Escama Negra

Os Filhos e os Dragões.

Quando atravessamos o portão Lau disse que provavelmente seriamos os primeiros a ter conseguido. Mas ele estava enganado.

– Emilian! – Gritei e ele veio correndo. Baguncei seus cabelos e sorrimos. – Tranquilo?

– Mole, mole. – Disse ele espreguiçando-se.

– Esse garoto é dureza. – Disse Parrudo. – Pode acreditar eu sei bem disso.

– Soube que encontrou aquela menina.

– Isabel.

– Exato e então?

Emilian deu de ombros.

– Ela queria conversar acho. Primeiro pensei que lutaríamos, depois ficou me olhando por um tempão, não disse nada e quando perguntei se ela era boba ficou zangada e foi embora.

Andy me encarava junto de Lau, Emilian descrevia suas aventuras, encapuzados que tentaram encurrala-lo, ele simplesmente saltava pra longe, sem massacrar ninguém nem nada do tipo, Emil estava curado. Depois me aproximei de Andy e agradeci novamente.

– Você me salvou lá atrás. – Disse e a menina apenas deu de ombros.

– Você fez o mesmo por mim.

Parrudo e Lau conversavam com Emilian quando ouvimos o portão ranger. Cecilia caminhou despreocupada com a espada nas costas e acenou pra gente. Ela estava meio suja de terra, fora isso parecia muito bem.

– Me assustei numa parte. – Disse ela junto de nós. – Mas até que o resto foi bem tranquilo.

– Né? – Disse Emilian convencido.

– Pra gente não foi tão fácil. – Comentou Lau. – Sua capitã precisou de nossa ajuda.

Cecilia e Emilian me olharam como se quisessem confirmar a historia.

– Pois é. – Eu disse apertando a mãozinha de Andy que abriu um sorriso. – Parece que temos novos amigos.

– Se afaste dela! – Gritou alguém que passava pelo portão. Parrudo e Lau gritaram felizes para Marlon, ele não tirava os olhos de mim, Andy correu e abraçou seu capitão.

Marlon olhou para os membros do grupo que desmanchavam o sorriso, depois me encarou novamente, ele estava com a roupa imaculada, a pele limpa, como se apenas tivesse dado um passeio no parque. Seu item de invisibilidade parecia ser feito para provas como essa ultima. Ele olhou para Emilian e Cecilia e cuspiu no chão.

– O que estão fazendo com eles? – Perguntou Marlon, a voz rangendo de raiva. – Eles são nossos inimigos.

– Mas Marlon.

– ELES SÃO NOSSOS INIMIGOS!

O silencio reinou no salão, a luz fraca tremeluzia, sustentei o olhar de Marlon.

– Não lembram do que ela fez conosco, o que fez com Andy? Hein Parrudo? Lau?

Lau e Parrudo baixaram as cabeças, pareciam confusos, mas Andy não.

– Ela me salvou. – Disse a menina com a voz firme, Marlon a encarou. – Ela me salvou, eu estava sozinha e se não fosse por Plim eu teria perdido.

Marlon me olhou, a declaração o pegara de surpresa, mas as feições voltavam a se tornarem frias, a raiva emergindo. Quando abriu a boca o portão abriu. Sará passou por ele e Cecilia com Emilian foram cumprimenta-lo.

– Pensaram que eu não iria conseguir é?

Sará ria com os meninos enquanto Marlon ainda me encarava, ele parecia considerar algo, avaliar alternativas, ele estava pensando me atacar, tinha certeza disso. Sará se aproximou e observou os Filhos de Saur, cumprimentou com a cabeça e caminhou despreocupado como se nada pudesse o atingir, era um lutador.