Burocracia imperial.

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 Emilian estava sentado ao meu lado e agarrado a mim. Desde que Barto nos interrogara, Emilian ficou preocupadíssimo, disse que não sairia de perto, que nunca deveríamos nos separar. Eu também estava preocupada e nada feliz com a situação.

– Quer dizer que nos matamos na floresta, lutamos, sobrevivemos, pra depois tirarem nossos itens?

– Calma Plim. – Pediu Blasco.

– Calma nada, eu não vou... Não... Ah, que droga.

– O jovem Blasco tem razão senhorita. – Disse Gumercindo ele estava sentado ao nosso lado. – Entendo a preocupação. Mas não sei se tirarão os itens, não é tão fácil assim.

– Mas o império tem poder de fazer o que quiser. – Disse Gil emburrado. – Se quiser tirar nossos itens, basta o imperador assinar um papel, fácil assim.

– Tenho minhas dúvidas. – Comentou Gumercindo. – Vocês nunca se perguntaram por que da corrida? Por que simplesmente o governante de onde tem portal mágico não manda seus soldados pegarem os itens para si mesmo, fortalecer seus exércitos, ganhar mais importância no império, ou até por que o imperador não manda seus homens de confiança fazerem isso?

Ficamos pensando, eu já tinha pensado nisso antes, deixar qualquer um tentar, até mesmo o mais simples, como Fid e Carlen.

– Simples. – Continuou Gumercindo. – Por causa do povo, já foi assim antigamente. Só os reis pegavam os itens, os nobres se rebelaram e então suas famílias puderam também pegar itens, o povo foi quem mais sofreu com isso, além dos nobres terem poderes com suas terras e soldados agora tinham forças mágicas, toda população se rebelou, lutaram contra isso, até que foi decretado que qualquer um poderia pegar item mágicos, o portal seria aberto uma vez por ano e os primeiros que pegassem os itens ficariam com eles, ao longo do tempo foi se aperfeiçoando, ficou de forma mais organizada e democrática, por isso que quem quer pegar um item mágico precisa participar da corrida, seja nobre, ou da classe mais baixa.

– Entendi. – Disse Gil. – Por isso não podem simplesmente arrancar nossos itens, seria tirar as esperanças dos mais pobres, a justiça divina, ia ter tumulto.

– Exato. Claro que... – Gumercindo parou, mas eu pedi que continuasse. – Claro que podem usar propaganda para isso. – Ele falava mais baixo olhando para Barto que questionava outros campeões. – Essa noite foi desastrosa, pessoas morreram e se feriram, se usarem isso alegando que há itens perigosos o povo não ficaria contra a decisão de tomarem os itens desconhecidos. – Eu e Emilian nos olhamos, aflitos.

– Não é justo. – Eu disse. – Emilian não fez nada, ele... Ele é só uma criancinha.

– A senhorita sabe que não é verdade. Vimos ele na carroça, o jeito que saltou, e também me contaram o que ele fez hoje com o bandido.

– Mas não é motivo... – Começou Gil.

– Não, não é. – Disse Gumercindo. – Não julgue mal minhas palavras, mestre Gil. Eu acredito que Emilian deva ficar com Plim para sempre. – Emilian olhou para ele sorrindo. – Ela o trouxe pra esse mundo e ele veio porque ela o trouxe. Itens mágicos são coisas divinas, trazidas de outro mundo pelo acaso, o destino escolheu que os dois ficassem juntos e na minha opinião é assim que deveriam ficar.

– Mas o império quer poder. – Disse Bradir, que estava parado ao nosso lado e ninguém o tinha percebido. – Sempre quiseram. Vão inventar qualquer desculpa para pegar nossos itens.

– Temo que tenha razão. – Concordou Gumercindo. – Mas há uma esperança. Não é só o império quem quer poder...

Gumercindo parou, e queríamos que ele continuasse.

Escama NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora