Despedidas.

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Eu respirava com dificuldade e sentia um incomodo nas costelas. Olhei pro orc enquanto ele tirava uma flecha do braço, a flecha na sua mão era como se fosse um palito. Percebi que era o mesmo orc que eu tinha visto com Treysa na frente da catedral.

– Obrigada amigo. – Eu disse.

Ele olhou pro elfo que tinha a cabeça esmagada.

– Foi um prazer.

– Chegou bem na hora.

– Não era meu problema, mas seu amigo me descobriu e me lembrou como os elfos são.

E andando calmamente entrou na floresta como se nada tivesse acontecido. Lídia chorava segurando a cabeça de Carlen. Alana em pé ao lado dela deixava algumas lagrimas escapar, ela me olhou profundamente quando me aproximei. Carlen tinha visto o orc e provocara o elfo. Bradir revirava as mochilas dos dois elfos mortos e depois se aproximou olhando o corpo de Carlen.

– Ele teve o fim que quis. – Nós o encaramos. – Ele me disse. Sabia que não tinha chance de vencer, mas falava que tinha o direito de tentar, e se morresse aqui seria mais digno do que na sarjeta de fome. E... – Bradir me olhou. – Ele protegeu de quem gostava mais.

Bradir disse isso e começou a caminhar. Eu olhei para Carlen, a barba suja de sangue os olhos fechados e não importava o ângulo de que eu olhasse, ele parecia estar em paz.

– Onde você vai? – Perguntou Alana para Bradir.

– Esse grupo já era. – Ele respondeu continuando andando. – Estamos sem comida já olhei nas bolsas, tem só algumas rações do elfo e essa maçã que eu peguei. Boa sorte amigos.

Todos ficamos sem saber o que fazer. Eu estava confusa, pensava em milhões de coisas. Fui até o mato, ouvi alguém me chamar, não respondi, procurei e achei um pedaço de madeira, comecei a cavar o chão de terra. Soltaram Rodhir e Chamusca, Fid acordou e parecia bem, mas ao ver Carlen morto ele começou a recitar algumas palavras numa língua estranha. Chamusca estava muito ferido e todos temeram por ele, tentavam encontrar algo pra ajuda-lo. Alana aproximou-se e começou a me ajudar, ela não disse nada, só cavou. Fid também ajudou, cavando com suas mãozinhas. Lídia também veio mas Rodhir apenas permaneceu sentado olhando pro nada. O sol começou a sair e penetrar entre as folhas das arvores, colocamos Carlen no buraco e tampamos. Ninguém soube como prosseguir mas eu tinha nas mãos a flecha que arrancara do peito dele e a espetei na cova.

– Ele morreu me ajudando.

Todos concordaram com a cabeça.

Lídia nos convenceu à procurar agua. Tentaram chamar Rodhir mas ele não respondeu. Então o deixamos cuidando de Chamusca e da ração que nos restara. Andamos pela floresta e eu não vi nada de comida, eu sabia que seria muito difícil encontrar o que comer, e teríamos que economizar ao máximo a ração. Mas conseguimos encontrar um pouco de agua.

– Vamos ter que ferve-la antes. – Disse Lídia.

– Chamusca disse que era especialista em acender fogo. – Comentou Alana. – mas acho que ele não terá condições.

Fizemos o caminho de volta e quando chegamos na clareira Rodhir havia sumido, e também nossa bolsa de ração. Chamusca riu.

– O canalha... Ele.... Levou tudo.

Lídia correu até Chamusca e o examinou.

– Rodhir? – Eu perguntei.

– Sim. – Respondeu Chamusca. – Eu tentei impedir mas ele me empurrou e caí aqui sem forças de levantar. Ele disse que precisava ganhar e precisava da comida.

Escama NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora