Itens mágicos.

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Minha perna parecia ter o triplo do peso e estava duríssima. Fid arfava, mesmo assim não diminuímos o passo. Sem dúvidas tínhamos vantagem de quem vinha atrás, a ponte quebrou e duvidada que tivesse alguém forte o suficiente pra fazer o que Chamusca fez, ou mais ainda, que sacrificasse a chance de vitória por alguém.

Eu ruminava um estranho sentimento, não entendia por que tinham feito aquilo, nos conhecemos há apenas três dias e mesmo assim.... Naqueles dias eu pensava que podia fazer tudo sozinha e que só conseguiria alcançar meus sonhos assim, duvidava das pessoas e delas queria distancia, mas na floresta Carlen, Lídia e Chamusca mostraram-me o oposto. Apressei mais o passo e nunca quis tanto ganhar essa corrida. O problema era que não sabíamos quantos já tinham atravessado a ponte antes de nós.

– Vamos Fid, por Carlen, por Lídia e Chamusca, nós vamos conseguir.

– Sim.

Caminhamos olhando pro mapa, e o templo não devia estar longe. Passamos por um campo de flores, e o sol morno iluminava o céu azul e limpo, era um dia lindo, pelo menos é assim que lembro. Era maravilhoso, principalmente por que ao longe, através do campo e das flores, da planície e morros, eu vi, em todo seu tamanho e esplendor, o velho templo. Fid começou a rir e eu também, nós dois vimos um grupo entrar lá longe, no templo, e aquilo fez meu coração bater mais forte. Corremos, estávamos tão perto, sem chance de não conseguir agora. Atravessamos as flores, algumas abelhas e borboletas saíram voando, Fid sumia mergulhado nas plantas mas eu o vi atrás de mim, riamos felizes não interessava mais nada, nós chegamos, conseguimos.

Eu entrei primeiro no templo, ele estava sujo e abandonado, mas ainda era enorme, os pilares adornados e esculpidos, o chão de mármore negro e a escadaria entalhada em uma pedra branca reluzente, mesmo com tanta poeira e plantas que nasceram nos vãos. Escutei vozes, muitas vozes, e temi o pior. Entrei no salão pensando que estaria um breu danado mas tinha luzes, tochas de fogo azul em todo o salão. Uma sala oval com arquibancadas onde havia bastante pessoas sentadas, estavam sujos e machucados, alguns sangravam, mas não vi nenhum desanimado, todos sorriam triunfantes. Um deles tinha uma linda e longa lança, vi uma garota de uns onze anos com uma espada gigantesca, mas ela conseguia a levantar como se fosse uma pluma. Vi pessoas olhando anéis, luvas, e coisas que não saberia descrever, todos intrigados mas sem desobedecerem a regra de não usarem os itens mágicos sem supervisão. Vi também o orc da floresta, o que nos ajudara, e no canto, sentado na arquibancada, estava Rodhir conversando com Bradir, no fim tinham conseguido. Foi então que eu percebi, havia bastante gente, fui contando com o coração acelerado, vi os que estavam acabando de receber o item no portal que ficava no meio da sala, portal que era um espelho, comprido, parado no meio do salão, um rapaz mergulhou a mão dentro do vidro do espelho, percebi que era Charmantes Royo quem puxava o item, um pequeno anel, os outros ao seu lado o parabenizaram, Mateu bateu nas costas gorda do amigo, Pina Baltana com seus cabelos ruivos sorria e tinha um item esquisito nas mãos, Mateu também parecia ter tirado um item mas não consegui ver o que era, e junto deles, maltrapilha e ofegante estava Alana.

– Vamos Lana. – Disse Mateu fazendo a voz ecoar no salão enquanto todos observavam o grupo. – Só falta você.

Percebi que ela era a numero vinte nove pra tirar o item, lembrei imediatamente do livro dizendo que nunca tiraram mais do que trinta itens de qualquer portal. Alana deu um passo à frente, percebi Fid ao meu lado, olhando admirado e orgulhoso ao redor. Mal ele sabia que um de nós ficaria sem o item. Suspirei, eu ia pegar o item, fingir que não sabia de nada por azar de Fidlian, mas lembrei de Chamusca, de Lídia.

– Plim!

A voz da pessoa ecoou pelo salão. Senti os olhos se voltando para mim e Alana me olhou surpresa e depois sorriu, mas não era ela quem me chamava. Gil veio correndo e Blasco vinha logo atrás dele, foi um sentimento indescritível. Eu os abracei e eles se esforçavam pra não chorar. Depois se atropelaram pra falar. Tinham se encontrado na floresta, passaram por poucas e boas, tiveram que enfrentar os sapos gigantes de lama, as cobras dos pântanos, os duendes que habitavam nos lodos e muito mais. Percebi que apesar de tudo, meu grupo tinha pego um lado mais tranquilo da floresta. Depois eles me mostraram orgulhosos, os dois tinham uma pedra vermelha cada, era linda mas eu não entendia até que me recordei.

Escama NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora