Marlon não me defenderam mas também não atacaram.

– Ela é boa. – Disse olhando Ivna na arena. – Eu acredito nela.

– E temos que ter alguém que conheça Adriel na arena. – Disse Liandra e Sará com Cecilia concordaram. Alana ficou observando Mateu e o garoto a encarou com um ódio que era quase palpável, de repente sorriu.

– Soube que agora é uma Dragão.

– A luta será retomada. – Gritou Pero Ponz.

Alana endireitou a coluna e encarou o rapaz confirmando com a cabeça.